sexta-feira, 4 de maio de 2012

Divina comédia de Joel: em meio à crise de resultados, a tática da ironia


joel santana flamengo   (Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem)
Às vésperas da semifinal  da Taça Rio, um Joel Santana amargurado concedeu entrevista coletiva com certas colocadas e deixou claro seu incômodo com as notícias de que ele poderia ser demitido caso o time perdesse a partida. O mengão perdeu, o treinador foi mantido, mas a turbulência não abandonou o clube. Caso o técnico não concedesse entrevista sentado em uma sala do Ninho do Urubu, poderia ser chamado de stand up comedy (comédia em pé) do Joel. Em meio às perguntas com pimentinha e chicotinhos, como ele próprio define alguns questionamentos de jornalistas, Joel usa como cartada uma série de tiradas. E revela que já foi cobrado por isso.

- Tem gente que gosta, outras não, já estou sendo cobrado por isso. Acham que eu tenho que chegar aqui e ser duro com vocês (jornalistas). Mas não é por aí. Tenho que mostrar, principalmente nessa turbulência que está acontecendo, que sou um cara feliz e tenho confiança no que estou fazendo. Tudo que falo é com firmeza, não posso passar insegurança – justificou Joel.

Com o clima pesado, Joel apela para tiradas na tentativa de quebrar o gelo. Faz brincadeiras com jornalistas e, algumas vezes, escapa pela tangente da pergunta. Nos bastidores também vai por caminho parecido e anda pelo Ninho destilando suas pérolas. As frases de efeito vão da cozinheira até o supervisor de futebol. Entre os jogadores, também, mas sem ter sempre a mesma aceitação de três meses atrás, quando ele chegou ao clube.

 Joel, que costuma conceder coletiva toda sexta-feira, mudou e falou com a imprensa nesta quinta, depois de dias de reclusão em uma sala do CT. Questionado sobre o “sumiço”, o treinador brincou:

- Isso é fofoca. Muita gente da imprensa sentiu falta, estou aqui batendo foto à beça. Fico feliz de vocês sentirem saudades também.

Em certo momento, Joel comentou sobre o poder econômico do Barcelona:

- O Barcelona está com uma quantia de dinheiro para reforçar o plantel. Alguém sabe quanto? Só R$ 250 milhões, só isso, mais nada.

Questionado o que faria se tivesse o mesmo montante, mandou de primeira em meio a um largo sorriso:

- Eu ia para a ilha.

Sobre a fase do time, Joel emendou:

- Estou chateado como todos estão, mas não podemos criar de um espirro um resfriado.

Ao perceber a risada de uma repórter, disse:

- Ela já anotou, né!? Gostou, né, lourinha?! Pimba, caneta nele.

Deslizando entre ironias e respostas sérias, nova brincadeira:

- Vocês têm umas notícias que eu não sei de onde surgem, rapaz. Umas coisas que não sei. Você é estranho (disse para um jornalista), acho que é da KGB. Estou de olho em você. Vim da Bahia e quando cheguei meia-noite ele estava lá. Quem é esse informante? Vou pegar ele.

Com décadas de futebol, Joel segue quebrando o gelo e volta a falar de seu “sumiço”.

- Todo mundo sente falta do papai, quem não sente? É tão boa a entrevista dele, deixa a gente descontraído, a gente conversa – brincou.

Em meio à crise de resultados, Joel faz graça e, assim, até consegue evitar alguns chicotinhos. Resta, agora, técnico e time darem motivos para o torcedor sorrir.





 

Nenhum comentário:

Postar um comentário