Com a zona da confusão
definitivamente no passado, Luxa pensa grande. Pensa como o treinador
cinco vezes campeão brasileiro. Sem uma grande estrela em campo - que
ele garante que ainda vai chegar -, relembra os momentos de maior
consagração na carreira. O Bragantino campeão paulista não foi
formado com craques consolidados, o Palmeiras dos tempos áureos
tampouco, o super Cruzeiro de 2003 idem. Todos esses times, porém,
tinham um ponto em comum: um Vanderlei disposto a provar que o "mantra"
de que não há ninguém como ele dentro das quatro linhas é para valer.
-
Estou motivado pelo trabalho. O Flamengo é o clube que eu amo, a
diretoria tem dado respostas positivas, e quero contribuir ao máximo com
minha qualidade profissional. Quero dar um resultado fantástico.
Aqueles oito meses que fiquei parado foram estratégicos, me fizeram bem
para recarregar. É um momento legal. Tem tudo para dar certo - diz
empolgado.
No bate-papo de uma hora com o
GloboEsporte.com, Vanderlei Luxemburgo se resumiu a falar daquilo que
mais entende: futebol. E o que não faltou foi assunto. Desde a montagem
do elenco do Flamengo para 2015 até as novas tendências táticas do
futebol mundial, passando pela caixinha virtual de 2014, a passagem pelo
Real Madrid, que completa uma década, o prestígio entre os boleiros e
elogios a Carlo Ancelloti, Luxa falou muito. Falou de tudo. E falou,
principalmente, do projeto rubro-negro, que ele ainda quer ouvir falarem
muito por aí.
Vanderlei Luxemburgo considera ser um treinador que mistura um pouco de cada virtude (Foto: Cahê Mota)
Essa
nova realidade contrapõe com aquele estilo do Barcelona, do tão famoso
tiki-taka, que trabalha mais a bola sem tanta pressa para furar a defesa
adversária. Você tem preferência? - A melhor marcação é
ter posse de bola. É preciso imprimir velocidade no momento certo, mas
tem que ter posse de bola, roubar a bola do adversário e ser agudo
quando tiver espaço para ser agudo. Se estou no campo adversário e não
tem espaço, tenho que negociar o jogo. É um trabalho de equilíbrio entre
a posse de bola e a verticalização do jogo. Esse é o trabalho que vou
fazer. Em Atibaia, fui dando corpo ao time na parte física. Agora, o
trabalho já é um pouco diferente, mais específico de posicionamento:
quem sai, quem entra, velocidade...
Esse novo perfil se dá pelas peças que você tem ou você fez questão de buscar peças que te permitissem jogar neste novo estilo? -
A montagem foi preservando o que tinha no ano passado, mas mudando
alguns jogadores. O Márcio Araújo quebrava um galho ali do lado direito,
e trouxe jogadores que se encaixam no perfil. Se eu perder o Everton, o
Gabriel e o Paulinho podem jogar ali. Se perder o Gabriel, tem o
Paulinho e o Nixon, que também pode jogar como primeiro atacante. O
Marcelo também me dá opções por dentro e aberto. E fico com uma situação
única que é o Cáceres ser o volante-volante, os outros jogam de
segundo. Procurei montar a equipe desta forma para manter a
característica quando tiver que trocar alguém.
Você fala
em se adaptar ao futebol atual, mas vem de uma outra geração que
pensava mais o jogo, tinha sempre um cérebro na equipe. O futebol mudou
para melhor ou pior? - Não vou fazer comparação, tudo é
época. Detesto três zagueiros, mas usei muitas vezes no Palmeiras
porque era o momento. O técnico tem que entender isso. Não adianta eu
não ter o jogador e querer mudar o time. Tenho que jogar de acordo com a
realidade. Essa coisa do nostálgico vem com a tal da discussão
retrógrada da fixação pelo número 10. Essa coisa já foi sendo abolida há
muito tempo, a numeração, até com o marketing. O Beckham era 7 no
Manchester, depois foi 23. Toda hora falam que precisamos de um 10. Está
bom, mas os últimos foram Alex e PH Ganso. Não vemos ninguém, mas o
pessoal segue saudosista. Não tem! O Atlético-MG foi campeão da
Libertadores sem um 10. O Ronaldinho é de condução de bola. A Alemanha
foi campeã sem um 10. Eram três no meio com muita mobilidade e três
atacantes. Essa é a realidade do momento. A montagem da equipe teve uma
girada. Voltamos a ter um 4-3-3 diferente. Falam em 4-2-3-1, mas vejo um
atacante pela direita, outro pela esquerda, um centroavante, e um cara
de condução de bola por dentro. Então, é 4-3-3. O jeito de fazer o
futebol mudou.
