Goleada de 5 a 1, liderança (temporária) do Carioca e uma semana sem
jogos. Após a vitória sobre a Cabofriense, na noite desta quarta-feira, o
cenário indica tranquilidade ao Flamengo. Não a Vanderlei Luxemburgo.
Ao avaliar a partida, disputada no Maracanã, o treinador disse que não
gostou do primeiro tempo. Definiu o time como "moroso".
Só após o intervalo, no entender de Luxa, o Rubro-Negro conseguiu implementar a sua proposta de jogo. Então, o tornou fácil.
-
O resultado foi bom, mas não gostei do time no primeiro tempo. Acho que
nós jogamos no ritmo da Cabofriense. Não é isso que queremos. Queremos
jogar no nosso ritmo. Eles faziam faltas, que não eram violantes, e nós,
com a bola, éramos morosos. Para termos um time de velocidade, temos
que achar os caras da frente para pegarem os adversários mal
posicionados. No intervalo, disse que assim eles iam achar um gol.
Acharam e aí, sim, colocamos a velocidade que queríamos. Em desvantagem,
eles saíram um pouco mais e abriram para contragolpe. Gostei do segundo
tempo porque a proposta foi do Flamengo, como tem que ser, de propor o
que interessa - contextualizou o comandante.
Com dez pontos, o
Fla está à frente do Botafogo pelo saldo de gols: 9 a 8. Pode perder a
primeira posição, nesta quinta, para Fluminense, Vasco ou Volta Redonda.
A próxima partida é na quinta-feira diante do Boavista no Maracanã.
A íntegra da entrevista:
Eduardo e Gabriel
O
Gabriel deu velocidade quando tinha que dar, mas senti que ainda estava
fora de ritmo. Foi bom ter voltado. O Eduardo eu deixei um pouco mais
de tempo para entrar com o adversário mais afogado. Ele é
impressionante. Com cinco minutos, está em situação de fazer gol, bota a
bola para dentro. É um jogador muito inteligente. Conseguiu fazer e
criou oportunidades. O que quero é isso, todo mundo em forma. Temos jogo
quinta que vem, depois domingo. Provavelmente, jogue com situações
diferentes para dar uma equilibrada no ritmo de jogo e nos preparamos
para o primeiro jogo da Copa do Brasil, que já é decisivo.
Disputa por posições
Isso
é característica do Brasil. Tem que ter disputa de posição, mas há isso
de que o elenco não é importante. O Cruzeiro mostrou que o elenco
ganha, não tinha jogador diferenciado, mas com elenco equilibrado,
jogadores parecidos que fazem a diferença no ano logo. Temos que ter
disputa de posição, mas quero o elenco em busca de um objetivo. Futebol é
"nós". Quero ter alternativas e estamos criando de acordo com a
necessidade do jogo.
Lesão de Pico
Não
atrapalhou. Já temos alternativas. Quando tirei o Thallyson do banco, é
porque tenho o Pará para o lado esquerdo. O Luiz Antonio entrou muito
bem. Foi ruim porque a lesão do Anderson pode ser algo mais importante,
até me preocupa, mas tenho que criar alternativas antes do jogo, na
formatação do elenco. Quando contratei o Pará, é porque joga de
lateral-esquerdo e direito.
Falha e gol de Samir
É
o futebol. Prefiro que ele não faça o gol de cabeça e não tomemos um
gol na função do zagueiro, que é quando ele não pode se equivocar. É o
mais complicado. A saída errada ali proporcionou, mas não é algo de
hoje. É preciso ter uma concentração maior para que isso não acontece. É
um jogador de potencial fantástico, de apenas 19 anos.
Força do ataque
Estamos
distantes do ideal. O ideal não é um resultado de cinco, mas uma série
de situação que, se fosse com uma equipe de maior qualidade, poderíamos
sair no prejuízo. Precisamos criar umas coisas. Principalmente, quando
estamos sendo atacados para buscar algo na frente. Temos jogadores que,
se pegarem o adversários desarrumado, chegam na cara do gol. Temos que
achá-los.
Folga no Carnaval
Já vi os
caras marcarem jogo domingo de Carnaval, quarta de cinzas... Carnaval é
algo da cultura do Brasil, não tem como proibir. Quantas confusões já
tivemos com jogadores por causa do Carnaval? Esse ano, deu uma aliviada.
Falei para eles: "Você vão para o Carnaval, têm que se divertir". Vamos
trabalhar sábado de manhã e de tarde e na terça só cinco horas da
tarde. Por que? Porque o cara que for para avenida pode tomar um café
reforçado, descansar e chegar para trabalhar. Não tem como proibir. Eu
vou! Como que vou proibir?
Equipe moderna
É
cultura nossa de elogiar muito de fora, não só do futebol, e esquecer o
que o Brasil faz. Eu lembro de um Flamengo com Andrade, Adílio e Zico.
Quem era o volante? Aí, enaltecemos quem é de fora. Vimos uma Alemanha
sem volante de marcação. Lá atrás, falei que quem tem que começar a
jogar futebol é um volante de qualidade. Não é algo de agora. De
repente, fomos mudando e tirando os caras que jogavam bola por causa da
marcação. A melhor marcação é a posse de bola, tivemos 60% contra a
Cabofriense.
Passe de Marcelo para Alecsandro
Isso
é conjugar o verbo na primeira pessoa do plural. Vamos ganhar quando
todos nós nos sentirmos importantes. Achei legal o Marcelo dar o passe
para o Alecsandro, mas ele também tem que ter ambição de fazer o gol. O
artilheiro tem que pensar primeiro em fazer o gol. O Alec teve duas,
três chances e não fez. O Marcelo deu o passe? Foi fantástico, mas se
não desse o passe também ia ser bom. Não quero que o Marcelo se acostume
a ser garçom. Tem que ter a ambição de direcionar para o gol, querer
fazer o gol. É um trabalho difícil, não é fácil mudar um menino que tem
jogado há tempo assim, mas tenho gostado do que ele tem buscado. Muda
para um lado, para o outro... A movimentação ainda é como a da época do
Atlético-PR, mas quero que busca mais uma situação próxima do gol.