A lei do silêncio dos jogadores do Flamengo continua de forma parcial.
Alguns integrantes do grupo ainda preferem não falar com a imprensa. Foi
assim na chegada de parte da delegação a São Paulo, por volta das 23h
deste domingo. Dezesseis jogadores desembarcaram no aeroporto de
Guarulhos e no fim da tarde desta segunda-feira viajam para a Bolívia.
Ronaldinho Gaúcho posa para fotos com torcedores (Foto: Richard Souza/Globoesporte.com)
Na passagem pelo saguão, quase todos posaram para fotos com pessoas que
estavam no local, mas alguns disseram “não” para entrevistas. Abordados
pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM, o meia Renato, o volante Willians e
goleiro Felipe se desculparam, mas preferiram não se pronunciar.
- Me desculpe, mas só vou falar na volta ao Rio – disse Renato.
Ronaldinho Gaúcho, que teve a viagem à Bolívia confirmada pelo clube,
foi atencioso com os fãs. Neste domingo, Flamengo e Assis, irmão e
empresário do camisa 10, se reuniram em Porto Alegre e encaminharam um
acordo para a solução dos cinco meses dos salários atrasados do jogador
(num total de R$ 3,75 milhões - parte que cabe a Traffic). Ele
determinou que o Rubro-Negro precisa entrar em acordo com a empresa de
marketing esportivo até quarta-feira e assinar o contrato que vai
oficializar a parceria.
R10 encabeça a lista que tem ainda Felipe, César, Léo Moura, Welinton,
Alex Silva, Junior Cesar, Willians, Luiz Antonio, Renato, Itamar,
Deivid, Airton, Negueba, Muralha e David Braz. Eles não vão treinar em
São Paulo nesta segunda-feira. A atividade que estava prevista foi
cancelada. O embarque para Santa Cruz de La Sierra será às 17h (de
Brasília). Na terça pela manhã, a delegação vai para Sucre e treina à
tarde. A cidade fica a 164 km de Potosí, local do jogo de ida no dia 25,
contra o Real Potosí, pela pré-Libertadores.
Vanderlei Luxemburgo é assediado por fãs (Foto: Richard Souza/Globoesporte.com)
Jogadores como Paulo Victor, Jael, Magal, Gustavo e Bottinelli, entre
outros, voltaram ao Rio. Eles vão treinar na tarde desta segunda, no
Ninho do Urubu, já visando à estreia no Campeonato Carioca, no próximo
sábado, contra o Bonsucesso. O time será comandado pelos auxiliares
Júnior Lopes e Jaime. Depois da partida, o grupo segue para Sucre.
Crise e silêncio
Na terça-feira passada, os jogadores decidiram não dar entrevistas como
forma de protesto contra declarações do vice de finanças Michel Levy.
Na véspera, o dirigente havia dito que “um ou dois marqueteiros estavam
fazendo barulho”, em referência aos atletas que falaram publicamente
sobre atrasos no pagamento de luvas e direitos de imagem.
O zagueiro Alex Silva e o atacante Deivid decidiram falar um dia depois
para encerrar a polêmica, mas o clima continua quente e pesado nos
bastidores. Neste domingo, após o empate por 2 a 2 com o Corinthians,
num amistoso em Londrina, o técnico Vanderlei Luxemburgo foi questionado
se conseguiria detectar comprometimento dos jogadores. Ele disse que
não e apontou os problemas financeiros como justificativa.
- Ainda não vejo isso (comprometimento) em função das muitas coisas que
aconteceram, coisas atravessadas, você não consegue focar. A cabeça vai
pra lá, vem pra cá, vai pra ali. Hoje não vejo o grupo focado numa
situação. Quando resolverem as coisas que estão pendentes, a partir daí
vai se direcionar. Cabe a nós esquecermos os problemas e tocarmos o
Flamengo. Isso é o mais importante de tudo – completou o treinador.
Diretoria e departamento de futebol continuam sem falar a mesma língua.
Depois de ter concedido entrevista coletiva na última terça-feira dando
razão à cobrança de atrasados por parte dos jogadores, Vanderlei
Luxemburgo viu a presidente Patricia Amorim se posicionar no dia
seguinte. A dirigente disse que ela é quem manda no clube e afirmou que
cada um deveria responder pelo seu departamento. O treinador não gostou
do que classificou como “Cala boca, Luxa” e disse que vai se posicionar
com firmeza depois do segundo jogo da pré-Libertadores, no dia 1º
fevereiro.
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