quarta-feira, 18 de abril de 2012

MP revela que Vasco omitiu a existência do CT de Itaguaí



investigações nos clubes com a juiza Ivone  (Foto: Thiago Fernandes/Globoesporte.com)
A juíza da Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, Ivone Ferreira Caetano, concedeu na tarde desta quarta-feira uma entrevista coletiva junto a cinco promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ. O tema foi o trato dado pelos grandes clubes cariocas aos garotos que integram suas divisões de base.

Na entrevista, o MP-RJ revelou que acompanha o trabalho na base do Vasco há quase um ano. O clube foi o primeiro a ser investigado por conta de uma denúncia que chegou à promotoria. Tudo caminhava para que, após alguns ajustes em São Januário, o vasco assinasse um termo de adequação de conduta (tac) e, a partir daí, serviria inclusive de exemplo para os demais grandes. Entretanto, com a morte do jovem Wendel, de 14 anos, durante uma peneira no CT de Itaguaí, o MP se deu conta de que o vasco nem sequer havia informado sobre a existência deste local de treinamentos.

Nesta quarta, o CT de Itaguaí foi interditado. O vasco até pode utilizar o local, desde que não seja para nada relacionado às categorias de base. O ônibus utilizado para transportar os garotos está em mau estado de conservação e também foi proibido de rodar. Há, ainda, que se fazer ajustes nas instalações de São Januário. O clube corre o risco de ter de pagar multas de R$ 30 mil por dia que descumprir o solicitado. Há exigências com prazo para cinco dias.

 - No início, as crianças não tinham água sequer para beber. Depois que fomos lá, ainda na primeira vez, eles colocaram copos de água mineral, mas ficavam muito distantes e são limitados, não podem beber o quanto quiserem. Temos relatos que alguns bebiam água no chuveiro. A alimentação é racionada. O refeitório que foi interditado é insalubre e as condições dos alimentos, muito ruins. O novo alojamento, que é muito melhor que o primeiro, já apresenta graves problemas também. Faltam armários, banheiros, e têm mais adolescentes em cada quarto do que deveria - explicou a promotora Clisanger Gonçalves, que acompanhou desde o início o caso do vasco.

A escola vasco da gama, que funciona dentro do  Galinheiro de  São Januário, também está na mira da Justiça.

- O que a gente percebeu é que existe um grau de evasão muito grande. Quando a gente foi a Itaguaí, percebemos que as crianças chegavam por volta de 13h a São Januário. Como elas poderiam chegar, tomar banho, almoçar e ir par ao colégio? Não dá tempo. Muitos deles faziam sinal para a gente mostrando que não iam aguentar ir para a escola. Tem que ser visto se a escola serve aos garotos ou ao vasco - completou Clisanger.

- A preocupação do MP é dar condições mínimas para crianças sobreviverem. Olham como investimento e não como crianças. A preocupação é garantir que tenham acesso a informação. Quem mora fora do estado, que o clube banque ao menos quatro viagens para visitar os pais e que pague ligações telefônicas. A preocupação é que o clube entenda que ele deve formar cidadãos e não apenas visar ao lucro - finalizou a promotora Ana Cristina Macedo.



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