Do lado de fora do Ninho do Urubu, questionamentos e dúvidas após manifestações de autoridades. Do lado de dentro, unidade e consenso a respeito da voltar dos treinamentos. Esta é a realidade do Flamengo na primeira semana de trabalhos após o isolamento por conta da Covid-19.
Em reunião nesta quinta-feira, no centro de treinamento, o chefe do departamento médico, Márcio Tannure, voltou a esmiuçar os protocolos de segurança e próximos passos do clubes no combate ao coronavírus. Como contrapartida, recebeu verbalmente o apoio de Jorge Jesus e de lideranças do elenco.
Os jogadores, inclusive, estão produzindo um texto para postagem em redes sociais nesta sexta-feira, declarando apoio ao clube na volta. Não há uma obrigatoriedade, os mais experientes disseram que “posta quem quiser”, mas a tendência é de adesão em massa caso o martelo seja realmente batido.
Jogadores e funcionários estão satisfeitos e surpresos com o trabalho realizado nestes primeiros quatro dias. Além de todo o protocolo de isolamento, o Flamengo disponibilizou testes ao longo da semana para funcionários e familiares visando o controle do dia a dia dos atletas mesmo fora do CT.
"Hospital particular" nos planos
O clube prepara ainda um novo passo para tornar o ambiente do Ninho ainda mais seguro com a construção de uma espécie de hospital de emergência. O Flamengo negocia a compra de equipamentos para exames de radiografia e tomografia.
Além disso, o desejo é também de que um infectologista passe a compor o departamento médico rubro-negro. A intenção do clube é desafogar o sistema de saúde público para evitar questionamentos e também não depender de fatores externos.
Tais medidas e o feedback diário têm chamado a atenção positivamente dos jogadores, que mudaram drasticamente a rotina no CT. Cada um se troca para os treinamentos em quarto individual no hotel da concentração e há um controle do contato em ambiente fechado.
Do lado de dentro do Ninho, a primeira semana de trabalhos tem sido aprovada pelos envolvidos.
Prefeitura recua no tom, e Witzel diz que responsabilidade é dos dirigentes
O Flamengo voltou às atividades na segunda-feira, primeiro com novos testes de Covid-19, depois avaliações físicas no campo. A Prefeitura do Rio se mostrou contrária à iniciativa e chegou a dizer que as atividades estavam proibidas, mas depois recuou no tom.
Em reunião do clube com a Prefeitura na última quarta-feira, o infectologista Amílcar Tanure, membro do comitê de crise montado pela Prefeitura, elogiou o protocolo de testagem do Flamengo e disse acreditar que o clube pode ser uma referência para outras empresas numa eventual retomada.
O governador do estado, Wilson Witzel, também se manifestou de forma mais comedida, afirmando que a responsabilidade pela retomada "é dos dirigentes e não do estado".