Uma medida popular, mas de execução complexa e demorada. A aprovação do projeto de lei 4.260/18 na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta terça-feira, deixou os torcedores do Flamengo em polvorosa. É bom deixar claro, porém, que a possibilidade de retirada de cadeiras do Maracanã é algo previsto para uma realidade bem distante. A indefinição do gestor do estádio e, principalmente, questões estruturais são entraves para o "retorno da geral".
Em termos práticos, a aprovação do projeto somente diminui a burocracia caso a ideia seja levada adiante no futuro. O texto segue agora para sanção ou veto do governador. Tudo passa, porém, pela definição de um permissionário para o estádio que Flamengo e Fluminense gerem em caráter provisório. Passado este passo, caso quem assuma definitivamente o Maracanã tenha o desejo de criar setores populares, há a necessidade de um longo estudo para avaliar se o projeto é exequível.
Vamos por etapas: é necessário um estudo, a formatação de um projeto, a aprovação do projeto pelos órgãos competentes, um orçamento, a abertura de licitação para obra e, por fim, a execução da mesma. Como se não bastasse, o Maracanã precisaria ser fechado (ou ao menos setores determinados) por um longo período. Ou seja, é inviável vislumbrar setores Norte e Sul sem cadeiras antes de 2021, no mínimo.
- Tem que ter licitação, tomada de preço, projeto, etc... Não houve nenhum estudo econômico financeiro. Vamos voltar com a geral? É legal, é bacana, mas é algo que fica no ar. Não é uma pequena obra de engenharia e tudo isso foi explicado - relata o diretor geral do Maracanã na gestão do Flamengo, Severiano Braga.
O representante rubro-negro esteve em audiência pública na Alerj no último dia 5 de setembro para tratar do tema, que contou também com o coronel Rodrigo Fernandes Polito, do Corpo de Bombeiros. Responsável por medidas de segurança, ele deixou claro se tratar de obra grandiosa, com mudanças estruturais no estádio, como a ampliação do número de banheiros, bares, ampliação de corredores e instalação de barreiras anti-esmagamento.
Para retirada de cadeiras que permitiriam o aumento da capacidade do Maracanã, será preciso também alteração nos acessos ao estádio nos setores afetados, mudança na altura dos degraus para evitar acidentes (os atuais são acima do previsto por conta das cadeiras), avaliação estrutural para "avalanches", já que o espaço não foi construído para que torcedores ficassem subindo e descendo constantemente, entre outros pontos.
- O oficial dos bombeiros já explicou que o projeto do Maracanã foi feito para uma determinada demanda de pessoas. Não é simplesmente chegar e retirar as cadeiras. Nos perguntaram na Alerj se o Flamengo é a favor de um setor popular. Sim, mas é preciso avaliar e entender de que maneira - disse Severiano Braga.
O diretor geral do estádio alertou ainda para os custos da obra e o período em que o Maracanã ficaria fechado para execução da mesma. "Quem vai pagar esta conta?".
Paralelamente a toda questão da volta ou não da geral, o Flamengo vive a expectativa de continuar como permissionário do Maracanã por mais seis meses. O acordo com o Governo do Estado do Rio de Janeiro se encerra no próximo dia 15 de outubro e não há definição sobre a continuidade. A renovação por mais 180 dias não é automática e depende do não surgimento de empresas interessadas em assumir o estádio.
Até o próximo dia de 10 outubro, o governo precisa se manifestar a respeito do tema. A tendência e expectativa dos clubes é de que ninguém do setor privado se posicione no sentido de assumir a gestão. Desta maneira, a permissão de uso emergencial seria renovada para Flamengo e Fluminense por mais seis meses.
Independentemente do desfecho do imbróglio, no entanto, os jogos previstos para Flamengo e Fluminense até o final da temporada estão garantidos sob a gestão dos mesmos. O Rubro-Negro, por exemplo, já vendeu pacotes de ingressos até o término do Brasileirão.