Nesta
sexta-feira, o Flamengo começa sua trajetória em busca do título
inédito da Liga das Américas ao entrar em quadra, às 21h (horário de
Brasília), no ginásio Julio César Hidalgo, em Quito-EQU, contra o
Capitanes de Arecibo, de Porto Rico, pelo grupo A da fase de
classificação. Além das duas equipes, completam a chave os chilenos
do Leones de Quilpué e o Mavort, donos da casa. Os dois primeiros
colocados se classificam à próxima fase. Das seis edições, os
rubro-negros disputaram cinco, mas, jamais, avançaram para o Final Four
(quatro melhores times). As campanhas mais regulares do clube
aconteceram nas duas últimas temporadas, quando caíram na segunda fase.
Para
quebrar este retrospecto ruim, o técnico José Neto conta
com a força de seu elenco, que é o líder do NBB e tem atletas de nível
de seleção como Marcelinho, Marquinhos e o argentino Nicolás
Laprovittola, cestinha do torneio nacional e vice-campeão na edição
passada com o Lanús, que saiu derrotado pelo Pinheiros. E motivos não
faltam para a conquista do tão desejado caneco.
Além de ser
um troféu novo para a galeria rubro-negra, o título dá uma vaga ao
Mundial Interclubes, em jogo com o campeão da Euroliga (campeonato
europeu). O fato de poder encarar um time da segunda competição de
clubes mais importante do mundo enche os olhos de todos. Mais experiente
do plantel, Marcelinho coleciona estaduais, brasileiros e uma Liga
Sul-Americana, em 2009, mas, aos 38 anos, o ala sabe que esta pode ser
uma de suas últimas tentativas de colocar no peito uma das únicas
medalhas que lhe restam pelo clube da Gávea.
- É um título
inédito e muito importante para o Flamengo,
principalmente agora que temos uma motivação extra, que é a
possibilidade de representar o Brasil na disputa do Mundial Interclubes.
Uma competição completamente diferente do NBB, que podemos perder
um ou dois jogos e ainda temos chance de nos recuperar dentro do
campeonato. Já a Liga das Américas não, é tiro curto, e qualquer derrota
pode ser fatal para uma classificação. Vamos chegar fortes para
brigar pelo título depois de passarmos por um momento conturbado, com
vários problemas de
lesão, o que acabou retardando um pouco nosso entrosamento. Acho que
agora estamos bem preparados para enfrentar a competição, mesmo com o
calendário apertado. Continuamos jogando muito e treinando pouco - disse
o camisa 4 rubro-negro.
Marcelinho vai tentar levantar um inédito troféu na sua vitoriosa carreira (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Contratado
em setembro para ser o cérebro do quinteto rubro-negro, o argentino
Laprovittola espera levar para casa o caneco que quase conseguiu no ano
passado. Atuando pelo Lanús, em casa, o armador viu o campeonato
escorrer pelo ralo ao perder para o Pinheiros, na segunda rodada do
Final Four, por 82 a 66. Mais experiente, Nico sabe o que o Flamengo vai
encontrar pela frente e tem a receita de como o time deve se portar.
-
A Ligas das Américas é um torneio distinto, curto, muito rápido. Temos
que mudar de chip, esquecer o NBB. São outras equipes, outra
forma de jogar. Tem o time de Porto Rico (Capitanes de Arecibo), que é
diferente do estilo
brasileiro, tem os venezuelanos, que também tem outro estilo. Temos que
impor
nosso ritmo, segurar as outras equipes, não deixá-las crescer.
Todas as equipes são fortes, não é como no NBB que tem algumas mais
fracas. E em três dias, ou você sai fora ou segue adiante. É de vida ou
morte e temos que encará-la assim. Queremos que o Flamengo vença para
jogar depois o Mundial contra o campeão da Euroliga. Essa é a maior
motivação que tem em todas as equipes: vencer para jogar o Mundial.
Jogar contra o campeão da Euroliga é um sonho tanto para o Flamengo
quanto para qualquer jogador de outro time - ressaltou o camisa 7.
Veja o que falaram outros personagens do plantel rubro-negro
Olivinha, ala/pivô - "Temos um grande elenco, maduro e faremos de
tudo para levar esse título inédito para a Gávea. A Liga é importante
para a gente nesta temporada, é nosso grande foco, junto com o NBB, e
queremos dar essa alegria para a torcida do Flamengo para gravarmos nosso
nome na história do clube".
Gegê, armador - "É um título inédito e importante demais para um time de
camisa e da grandeza do Flamengo. É uma competição completamente
diferente do NBB, que dura meses. A Liga das Américas é tiro curto,
disputada em 28 dias (NR: nesta primeira fase são três). Sabemos que uma derrota pode ser decisiva para
nossas pretensões. Não podemos bobear".
José Neto, técnico
- "É uma competição importante e que temos duas
motivações extras: o fato de ser um título inédito para o clube e,
principalmente, por termos a chance de representar o Brasil no Mundial.