É um certo retorno dos pontas? -
Não existe ponta. O ponta era aquele cara que negociava a bola com o
lateral: Tarcísio, Rogério, Garrincha... Era um enfrentamento. Agora,
temos atacantes de lado de campo, que não negociam, ocupam espaço, mudam
de direção. É um outro modelo de jogar. Eles giram. Não é aquele cara
que você pega e joga a bola no ponta para ir ao fundo e cruzar.
Em 2015, você completa 10 anos da passagem pelo Real Madrid. O que essa experiência mudou no Vanderlei Luxemburgo? -
Foi fantástico. Minha saída foi por uma coisa intempestiva, momentânea,
que não deveria ser feita. O presidente reclamou na chegada no
vestiário, eu saí de cabeça quente, mas tinha certeza que se continuasse
o trabalho seria fantástico. Mostrou que o brasileiro pode ter sucesso
na Europa, desde que tenha um prazo para trabalhar. Se for como o
Felipão, que foi para o Chelsea com uma temporada para ter resultado,
não. Tem que ter um, dois anos. Se a elite brasileira pertencer à elite
da Europa, não há dúvidas de que vai bater campeão. Tem a dificuldade do
idioma, mas não somos burros. Qualquer um fala o português com seis
meses no Brasil. Se eu viver na Inglaterra, com seis meses, um ano, vou
estar falando bem. É questão de viver e praticar. É preciso ter mais
tempo para dominar o idioma. Foi uma experiência boa e os caras
entenderam: "Poxa, esse cara entende de futebol". Eles percebem quando
batem o olho.
Você comandou o Zidane, que agora é técnico do time B do Real Madrid e busca seguir esse caminho. Ele tem jeito para coisa? -
É um cara fantástico, com inteligência tática. Quando assumi o Real,
girei o time para que ele jogasse atrás do Raul e Ronaldo. O time jogava
com ele, Figo e Raul em linha e o Ronaldo na frente. Falei: "Pô, está
complicado aqui. Tem alguma coisa que o Zidane está muito do lado".
Girei o time e ele disse: "Opa, essa é a posição que mais gosto".
Criamos uma amizade. Na minha saída, ele mandou uma mensagem maravilhosa
e temos um respeito grande. Acho que vai dar um grande treinador.
O
Flamengo de hoje conta com muitas apostas, como Thallyson, Arthur Maia,
Bressan, até mesmo o Marcelo Cirino. Aquele Palmeiras supercampeão
também tinha peças desconhecidas que depois se consagraram, como Roberto
Carlos, Flávio Conceição, Amaral... A respeito de montagem de elenco,
são situações semelhantes? - A comparação sempre é
muito ruim, mas minha história no futebol vem muito disso, de revelar
jogador, olhar jogador e ver potencial. O Bragantino que construí tinha
sete, oito jogadores das categorias de base do Fluminense que eu
conhecia. Quase todos deram certo. Tive Alberto, Sílvio, João Santos,
Robert...Na frente, o Cruzeiro também tinha o Edu Dracena, Motta. Dizem
que o Luxemburgo só gosta de craque, mas não. Eu faço craque, dou a
oportunidade do cara virar craque. Dizem que trabalhei com o Rivaldo.
Espera aí. Quando botei para jogar, ele não era ninguém. Viraram
craques. Gosto de jogadores prontos, que sustentam, mas também de
moleques. É uma virtude para baratear o futebol, que é entretenimento e
negócio.
Esse
processo de formação passa pela confiança, pela motivação, pelo
ensinamento de fundamento? Enfim, como fazer um talento desabrochar? -
Todo processo é de ensinamento. São jovens com potencial, mas é preciso
mexer um metro para lá, para cá. Não receber a bola de costas, receber
de lado. Às vezes, o cara está numa posição equivocada. Cabe ao técnico
descobrir isso. Devia ser feito na base, mas nem sempre é feito. O
Marcelo (Cirino) vai ser um embate constante. Estou colocando em uma
posição que ele não tem o conhecimento, e tenho que mostrar que tem
potencial para atuar ali e avançar mais do que pelo lado. É um processo
que demanda tempo, adaptação, saber a hora de ficar de lado e não de
costas, movimentação. Ele tem um baita potencial. Arranque de 10 metros
que é impossível pegar. Agora, tem que enfrentar goleiro. Se vai dar
certo? Não sei. Acredito que sim. Se não der, boto para o lado.
