segunda-feira, 30 de abril de 2012

Flamengo continua devendo... Ao seu torcedor.



O balanço do Flamengo referente a 2011 mostra que o clube continua devendo… Ao seu torcedor. Sim, também tem as dívidas, ainda maiores agora, mas a dívida maior do clube é com a grande massa que o tem no coração.


Na tabela acima, mostrando os maiores faturamentos (até o momento, mas não creio que vá haver alguma mudança) por ordem de receita total dos clubes, a posição que o Clube de Regatas do Flamengo ocupa não é condizente com a posição que ocupa no cenário do futebol e do marketing. E isso é devido, nítida e claramente, aos problemas de gestão e de política interna do clube.

A receita com direitos de transmissão, o Broadcasting, foi impactada pelas luvas e, provavelmente, pelo adiantamento recebido das emissoras. Tal como apontei no texto sobre o balanço do Corinthians, os números reais estarão abaixo desses a partir desse ano. O faturamento do marketing foi razoável, mas abaixo do que se esperava com a chegada de Ronaldinho. Na verdade, o Flamengo enfrentou problemas nessa área, ainda não solucionados, a ponto do clube estar sem patrocínio máster. O reflexo do ano ruim pode ser visto na receita de bilheteria, bem abaixo de 2010 e, principalmente, 2008 (21,1 milhões de reais) e 2009 (20,0 milhões).

Essa outra tabela mostra a evolução das receitas totais desses seis clubes (os seis com balanços disponíveis até a manhã dessa segunda-feira, dia 30 de abril) nos últimos 5 anos. Um período razoável, suficiente para uma boa ideia do comportamento desse mercado e desses players. Reparem que os dois clubes com menor crescimento percentual no período são os dois que mantiveram-se estáveis, tanto nos gramados como nos balanços. No período, a receita rubronegra evoluiu bem, a ponto de nos três primeiros anos desse ciclo ter permitido uma redução pequena, mas significativa, no estoque da dívida.


Na tabela acima podemos ver a receita com transferências de atletas de cada um dos clubes entre 2007 e 2011, ano a ano. Na sequência vemos a receita total obtida com essas transferências e a receita total do clube. Na última coluna temos a proporção entre a receita com transferência comparada à receita total do clube. Nesse caso, nesse trabalho, a baixa participação desse quesito sobre a receita total é um ponto positivo, no sentido de mostrar que a evolução do faturamento deu-se numa base mais sólida e menos sujeita aos humores da formação de atletas. Todavia, mesmo analisando por essa perspectiva, a receita total do clube continua baixa, em total descompasso com a posição e o papel (teóricos) do clube no mercado.

Fica claro, igualmente, pela visão desses números, que o clube precisa investir fortemente na formação de jogadores e também na contrate precisa investir fortemente na formação de jogadores e também na contrate precisa investir fortemente na formação de  jogadores e também na contratação de atletas com potencial para evoluir e deixar receita no clube.

Dirão muitos que isso é um atraso, que um clube tem que contratar bem para ganhar campeonatos. É uma visão, mas de difícil implementação, além de sujeita a chuvas & trovoadas, como demonstra, não por coincidência, a própria relação Flamengo/Ronaldinho.

Passivo explosivo
O passivo do clube explodiu, simplesmente. O passivo circulante aumentou 52%, o não circulante aumentou 109% e no total o passivo deu um pulo extraordinário e assustador de 172%.

Numa visão preliminar, as dívidas junto a instituições financeiras, tributárias e fornecedores, aumentaram de 293,2 milhões em 2010 para 335,3 em 2011, um avanço de 14,4%, o que seria uma evolução pequena e pouco preocupante quando comparada à receita. Entretanto, a visão geral do passivo muda a entonação. Esses números foram impactados por reavaliação patrimonial e alguns outros ajustes, e exigem uma análise mais cuidadosa e aprofundada. Conversei com duas pessoas com ampla vivência na Gávea e o que ouvi foi pouco animador e nada esclarecedor, pois também elas estão entre perplexas e preocupadas com a realidade mostrada – ou não mostrada – pelo balanço. Por isso, peço que considerem esses valores de dívida como provisórios, pois prefiro aguardar outras análises, feitas por profissionais da área contábil, mais aprofundadas e melhor embasadas.

Por sinal, nessa temporada os especialistas terão que trabalhar um bocado para entender e explicar muitos números, mas não só do Flamengo, que, definitivamente, não está sozinho nessa situação.



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