O Ministério Público de São Paulo instaurou
inquérito para investigar a conduta da CBF, do STJD e da Portuguesa
sobre o caso Héverton.
O promotor Roberto Senise Lisboa, da
área
do direito de consumidor, afirmou nesta quarta-feira que o Estatuto do
Torcedor está acima do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Segundo
ele, a única chance de isso não virar uma Ação Civil Pública é a CBF
devolver os pontos para a Portuguesa.
Segundo a assessoria de imprensa da CBF, o departamento jurídico da
confederação vai prestar todos os esclarecimentos necessários ao
Ministério Público de São Paulo e vai mostrar que apenas cumpre as
determinações do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
O
Ministério Público entende que a decisão sobre a suspensão de Héverton
deveria ter sido publicada antes do jogo entre Portuguesa e Grêmio. O
meia foi julgado e suspenso no dia 6, uma sexta-feira. Mas participou da
partida no Canindé, no domingo seguinte, válida pela última rodada. Por
conta disso, o STJD puniu a Portuguesa com a perda de quatro pontos, o
que gerou o rebaixamento do clube à Série B do Campeonato Brasileiro.
Na
prática, o Ministério Público quer os quatro pontos de volta para a
Lusa. Se isso acontecer, quem entra na zona de rebaixamento é o
Flamengo, que também foi punido pelo STJD por escalação de jogador
irregular (André Santos, em jogo contra o Cruzeiro).
- O MP entende que há fortes indícios que houve falha da CBF e do SJTD - disse o promotor Roberto Senise.
-
Há possibilidade de que não seja aplicada a perda dos quatro pontos.
Essa possibilidade é bem forte no entender do Ministério Público -
emendou.
Senise ressaltou que o Flamengo também pode se livrar
da punição pela escalação de André Santos. Se isso acontecer, quem cai é
o Fluminense.
- O Flamengo pode ser beneficiado da mesma ação, caso se prove que foi um caso semelhante - disse o promotor.
- Se o Flamengo escalou um jogador sem a CBF ter informado que ele estava suspenso, então é o mesmo caso da Lusa - emendou.
O
MP pediu ainda que a CBF e o STJD prestem esclarecimentos sobre o caso
nos próximos dez dias. O promotor argumenta que, por não ter sido
publicada antes do jogo contra o Grêmio, a suspensão do Héverton não
vale - "não existiu", segundo ele.
-
O Estatuto do Torcedor exige que a suspensão seja publicada no site da
CBF. Se não foi publicada, não existiu - disse Senise.
A CBF terá de apresentar ao MP as súmulas dos jogos. E a Portuguesa vai ter de apresentar
os documentos entregues pelos representantes da CBF quando fazem a
conferência dos jogadores antes das partidas. Para o MP, se
houvesse irregularidade na escalação do Héverton, isso deveria ficar claro antes do jogo.
O
MP não vai investigar a ação do advogado Osvaldo Sestário, indicado
pela CBF e que representou a Portuguesa no julgamento de 6 de dezembro,
quando Héverton foi suspenso. Na época, um dirigente da Lusa chegou a
acusar Sestário de não informar ao clube sobre a suspensão do jogador. O
promotor Roberto Senise explicou que o foco do MP é o fato de a CBF ter
descumprido os artigos 34, 35 e 36 do Estatuto do Torcedor.
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