terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Bandeira nega acordo com a Ferj, diz que há ruptura e estuda dissidência


Eduardo Bandeira de Mello (Foto: Reprodução do SporTV)
Convidado do "Arena SporTV" desta terça-feira, o presidente Eduardo Bandeira de Mello fez questão de corrigir quem usou a palavra "acordo" para falar sobre o entendimento obtido entre Flamengo e a Federação de Futebol do Rio de Janeiro para a venda de ingressos do jogo desta quarta-feira, diante do Barra Mansa, no Maracanã. Ainda no domingo, ficou estabelecido que, para este jogo, os valores promocionais propostos pela federação terão carga limitada e não haverá venda de meia-entrada universal. Além disso, sócios têm prioridade na compra.

- Para nós não tem nada decidido, não existe acordo nenhum. O Flamengo vai buscar seus direitos, pois entende que a precificação do ingressos quando for mandate é do Flamengo, era assim no ano ano passado, é assim no Brasileirão, e não tem porque ser diferente, estamos postulando que esse direito volte a acontecer - disse o dirigente, mostrando que o clube brigará para mudar o regulamento do campeonato vigente.

Conforme prevê o artigo 14º do regulamento do Carioca, o mandante fica com toda a renda do jogo, exceto quando um time grande visita um pequeno. Nessas partidas, a divisão é feita da seguinte forma: 60% dos lucros para o vencedor e 40% para o perdedor, com os valores se invertendo em caso de prejuízo. Em caso de empate, cada equipe fica com 50%. Dos oito primeiros jogos, apenas dois foram superavitários, entre eles Macaé 1x1 Flamengo. O Rubro-Negro ficou com R$ 38.514,36 da renda e só não levou os mesmos R$ 52.394,58 do adversário - uma vez que houve empate - porque pagou R$ 6.480,00 pelos custos do exame antidoping e teve R$ 7.940,19 penhorados.

- No caso deste jogo, foi recorde de público em Macaé, mas ainda assim o Flamengo só conseguiu levar para casa R$ 38 mil, o que mostra que essa precificação não é adequada. As projeções, se fossem prevalecer os valores do Conselho Arbitral, mostram um prejuízo para jogar o Campeonato Carioca, pagaríamos cerca de R$ 3 milhões para jogá-lo. Considerando a situação que o Flamengo vem enfrentando, o processo de recuperação que vem sendo elogiado por todos, não podemos admitir pagar para jogar. Por isso estamos ainda lutando pelo direito de precificar nossos jogos - afirmou.

Questionado pelo comentarista Maurício Noriega se o caminho seria uma ruptura com a Ferj, o presidente do clube rubro-negro afirmou que isso já existe. E que cogita uma dissidência.

- Acredito que essa ruptura já exista. Desde o ano passado quando a diretoria da federação foi reeleita, na época Flamengo, Fluminense e Vasco, que estava do nosso lado, divulgaram um manifesto com as razões do porquê que não iríamos votar na diretoria da federação. Elencamos razões, como transparência, questões econômicas, taxas elevadas que são cobradas dos clubes, questão de direitos de televisão e placas publicitárias, e até hoje nenhuma providência foi tomada. O Flamengo estava preparado para disputar o Carioca, vinha valorizando o produto ao máximo, se preparando, se reforçando, quando há uma semana do início fomos surpreendidos com essa decisão do Conselho Arbitral que consideramos injusta. Vai jogar Flamengo x Fluminense e não podemos decidir qual é o preço porque um conjunto de clubes que não tem relação com o jogo definiram que os ingressos têm que ser promocionais, e a meia entrada universal. É a mesma coisa que dizer que ninguém paga, o que é contra a lei. Flamengo e Fluminense fizeram uma nota firme de oposição, nada ofensiva nem mal educado, sem atingir instituições e pessoas, co que gerou a confusão na sexta-feira. Esse processo de ruptura existe, estamos disputando o campeonato de 2015 sob protesto, e estamos estudando alternativas para sobreviver daqui para a frente - destacou o mandatário.

Apresentador do programa, Marcelo Barreto lembrou que há anos clubes falam sobre a criação de ligas nos âmbitos estaduais e até nacionais, mas que ninguém toma o passo à frente. Perguntado se o fato de Vasco e Botafogo estarem ao lado do Ferj podem atrapalhar as ideias do Fla, Bandeiro admitiu que esse não é o cenário ideal.

- Evidentemente que seria ideal ter os quatro grandes clubes, mas não só eles. Recuperar a pujança e o dinamismo do futebol carioca é do interesse dos clubes de menor investimento também. No passado tínhamos seis grandes clubes, com América e Bangu, e os outros pequenos tinham uma situação técnica e financeira muito melhor. Gostaríamos de erguer o futebol carioca.Se para isso for necessária a criação de uma liga municipal ou regional, precisamos nos aprofundar nisso agora. Não gostaria de adiantar nada, o Flamengo não é chegado a bravatas, vamos planejar, estudar com calma e ver o que fazer, do jeito que está é difícil continuar - declarou.


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