Huerbson Câmara de Brito é condutor de
emergência no Samu e em uma maternidade da capital rondoniense. Torcedor
Rubro-negro, ele sempre sonhou em ter um bar temático do Flamengo. O
sonho se concretizou, e hoje, o 100% Urubu Bar é um dos mais
tradicionais da capital Porto Velho, existe há 10 anos.
100% Urubu Bar (Foto: Hugo Crippa)
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Eu sempre tive um sonho de um dia ter um bar do Flamengo. Eu saí de um
emprego e casei com uma moça que já tinha um bar, aí eu falei pra ela:
"Vamos montar um bar do Flamengo". A torcida é grande, sempre tive esse
sonho. Fui pintando aos poucos, e aí no aniversário de cinco anos da
minha filha eu inaugurei ele já todo rubro-negro. De lá pra cá, venho
mantendo, hoje o Urubu Bar é conhecido tanto na cidade como no bloco
Raça Rubro Negro e no Porto Fla Urubuzada, eu apoio os dois, que são os
únicos blocos de carnaval de time de Porto Velho. Como este ano por
conta da enchente não teve carnaval a festa ficou adiada para o meio do
ano.
A
paixão é tão grande que Huerbson tatuou na pele o símbolo do clube e o
nome do bar. Em dia de jogo, o bar que fica na Avenida Raimundo
Cantuário, esquina com a Rua 1, fica lotado.
- Hoje em dia eu
já tenho na minha agenda pelo menos uns 300 contatos daqueles clientes
que participam mais e sempre estão aqui. Eu envio mensagem para eles
quando tem jogo. E quando é jogo decisivo ou clássico o nosso espaço é
pequeno. Não é atoa que o Flamengo é a maior do Brasil. Aqui em Porto
Velho tem muitos torcedores. Na final da Copa do Brasil eu calculei umas
2 mil pessoas. Dentro do estabelecimento conseguimos concentrar umas
400 pessoas, o restante fechou a rua.
Huerbson diz ter feitos
loucuras pelo clube. Até salário mínimo ele sorteou e já teve que tirar
dinheiro do salário pra pagar o aluguel do bar.
- Nos finais
de campeonatos eu sempre estou sorteando alguma coisa, algum brinde,
camisa oficial, até salário mínimo eu sorteei aqui. Graças a Deus aqui
todo mundo se respeita, não dá briga. Tem os torcedores rivais que
aparecem por aqui, mas são amigos, sabem torcer.
Huerbson é dono do 100% Urubu Bar (Foto: Hugo Crippa)
Maurílio
Nascimento dos Santos, de 52 anos, diz ser o pioneiro nesse "negócio"
de decorar o estabelecimento com as cores do Flamengo. Segundo ele, o
antigo Huga Huga bar, atual Flahuga, existe há 12 anos.
Lindomar Souza Angelim, 51 anos, é torcedor fanático do Flamengo (Foto: Hugo Crippa)
O estabelecimento, administrada por ele e a esposa Lindomar Souza Angelim, de 51 anos, fica na frente da casa da sogra.
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Já tem 12 anos que eu tenho o bar. Eu que comecei com essa ideia,
pioneiro, sempre foi neste local. A gente reuniu um pessoal pra comprar a
tinta e pintar o bar. Aí ficou tudo rubro-negro.
O dono do bar faz questão de guardar e expor todos os objetos do Flamengo que ganha dos clientes.
- Os
torcedores, pessoal que vai pra fora trás pra mim e eu vou guardando
tudo aqui no bar. Mas o bom é receber os vascaínos e botafoguenses pra
gente tirar um sarro deles. Tenho um freguês vascaíno aqui que é o
primeiro a chegar e sempre o último a sair. Da minha família todo mundo é
Flamenguista, meu irmão, falecido, era botafoguense, mas ele não
conseguiu me convencer não (risos).
Na avenida Rio Madeira,
centro da capital, o bar do Cearazinho também é tradicional; existe há
10 anos. Assim como os outros, também é todo pintado nas cores vermelho e
preto. O casal Maria Teresa e José Augusto, o Cearazinho, tomam conta
do local. O estabelecimento fica em uma das principais avenidas de Porto
Velho e ali, é possível encontrar bebidas e salgados. Nos dias de jogos
os torcedores se reúnem para vibrar com o Mengão, porém, em menor
quantidade. Isso porque o espaço é pequeno. Contudo, Cearazinho garante
que a clientela é selecionada.
- Aqui só tem gente boa. Vascaíno não entra (risos).
O Atílio já esteve aqui no bar quando a seleção Master do Flamengo veio disputar um amistoso na capital - diz orgulhoso.
Bar temático do Flamengo na Avenida Rio Madeira, em Porto Velho (Foto: Hugo Crippa)
Maria Teresa, mulher de Cearazinho, explica que todo final de campeonato o churrasco é de graça para o torcedor.
- A carne é por conta da casa - disse.
O
carismático José Gomes não foge o "ritual", também tem um bar temático
do Flamengo. O estabelecimento existe desde 1987, mas ganhou as cores do
Flamengo há um ano. O Bar do Tufão, como é popularmente conhecido, fica
na Rua Arruda, Bairro Tancredo, Zona Leste da capital, e é ponto de
encontro dos flamenguistas e amantes do carteado.
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No começo não era pintado desse jeito, era uma mercearia.
Flamengo é paixão. Pintei esse ano e deu uma melhorada no movimento. O
pessoal
faz crítica do Flamengo, mas eu não ligo não. Torcedor do Botafogo vem
bastante aqui. O pessoal costuma jogar caxeta, batida, pif-paf (jogos de
carteado). Em Rondônia tem muito flamenguista, tem muito bar do
Flamengo. Aqui no
bairro mesmo deve ter uns três - disse.
Amigos e torcedores se reúnem para jogar cartas no Bar do Tufão, em Porto Velho (Foto: Hugo Crippa)
Um
pouco mais isolado da cidade, quase na área rural de Porto Velho, Sales
Ferreira da Silva, 52 anos, é o dono do "Bar do Flamengo". Sorridente e
descontraído, o senhor de meia idade e cabelos brancos
esbanja simpatia. Recebe seus clientes muito bem-humorado e garante
que o bar existe pelo menos há 15 anos.
- Tenho esse bar faz uns 15 anos. Tinha um outro bar do Flamengo também,
mas o pessoal da usina me tirou de lá. Desde que eu me entendo por
gente sou flamenguista. Lá na minha rua
onde eu nasci todo mundo me conhece. Aqui não tem esse negócio de vira casaca em tempo ruim.
Roeu o osso, tem que comer o filé também (risos).
Assim como
os outros bares, o estabelecimento também é decorado nas cores do time.
Além dos pôsteres das conquistas do clube, o muro de entrada tem o
desenho do mascote do clube. A pintura ficou por conta do amigo, ou
melhor, "amigo da onça", como ele mesmo diz:
- O meu amigo me
cobrou R$ 300 pra fazer o escudo e mais o muro, que caiu depois da
enchente, infelizmente. É um atrativo a mais para as pessoas virem
conhecer o bar, mas acima de tudo, porque eu gosto e sou flamenguista -
explica.
Desenho do Flamengo e muro que caiu depois da cheia do Rio Madeira (Foto: Hugo Crippa)