No
próprio Flamengo, há peças já lapidadas por você, que são Gabriel e
Nixon? Soube até mesmo de uma história que te ofereceram o Vitinho e
você disse: "Para investir no Vitinho, eu faço o Gabriel jogar o que o
Vitinho jogaria". Foi assim? - O Gabriel começou a
jogar bola quase que com 20 anos, não teve base. Tem velocidade, mudança
de direção, habilidade... Eu falei: "Ele tem tudo que o Vitinho tem". O
Vitinho é um excelente jogador, nada contra, mas era um investimento
muito alto e podia chegar e não render. Se tenho o Gabriel, vou investir
para torná-lo um Vitinho, fazer gostar de gol, posicionar por dentro
para ter essa possibilidade. O Nixon a mesma coisa. Era um jogador
disperso e eu disse: "Garoto, atacante tem que gostar do gol, buscar uma
tabela". Ele teve um crescimento fantástico e está a cada dia melhor.
Essa é a função do técnico. Dizer que quer Vitinho ou fulano é muito
fácil.
Conversando com o Antonio Mello (preparador
físico), ele diz que você está na melhor fase desses 18 anos que
trabalham juntos, com vontade. Você concorda? - Estou
motivado pelo trabalho. O Flamengo é o clube que eu amo, a diretoria tem
dado respostas positivas, e quero contribuir ao máximo com minha
qualidade profissional. Quero dar um resultado fantástico. Aqueles oito
meses que fiquei parado foram estratégicos. Eu precisava descansar. Tive
quase uma semana de férias somente e depois voltei a trabalhar. Estava
há vinte e poucos anos assim, e na elite, com cobrança. Esses oito meses
me fizeram bem para recarregar. É um momento legal. Tem tudo para dar
certo.
Como funciona seu entendimento com o Rodrigo Caetano neste processo de montagem de equipe, etc...? -
Tinha a facilidade por termos trabalhado no Fluminense. O Rodrigo pôde
me conhecer, e as pessoas não me conhecem. Quando falo em gestão, não
quero mandar. Gestão é feita com parceria. Não tomo decisão isolada,
nunca tomei. É tudo em conjunto. O Rodrigo mesmo fala que sou um dos
técnicos que ele teve maior facilidade para trabalhar. Estamos bem
entrosados, todos os envolvidos no planejamento. Eu, Fred (Luz),
Rodrigo, Wrobel, o presidente...
O Flamengo nessa janela
já buscou nomes mais importantes: Conca, Montillo, Robinho, até o
Marcelo Cirino, que era disputado. O clube está começando a chegar a
outro patamar de mercado? - A primeira coisa que é
preciso é credibilidade. O Flamengo precisava resgatar isso, que é o que
dá ao jogador a possibilidade de ver como um grande negócio. Anos
atrás, falavam aquilo do Vampeta, que o Flamengo não paga. Hoje, há um
resgate da credibilidade, que é fundamental. Com o crescimento, na
dividida vai dar Flamengo. O São Paulo usou muito isso com o CT, centro
de reabilitação. Hoje, há outras referências. Claro que tenho um peso
quando falo com um jogador, ajudo, mas a diretoria que buscou essa
credibilidade.
A perspectiva da diretoria é de um
crescimento muito grande financeiro nos próximos anos. Seguir por um
tempo longo no clube é algo que passa pela sua cabeça? -
Estou satisfeito com meu contrato. Quero contribuir com minha
capacidade para minha parte ser bem feita dentro da gestão, dar
resposta. Isso vou fazer. A tendência, se evoluirmos, é acontecer algo
que interesse para as duas partes. Vão ter problemas no caminho. Futebol
vive de resultado, que mexe muito no emocional. Quando está ganhando,
tudo é graça. Precisamos ver no sentido contrário. Vamos ver como vamos
passar, mas tudo caminha bem para o Flamengo virar potência a nível
sul-americano e mundial. É uma tendência que o Brasil avance. Há muito
espaço para o futebol crescer como negócio, e não vejo isso na Europa,
onde tudo está bem explorado. Vejo possibilidades de alavancar.
