segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Vanderlei Luxemburgo volta à curva ascendente dos pontos corridos

Luxemburgo no treino do Flamengo (Foto: Nina Lima / Vipcomm)
Vanderlei Luxemburgo teve um 2010 apinhado de problemas. Exceção feita ao título do Campeonato Mineiro, a temporada foi de dificuldades. No Atlético-MG, eliminação precoce na Copa do Brasil e desempenho pífio no Brasileirão. Demitido, foi contratado pelo Flamengo, mas seguiu na briga contra o rebaixamento. Foi como se o técnico e a competição não se entedessem mais. Logo ele que é o maior vencedor, com cinco conquistas por quatro clubes diferentes: Palmeiras (1993 e 1994), Corinthians (1998), Cruzeiro (2003) e Santos (2004).


Os números que costumavam ser aliados de Vanderlei tornaram-se implacáveis. Avassalador no início da era dos pontos corridos, ele viveu um choque de realidade. O desempenho do treinador entre 2003 e ano passado havia despencado mais da metade.

Uma nova temporada chegou, Luxa reformulou o elenco rubro-negro, ganhou reforços de peso como Ronaldinho, Thiago Neves e Felipe, promoveu garotos da base e deu forma ao time. A três rodadas do fim do primeiro turno do nacional, os dados da equipe campeã carioca mostram que ele voltou à curva ascendente dos pontos corridos. O aproveitamento na edição atual é de 70,8%, algo que o técnico não alcançava desde 2003, quando chegou ao título com o Cruzeiro com 72,4%.

- É um percentual de conquista e de classificação para a Libertadores - costuma dizer, com propriedade: em 2010, por exemplo, o Fluminense foi campeão com 62% dos pontos conquistados.

O Flamengo é vice-líder com a mesma pontuação do Corinthians (34), mas perde no número de vitórias (10 a 9). O Rubro-Negro é o único time invicto da competição. Para se ter uma ideia, o aproveitamento de Luxemburgo pelo Fla no Brasileiro de 2010 foi de 42,4%. Em onze partidas, três vitórias, cinco empates e três derrotas. Antes, no Atlético-MG, números assustadores em 24 confrontos: seis vitórias, três empates e impressionantes 15 derrotas, um índice de 29,16%.

O percentual de aproveitamento alcançado por Luxemburgo após 35 jogos no Brasileirão 2010 (24 pelo Galo e 11 pelo Fla) foi o pior das 19 edições que ele disputou. Somadas as duas campanhas, o índice foi de 33,3%, inferior ao alcançado em 1983, ano da estreia dele na Série A, à frente do modesto Campo Grande, do Rio de Janeiro. O treinador teve um aproveitamento de 37,5%. É bom que se diga que, em 1986, Vanderlei comandou o Fluminense em apenas uma partida – que terminou com derrota –, o que invalida a comparação.

Em 2003 e 2004, título incontestável
Time Aproveitamento
Cruzeiro (2003) 72,4%
Santos (2004) 67,4%
Santos (2006) 56,1%
Santos (2007)  54,3%
Palmeiras (2008)  57%
Palmeiras e Santos (2009) 47,4%
Atlético-MG e Flamengo (2010)  33,3%
Flamengo (2011)  70,8% (até a 16ª rodada)

 Em 2003, na primeira edição do Brasileiro no sistema todos contra todos em dois turnos, Vanderlei alcançou a marca dos 100 pontos com um Cruzeiro sobrenatural (também vencedor da Copa do Brasil e do Mineiro daquele ano). Título conquistado com duas rodadas de antecedência e vantagem de 13 pontos sobre o Santos, vice-campeão. Um impressionante aproveitamento de 72,4% tirou a graça da disputa para os outros 23 concorrentes.

No ano seguinte, desta vez pelo Santos, repetiu a façanha, mas já sem a mesma facilidade. O título viria apenas na última rodada, com 89 pontos. Só três a mais que o Atlético-PR. O aproveitamento continuava admirável: 67,4%.

Em 2005, Luxa transferiu-se para o Real Madrid. Passou uma temporada no clube espanhol até ser demitido em dezembro daquele ano. Pouco tempo depois, estava de volta ao Santos. No retorno, encontrou um Campeonato Brasileiro diferente, com quatro equipes a menos (o número de participantes caíra de 24 para 20) e ainda mais concorrido. Com o quarto lugar de 2006, levou o Peixe à Libertadores da América. Na campanha, fez 64 pontos, alcançou 56,1% de aproveitamento.

Na temporada seguinte, Luxa e Santos perseguiram o São Paulo na disputa do título. A desvantagem para o Tricolor Paulista, no entanto, superou a marca de dez pontos: 77 a 62. O aproveitamento da equipe do treinador foi de 54,3%. O percentual foi inferior ao de 2008. De volta ao Palmeiras, ele foi quarto colocado. Fez 65 pontos, 57% do total disputado.

Em 2009, Luxemburgo dividiu-se entre Palmeiras e Santos. Eliminado nas quartas de final da Libertadores com o Alviverde, foi demitido do clube no mês de junho, após comentar a transferência do atacante Keirrison para o Barcelona, da Espanha. Os dirigentes alegaram quebra de hierarquia. No nacional, comandou a equipe em sete partidas: três vitórias, três empates e uma derrota. Quase um mês depois de sair do Palestra Itália, retornou ao Peixe. O resultado no Brasileiro foi fraco, o pior que teve no comando da equipe da Vila Belmiro: apenas o 12º lugar, com 49 pontos. Somadas as campanhas, um aproveitamento de 47,4%.

O técnico não continuou no Santos por conta da derrota do então presidente Marcelo Teixeira na tentativa de reeleição. Em dezembro de 2009, acertou a transferência para o Atlético-MG, investiu num projeto ambicioso e promissor de duas temporadas. O ano de 2010 até começou bem, com o título estadual. No entanto, a eliminação na Copa do Brasil, uma série de lesões e um desempenho abaixo da crítica no Brasileiro sentenciaram: demissão. Em 23 de setembro, após ver o Galo ser goleado por 5 a 1 pelo Fluminense, acabou dispensado pelo presidente Alexandre Kalil. Foram nove meses de um sonho que não vingou. Deixara o time na 18ª posição, com 21 pontos, com aproveitamento de 29,16%: seis vitórias, três empates e 15 derrotas.

Ao sair de Belo Horizonte, Luxa chegou a dizer que seria necessário passar por uma reciclagem. Não houve tempo para tanto. No início de outubro, acertou o retorno ao Flamengo (trabalhou na Gávea em 1991 e 1995) e assinou um contrato de dois anos com o clube do coração. Encontrou o Rubro-Negro em borbulhante crise política por conta da saída de Zico, então diretor executivo de futebol, e nas cercanias da zona de rebaixamento. Desde então, não conseguiu afastar a equipe dali. Só assegurou a permanência na elite na penúltima rodada. Derrotado pelo Cruzeiro por 2 a 1, em Volta Redonda, acabou beneficiado por uma combinação de resultados. O Rubro-Negro ficou em 14º lugar, com 44 pontos. O Vitória, primeiro do Z-4, caiu com 42. Em onze partidas naquela ocasião, Luxa obteve três vitórias, cinco empates e três derrotas, com aproveitamento de 42,4%.


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