Muda muito uma competição da outra. Essa é uma competição curta
onde as equipes não têm tempo de se recuperarem. Cada partida é uma
final e pode te colocar dentro da próxima fase ou fora da competição. É
um torneio que o erro pesa demais, que não permite vacilos
".
Se
os adversários do Flamengo nesta primeira fase não são tão conhecidos
do grande público, dos jogadores não se pode dizer o mesmo. Tradicional
equipe do continente americano, o Capitanes de Arecibo participou de
todas as edições da Liga das Américas e já encontrou os cariocas duas
vezes. A primeira aconteceu na temporada 2009/2010. No mesmo grupo,
brasileiros e porto-riquenhos se enfrentaram e os rubro-negros levaram a
melhor por 81 a 66, com grande atuação do então armador Hélio, que
assinalou 23 pontos. Porém, nenhum dos lados avançou para a segunda
fase.
Marquinhos
sobe para a cravada na vitória do Fla sobre o Estrellas Occidentales na
edição do ano passado. O camisa 11 é uma das esperanças de que o troféu
venha para a Gávea pela primeira vez (Foto: Samuel Vélez / FIBA
Américas )
Um segundo duelo ocorreu em 2010/2011, só
que pela segunda fase. Os caribenhos devolveram o revés do ano anterior
ao vencerem por 87 a 85, com uma performance destacada do craque da
seleção local, Elias Ayuso, e de Danilo Pinnock, com 20 pontos cada. Nem
mesmo os 30 pontos do americano David Teague foram suficientes para
evitar a derrota rubro-negra.
Outro time bastante conhecido do
clube da Gávea é o Mavort, que atuará em casa nesta fase pelo segundo
ano seguido. Na competição, as agremiações se encontraram também por
duas vezes, com uma vitória para cada lado. Em 2010/2011, o Rubro-Negro
ganhou por 81 a 80, na primeira fase, eliminando os equatorianos. Os
destaques foram Teague, novamente, e Marcelinho, com 25 e 22 pontos,
respectivamente.
Na temporada passada, Flamengo e Mavort
voltaram a duelar, desta vez, na segunda fase. Favoritos, os cariocas
foram surpreendidos por 95 a 93, mesmo com os 32 pontos e seis
assistências de Marquinhos. Os dois times foram eliminados. A
curiosidade é que neste mesmo grupo estava o Lanús de Laprovittola, que
ajudou a tirar os rubro-negros do torneio com seus dez pontos na vitória
por 83 na 69, atuando em casa.
Já o jogo com os chilenos dos
Los Leones de Quilpué será o primeiro da história das equipes na
competição mais importante do continente.
Maior
reboteiro do NBB, o 'lixeiro' Olivinha poderá ser decisivo para o
Flamengo debaixo da tabela na Liga das Américas (Foto: Samuel Vélez /
FIBA Américas )
A
reportagem do GloboEsporte.com fez um levantamento dos três rivais do
Rubro-Negro nesta primeira fase. Veja quem são seus destaques:
Capitanes de Arecibo
- o principal time de Porto Rico estreia na competição contra o
Flamengo, seu maior rival no grupo. Tradicional, participou de todas as
seis edições da Liga das Américas, tendo como melhor resultado um
vice-campeonato na temporada 2010/11, quando perdeu para o Regatas
Corrientes da Argentina. Outra boa participação foi o terceiro lugar no
ano passado, quando realizou a fase decisiva na sua casa. No campeonato
nacional, a equipe não vem fazendo boa campanha com 18 vitórias e 18
derrotas, ocupando a sétima posição entre os dez times. Porém, conta com
jogadores rodados como Guillermo Diaz, que teve rápida passagem pelo
Los Angeles Clippers, e o pivô Angel Vassalo, cestinha da atual
temporada com média de 17.8 pontos por partida. Além deles, a equipe do
treinador David Rosario trouxe de volta o panamenho Danilo Pinnock, de
29 anos e 1,95m, e o paraguaio Guillermo Araujo, de 31 anos e 2,05m, que
estava no Pinheiros na última temporada, quando foi campeão.
Mavort
- Pela segunda vez consecutiva é uma das sedes da primeira fase da
competição. Vem para sua terceira participação nos últimos quatro anos.
Assim como os cariocas, nunca chegou ao Final Four. Tem como destaques
seus três estrangeiros: os americanos William Funn (armador) e Walker
Blake (ala), e o dominicano Manuel Guzmán (pivô). O resto do elenco é
equatoriano e pouco tarimbado. O Mavort vai estrear na temporada nesta
Liga das Américas. Sua última partida oficial foi em outubro, o que faz o
técnico espanhol, Javier Díaz, lamentar pela falta de ritmo. É o
segundo adversário dos rubro-negros. O duelo acontece no sábado às
23h15m.
Los Leones de Quilpué - Esta será a
segunda participação dos chilenos no torneio, que ainda não venceram.
Azarão, o elenco do técnico Claudio Jorquera tem como destaques os
americanos Jamal Johnson (ala), Jon Thomas, (ala/pivô) e Stanley Jones
(pivô). Será o terceiro e último adversário dos cariocas. O jogo vai
ocorrer no domingo, às 20h.