A despeito de vestir roupa social
e ainda sofrer com dores causadas pelo rompimento do ligamento cruzado do joelho
direito, Daniel Neves conseguiu marcar um gol a favor da Portuguesa. Advogado, o torcedor da Lusa obteve na
sexta-feira uma liminar na 42ª vara cível de São Paulo que obriga a CBF
a manter o clube na Série A do Campeonato Brasileiro, revertendo decisão do
STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) que tirou quatro pontos da
Portuguesa por conta da escalação irregular do meia Héverton na última rodada
da competição nacional.
– Antes de ver a decisão do juiz, eu senti a perna um pouco bamba,
como se eu fosse bater um pênalti. Quando eu abri o resultado, pela internet, e
vi que o juiz tinha concedido a liminar, eu gritei como se fosse um gol. Eu
tenho um filhinho de 4 anos, o Joaquim, que vai comigo no Canindé, e me viu
gritando e perguntou o que estava acontecendo. Eu falei que era por causa da
Portuguesa e ele perguntou quando estava o jogo. Eu disse que nós estávamos
ganhando, que estava 1 a 0 para a Portuguesa – conta Daniel Neves.
O advogado, que participou da edição deste sábado do Globo Esporte, sabe que a partida
está apenas começando. A Confederação Brasileira de Futebol tem dez dias para
recorrer da decisão do juiz Marcello do Amaral Perino, o mesmo que havia
obrigado a CBF a devolver ao Flamengo os quatro pontos
perdidos em julgamento no STJD. Neves está preparado.
– Eu vou torcer e trabalhar muito
para que a liminar seja mantida. Ganhamos a primeira partida do campeonato e
todos os outros empataram. É como se agora nós fossemos os líderes absolutos do
campeonato, mas ainda faltam muitas rodadas. Ainda que provisória, a decisão de
manter a Portuguesa na Série A é muito importante. Ficar na Série A é um título
para a Lusa.
Indagado sobre o fato de o STJD
ter considerado as liminares obtidas na Justiça comum um "desserviço ao futebol",
o advogado diz que apenas está se cumprindo a lei.
– Não adianta agora o STJD
dizer que é um desserviço o que a Justiça comum está fazendo. É o direito, que
é abstrato e subjetivo, sendo cumprido e levando a uma discussão que resolve a
classificação final de um campeonato. Um soldado não pode mandar em um general.
A Justiça comum está muito acima das decisões do STJD.
Depois da liminar que obriga a
CBF a devolver a Lusa à Série A, muito se falou de que a Portuguesa pode ser
punida pela Fifa. A entidade que rege o futebol mundial não vê com bons olhos a
iniciativa de uma decisão desportiva ser levada por um clube filiado à Justiça
comum. Quanto a isso, Daniel Neves está tranquilo, pois ele assegura não ter
qualquer vínculo profissional com a Lusa.
– Eu não tenho ligação alguma
profissional com o clube. Sou apenas um torcedor. Eu dei sorte de ter o conhecimento
jurídico, ser advogado, entrar com uma ação e conseguir a liminar. Não existe
um vínculo que a Fifa possa entender como uma ação da Portuguesa. Não teria
porque acontecer uma punição.
Advogado há 16 anos e professor
universitário, o mais novo torcedor ilustre da Portuguesa não vê a hora de a
bola continuar rolando.
– Eu nunca tinha me envolvido com
tanta paixão em um processo judicial. Já ganhei muitos processos e já perdi
outros tantos. Vai ser um longo jogo e espero que eu e, consequentemente, a
Portuguesa, possamos vencer no fim.
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