Depois
do jogo que salvou da confusão, contra a Chapecoense, você falou da
necessidade de um ídolo. O clube segue em busca dessa figura para este
ano? - Continua. E vai surgir. O momento do Flamengo é
de transição. Tenho uma preocupação com essa formatação do ídolo. Se é
de bairro ou dentro da realidade. Tem um jogador no Flamengo que está se
tornando um nome, um ídolo, por gostarem dele e com tendência de se
manter por um longo tempo, que é o Paulo Victor. Se continuar com
crescimento técnico, é uma tendência, firmar a camisa 48 naturalmente.
Por exemplo, o Ronaldinho foi ídolo do Flamengo? É uma discussão grande.
O Romário? Ídolo foram Dida, Zico... Os outros ficaram muito pouco
tempo, ganharam pouco. O que ele construiu? Hoje, o marketing fabrica
isso rápido, mas para consolidar o processo é longo.
Você
tem em mãos um time muito homogêneo, com jogadores do mesmo padrão
basicamente no futebol mundial. Falta uma estrela ou essa é uma
tendência também? - Vamos cair na realidade do futebol:
quem tem? Você tem equipe, não tem mais isso. Em uma preleção em 1972,
meu grande amigo Paulo César Caju disse: "Rapaziada, passa a bola para
mim, porque hoje o jogo é meu". E todo mundo dava a bola para ele. O
Zico falava isso. Rondinelli uma vez começou a tocar a bola e querer ser
centroavante. O Zico disse: "Fica no seu lugar e passa para mim, que eu
resolvo". O Cruzeiro é bicampeão brasileiro e qual jogador fazia isso? É
uma equipe. No Atlético-MG, o Tardelli fazia mais nos últimos tempos,
nem o Ronaldinho carregava. Essa é a realidade.
Mas ter uma liderança em campo, um cara que assuma nos momentos difíceis, não é importante?-
Seria ótimo se achássemos uma pessoa dessas, ótimo. Mas não vejo como
achar. Quem é essa referência no Corinthians? Mesmo quando foi campeão
do mundo. Essa é uma tendência. Gostaria que voltássemos a ter isso, mas
não vejo surgir na Taça São Paulo, Taça BH... É só ver quantos eram
revelados há um tempo atrás.
Também no ano passado, você
falou que tinha uma caixinha virtual onde guardava os problemas. Você
começa 2015 com essa caixinha vazia, tudo já foi exposto internamente? -
(Risos) a caixinha era para não chutar o balde na hora errada, né? Mas
já discutimos bastante isso com a diretoria. Essa diretoria do Flamengo
discute com você, quer saber o motivo, você tem que convencer, como uma
empresa. Se você mostrar que é importante, eles vão fazer. Discutimos o
que é necessário. Umas coisas podem ser feitas, outras não.
Quem
vive do futebol já ouviu muita gente, desde jogador até imprensa, dizer
que dentro das quatro linhas não há ninguém como você, taticamente, de
montagem de time. Você concorda que é o melhor do Brasil? -
Eu ouço isso aí toda hora. Para mim, envaidece muito quando ouço meus
colegas técnicos falarem isso. Jogador fala porque está ali, vê a
diferença, mas quando um colega fala que estou um pouquinho acima, é
muito legal. Mas não me considero. Temos excelentes técnicos no Brasil,
cada um com suas virtudes ou defeitos. Eu consigo juntar um pouquinho de
cada coisa. Tem o cara que é só tático, só técnico... Eu consigo juntar
isso, o emocional, um pouquinho de cada. Respeito todos, até alguns com
títulos mais importantes que eu. É estar no lugar certo, na hora certa.
Fico contente da grande maioria dos jogadores falarem isso aí.
Sua principal virtude seria qual? -
Eu consigo fazer bons treinos técnicos, táticos, ter uma visão boa do
jogo para mexer no intervalo, ter um envolvimento muito forte com a
parte emocional, psicológica, fazer o jogador entrar pilhado. Então,
pego todos esses itens que são importantes para forma um profissional.
