O Flamengo não encontrava sua torcida desde a conquista do título do
NBB, em junho. Nesta sexta-feira, na Gávea, na abertura do Estadual,
contra Campos, quatro meses depois, o reencontro teve uma bela surpresa
para o flamenguistas: as presenças do americano Jerome Meyinsse e do
argentino Nicolas Laprovittola, que roubaram a cena. Os estreantes foram
bem e ajudaram a equipe a sair com a vitória por 79 a 69.
Com a camisa 55, Meyinsse anotou 16 pontos, demonstrou bastante vigor
físico e se destacou pelas enterradas, que levantaram as arquibancadas.
Laprovittola fez apenas quatro, mas foi o responsável pelas principais
jogadas de ataque. Em uma delas, no terceiro quarto, olhou para um lado e
tocou para Meyinsse no outro, lembrando Ronaldinho Gaúcho, do
Atlético-MG. O americano voou para cravar.
- Acho que ainda tenho muito a melhorar, mas foi uma boa maneira de
começar. Joguei duro, com muita vontade. O Laprovittola me apoiou muito.
Acho que, com um pouco mais de tempo, teremos muita química - afirmou
Meyinsse.
Além dos gringos, o Flamengo contou ainda com 21 pontos de Olivinha,
cestinha da partida. As atuações dos estreantes da noite ajudaram a
apagar algumas falhas rubro-negras, principalmente no setor defensivo.
Além disso, o Fla também se valeu do fato de que o time de Campos não
aproveitou bem as muitas chances nos contra-ataques. Os rivais, que
venceram o Estadual de 2003 sobre o próprio time da Gávea, estavam há
oito anos sem disputar uma competição oficial, já que o esporte estava
inativo no profissional do clube. Vínicius, com 20 pontos, e Lima, com
18, foram os que mais deram trabalho à equipe carioca.
Torcida do Flamengo prestigiou o jogo de abertura do Estadual (Foto: Ascom ACF / CAMPOS)
Outros destaques do Flamengo foram as voltas de Marquinhos e
Marcelinho. O ala, recuperado de um edema ósseo na tíbia que o tirou da
Copa América, na Venezuela, no fim de agosto, anotou 14 pontos. O camisa
4, que ficou fora de toda a campanha do último NBB, por conta de uma
lesão na primeira rodada do torneio, contra o Vila Velha, contribuiu com
cinco.
A próxima partida do time da Gávea será contra o Macaé, neste sábado,
às 17h (de Brasília), também na Gávea. O Estadual de 2013 possui apenas
três equipes e será disputado em três turnos com jogos no Rio, em Campos
e Macaé. O primeiro colocado na soma de pontos estará na final. Os
outros dois disputam semifinais para decidir o adversário na decisão.
O jogo
O Flamengo entrou em quadra com Gegê, Olivinha, Benite, Nicolas
Laprovittola e Jerome Meyinsse. O primeiro quarto teve muitos gritos das
arquibancadas, que refletiram na postura do time, partindo para cima,
principalmente a partir das boas armações de jogada de Gegê e
Laprovittola.
A equipe de José Neto logo abriu o confronto com Benite. Com seis
minutos para o fim e 11 a 5 no placar, Marcelinho e Marquinhos foram
para o aquecimento. Os dois entraram nos lugares de Gegê e Benite.
Marquinhos tomou uma chamada do camisa 4 ao deixar um dos rivais entrar
no garrafão e marcar, empatando o duelo em 11 a 11. O time da Gávea
voltou à dianteira, mas o rival tornou a encostar no finzinho com três
pontos de Russo. Mesmo em casa, a partida não era nada fácil. A parcial
ficou em 19 a 16.
Na primeira jogada de ataque do Fla no segundo quarto, um passe
perfeito de Marcelinho possibilitou a enterrada do americano Meyinsse,
que agradeceu ao camisa 4 e levantou a torcida: 21 a 16. Com 8m24s
faltando para o intervalo, o camisa 55 rubro-negro derrubou Casé. Os
dois bateram boca, mas os ânimos foram apaziguados pelos companheiros. O
camisa 10 de Campos errou os dois lances livres, mas deu o troco na
jogada seguinte enganando o estreante em uma chegada ao garrafão e
marcando dois pontos.
Uma jogada incrível esquentou de novo o duelo. O Fla errou feio na
saída de bola e Laprovittola ficou sozinho com dois adversários no
garrafão. Vinicius saltou para marcar, mas a bola rodou no aro e saiu.
Ele tentou de novo, mas errou. A defesa conseguiu se recuperar, e o
Rubro-Negro saiu sem levar o ponto: 23 a 20. Os atletas de Campos
bateram boca com o juiz porque queriam lances livres, mas nada foi
marcado. Com quatro minutos para o fim, houve um lance que parecia
replay da jogada anterior. Mas quem errou pelo Fla foi Marcelinho na
saída e, pelo time do interior, o camisa 11, Arnaldinho, na bandeja.
Meyinsse agradava aos flamenguistas pela raça. Foi ele que, em jogada
individual, peitou o rival e abriu 27 a 23. E, em seguida, recebeu de
Laprovittola e fez 35 a 26.
Se o Fla ainda era irregular, o time de Campos falhava bastante. Com a
orientação de José Neto, o Rubro-Negro começou a engrenar. Laprovittola
cadenciou, Benite entrou no garrafão e buscou Olivinha, que marcou
bonito, abrindo o terceiro quarto. O argentino fez uma jogada que
lembrou Ronaldinho Gaúcho, olhando para um lado e tocando para Meyinsse,
no outro, saltar e enterrar: 39 a 26.
Jogadores do Flamengo durante pedido de tempo
do técnico José Neto (Foto: Gabriel Fricke)
O americano, enfim, saiu para o banco de reservas. Ele ganhou
cumprimentos dos companheiros de equipe pela boa atuação. Marcelinho
voltou à quadra, assim como Marquinhos. O argentino Laprovittola também
saiu e ficou entre os suplentes, mas retornou com 1m42s para o fim do
terceiro quarto. O Flamengo já dominava o jogo e fechou a parcial em 55 a
46.
No último quarto, a torcida começou a repetir nas arquibancadas do
ginásio algumas das canções entoadas nos jogos de futebol. Tranquila com
a vantagem, passou a apoiar ainda mais os jogadores. Em uma boa jogada
de Marcelinho pelo fundo da quadra, Meyinsse recebeu e lutou muito para
ganhar lances livres. O Flamengo abria 63 a 52. O time aumentou em bela
bandeja de Olivinha, que teve seu nome bastante gritado pelos
flamenguistas.
Os atletas de Campos voltaram a se irritar em uma dividida que deixou
Marquinhos no chão, em um contra-ataque. Para o juiz, houve
irregularidade a favor do Flamengo, o que desencadeou o bate-boca.
Compenetrado, o camisa 11 não desperdiçou: 69 a 57. Os rivais tentavam,
principalmente com Arnaldinho e Casé, encontravam dificuldades. Olivinha
se destacou em um contra-ataque em que, sozinho, marcou de bandeja e
ainda ganhou o lance de bonificação. Ele foi para o banco ovacionado.
O Fla deixou o time de Campos encostar no final, com dois erros
seguidos. Um deles, na marcação, após uma tentativa de toco de Meyinsse
que sobrou na mão de um dos rivais. O outro, na saída de bola, com
Douglas. Neto parou o jogo para orientações. No fim, dez pontos de
diferença em meio a altos e baixos: 79 a 69.