O vice-presidente de relações externas do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, negou neste sábado que o clube se movimenta nos bastidores para forçar o fim da pausa no calendário por conta da pandemia do coronavírus. O dirigente garantiu à FlaTV que o Rubro-Negro apenas trabalha para ter o planejamento pronto para quando a volta do futebol for autorizada.
- O Flamengo tem trabalhado dia sim e outro também com a possibilidade da volta. Porque a volta requer muito planejamento. Não é só o prefeito ou o governador decretar que os clubes voltam a jogar. Precisamos de um plano prévio, até para não colocar os atletas em risco. É um problema complexo que tem que ser discutido enquanto estamos parados. Porque senão, quando acabar o confinamento, vamos demorar mais 30 dias para voltar - disse.
As declarações servem de resposta ao ex-presidente e dirigente do Botafogo Carlos Augusto Montenegro. O alvinegro criticou a postura do Fla nos bastidores, lembrou o incêndio no Ninho do Urubu e afirmou que o clube da Gávea prepara uma outra tragédia, desta vez "calculada".
Na mesma transmissão ao vivo, Bap explicou, também, o pedido de empréstimo de R$ 50 milhões feito pelo Flamengo, informação divulgada pelo blog do PVC. Segundo o VP, não se trata de má notícia no setor financeiro, mas sim precaução para não faltar "oxigênio" no caixa do clube.
- Saiu na mídia que o Flamengo tomou uma linha de crédito como se o Flamengo tivesse em algum problema financeiro. Mas a gente não sabe o que vem pela frente. Temos que proteger o caixa para seguir cumprindo com os nossos compromissos. Foi por isso que tomamos essa decisão antes de outros clubes. Não tomamos dinheiro porque estamos quebrados, e sim para ter um extra, um balão de oxigênio, para não tropeçar - garantiu.
Outras respostas do dirigente
Não, mas sim a forma como ele vai ser feito. Além de fazer falta na vida da gente o Flamengo voltando. Mas, estamos nos planejando. Os atletas estão se cuidando demais. Mantemos contato e sabemos como eles estão. O esforço de todos é digno de aplausos. Vamos voltar com cuidado porque sabemos que é diferente. Foi uma parada importante. Não é a mesma coisa que voltar à academia. Precisamos estar atentos não só ao formato dos campeonatos, mas também a esse aspecto físico. Acreditamos que com 12 ou 15 dias de treinos será seguro para eles voltarem.
Nós tomamos decisões importantes para o clube em grupo. A nossa visão é que o futebol é muito importante para ser comandada por uma cabeça só. Quando você tem o conselho do futebol, deixa o achismo de lado e erra muito menos. Foi um dos grandes acertos da gestão do presidente Landim. Não é um só quem manda. O conselho não interfere em nada do dia a dia. Treino, quem joga, quem não joga... É tudo aquilo que serve de base e é estratégico. Esse ano, vamos estender esse modelo de ação para as categorias de base.
Todos nós somos torcedores. Todos nós, às vezes, queremos dar um tiro em um atleta, queremos jogar ele do décimo andar, queremos que vá embora do Flamengo, xingamos. E a gente acorda no dia seguinte e pensa: "Ainda bem que não fizemos isso".
Preocupação com a pandemia
A gente vive um momento muito ímpar na história da humanidade, nunca se viveu nada parecido. Há quem diga que a gripe espanhola foi pior. Mas, para uma sociedade tão conectada como a nossa, o distanciamento é um desafio enorme. Muitos hábitos que estamos adquirindo vamos manter depois disso. Temos que defender vidas, mas, por outro lado, a gente sabe que se a economia parar muita gente vai morrer de fome ou de outras mazelas. Imagina que trabalha com turismo, por exemplo. Quando acabar a pandemia, será que todo mundo vai querer viajar? A diferencia entre o remédio e o veneno é a dose. Quando você tem discussões muito polarizadas, normalmente a alternativa correta está no meio.