Você
falou algumas vezes que a meta na temporada é estar entre os seis
melhores do país. Com as peças que o Flamengo tem hoje, já está pronto
para brigar com esses clubes? - Há alguns clubes na
nossa frente ainda, mas podemos avançar. Nós mantivemos jogadores que
querem espaço no futebol e contratamos jogadores que querem espaço. São
jogadores com aspiração de conquista, de chegar à Seleção, de ter um
reconhecimento, uma conquista financeira. Há muito espaço para eles. Uma
coisa é trazer jogadores consagrados e ver como vamos motivar. Outra é
montar um time com gente que quer buscar espaço. O Léo Moura é
consagrado, mas o Paulo Victor quer Seleção, o Wallace quer crescer, o
Samir é um menino, Marcelo (Cirino) quer crescer, Bressan... O Pico é um
342, estava com a corda no pescoço morrendo e quer voar, tem o
Thallyson... Se pegar, a equipe foi muito bem direcionada. O Eduardo
quer mostrar no Brasil. É um time que quer alguma coisa.
Para fechar, quem foi o maior que você viu jogar? - Foi o Pelé. Aí, não tem jeito. Peguei a época no Maracanã, joguei contra.
O maior que você comandou? -
Comandei grandes jogadores. O Ronaldo Fenômeno era fantástico, Zidane
excelente... Mas acho que o melhor, o mais diferente, foi o Romário.
Talvez não tenha sido mais pelo gênio dele, mas foi diferente para
caramba. Até porque, não treinava e conseguia jogar como jogava. Dentro
do jogo, ia na fragilidade do zagueiro, mexia com ela com uma conversa,
batia papo de malandro, boi manso.. De repente, estava dentro da área.
Foi muito gênio.
Messi ou Cristiano Ronaldo? -
É difícil. Primeiro, acho que essa coisa do maior do mundo ser votado
por um pedaço do mundo não é justo. Não existe a competição
sul-americana. É muito coisa de marketing, interesse comercial. Acho que
o maior do mundo devia ser diferente, deveria ser mesmo em uma Copa do
Mundo. Não sei se o Cristiano jogasse na América do Sul, nos nossos
campos, seria como é. Se o Messi seria a mesma coisa. Por exemplo, o
Zico nunca foi eleito o melhor do mundo. Será que não merecia em uma
etapa da vida? Jogar nas melhores condições é mamão com açúcar.
Como você vê o Neymar nessa disputa? -
O Neymar tem todo potencial, parecido com o Robinho, mas vai depender
do comportamento lá na Europa. Isso tem muito a ver. Vai ter que jogar
bola e ser o cara do Barcelona, como foram Ronaldo, Zidane,
Ronaldinho... Tem potencial, mas vejo uma frequência de mídia
desnecessária para um desgaste da imagem. Se vê muito o Neymar da mídia
social. É preciso falar mais do Neymar jogador. Você não vê o Messi
assim, nem o Cristiano que já teve esse problema e agora mudou o
comportamento.
Qual a melhor equipe do mundo hoje?-
No ano que venceu o Barcelona, a nível de futebol agressivo, tático,
ocupação, vejo o Bayern. Esse ano acho que o Real Madrid deu uma passada
à frente, ficou mais equilibrado, mais versátil.
O Ancelloti ocupou o espaço que foi de Mourinho e Guardiola e virou o melhor técnico do mundo? -
Ocupou o espaço por quê? O Ancelloti tem uma história no futebol. É
coisa de mídia. O Guardiola, com uma carreira tão curta, pode ser
considerado o melhor técnico do mundo? A longevidade que vai dizer isso.
O Ancelloti é fantástico, conseguiu montar uma equipe em cada lugar que
foi. Tem um destaque. Se você ver a equipe jogar, como italiano ele se
adaptou muito fácil a um time diferente do que a Itália jogava. Acho
isso legal. O Mourinho é mais mídia do que competência, no sentido de
armação de time, e o Guardiola fez no Barcelona. Vamos ver como vai ser
em outras equipes. O Ancelloti foi no Real Madrid e montou um time ao
jeito do Real, totalmente diferente da Itália. No Real, é assim. No
Flamengo, o Zico disse que o time tem que ser mais ofensivo. Ele não
está vendo os treinos. Já não temos mais o Márcio Araújo na proteção, já
mudou o jeito. A proposta é diferente. Não dá para montar um Flamengo
com proposta defensiva. A do ano passado era o jeito de sair da
confusão.