Titular no primeiro coletivo comandado por Rogério Lourenço durante a intertemporada do Flamengo, Paulo Sergio está tendo uma oportunidade de recomeçar a sua curta e oscilante carreira profissional. Lançado aos 17 anos no time principal, o atacante ganhou fama, contrato de grande promessa do futebol brasileiro, mas desapareceu após ser pouco aproveitado na Gávea e no Figueirense. Reintegrado ao elenco por conta da falta de atacantes, o Dindo, como é conhecido, sonha justificar toda a expectativa que foi criada em cima do seu nome.
Revelado nas divisões de base do Flamengo, Paulo Sérgio, que está com 21 anos, se destacou nos juniores e, em 2007, passou a ser aproveitado no time profissional, impulsionado pelo otimismo do então vice de futebol, Kléber Leite, que o apontava como uma joia do clube. Tanto que a sua renovação de contrato, em 2007, expôs essa condição. O ex-dirigente colocou uma multa rescisória de 20 milhões de euros (cerca de R$ 44 milhões), um vínculo de cinco anos (que vai até dezembro de 2012) e enchia a boca para elogiá-lo.
Inicialmente, Dindo mostrou qualidade e chegou a ser convocado para a seleção brasileira sub-20 por Rogério Lourenço. Mas foi sumindo, até chegar a ser encostado pelo Flamengo. Com poucos atacantes no elenco (apenas Diego Maurício, Vinícius Pacheco e com Vagner Love de saída), o atual treinador rubro-negro resolveu resgatar Paulo Sérgio, dando uma espécie de segunda chance a ele depois dos percalços na carreira. Afinal, o jogador perdeu espaço na Gávea e também não justificou a fama no Figueirense.
- Vamos analisar o jogador. Diante da nossa situação, não posso abrir mão das opções que o Flamengo tem para o ataque, e o Paulo Sergio ainda tem contrato. Então essa é mais uma oportunidade que o clube está dando a ele - disse Rogério, para tentar apontar os fatores de Paulo Sérgio não ter ido bem profissionalmente.
- De repente, foi o momento do time. Mas também tem a questão da transição dos juniores para o profissional… Eu acho que foram vários fatores. Até mesmo um pouco da falta de maturidade. Mas ele saiu do Flamengo, viu a realidade em outro clube… Acho que hoje está voltando mais experiente e tendo a consciência melhor do que é jogar pelo Flamengo. Sei do seu potencial e queremos que ele aproveite essa oportunidade que está chegando - afirmou o treinador.
Paulo Sergio concorda em boa parte com o que Rogério falou. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o atacante expôs os motivos do seu sumiço na carreira, mostrou confiança em reapresentar o futebol que encheu os olhos de muita gente e disse que quer voltar a ser valorizado como na época em que teve sua multa rescisória foi estipulada em 20 milhões de euros.
- Sei que hoje preciso recuperar o meu prestígio. Mas eu sei do meu potencial, onde posso chegar e vou lutar para conquistar meu espaço. Sou centroavante e preciso fazer gols. Quem sabe um dia eu volto a valer isso tudo aí ? - brincou Paulo Sérgio.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista do atacante que tem 27 jogos profissionais pelo Flamengo e três gols anotados.
GLOBOESPORTE.COM: O que aconteceu que você surgiu como uma nova estrela das divisões de base e depois desapareceu?
PAULO SÉRGIO: Eu comecei a aparecer profissionalmente em 2007. Tive algumas chances, mas nunca uma sequência de jogos. Tive uma lesão no ombro e depois disso não tive mais chances. Então o Flamengo me emprestou ao Figueirense, em maio de 2009. Depois que eu voltei de lá, em dezembro, me apresentei ao Flamengo, em janeiro, para saber qual seria minha situação. Treinei durante dois dias, mas aí meu nome não estava na lista para fazer a pré-temporada com todo mundo, em Porto Feliz. De lá para cá fiquei parado. Cheguei a treinar um pouco com os juniores, mas acabei sendo encostado sem ninguém falar nada. Fiquei chateado de terem feito isso sem darem uma justificativa, mas agora estou tendo uma nova oportunidade e espero ser aproveitado pelo Rogério. Vou batalhar para isso acontecer.
Mas por que você foi afastado? Acha que não conseguiu aproveitar as oportunidades que teve entre os profissionais?
Eu procuro essa resposta até hoje. Não sei o porquê disso ter acontecido. No começo, fiquei um pouco chateado com o Andrade, mas depois eu vi que isso faz parte da carreira e que são coisas da vida. Mas se você for buscar, vai ver que não tive tantas oportunidades assim. Sequência mesmo de jogos eu não tive. É aquilo de não conseguir render entrando uma vez ou outra. Jogador precisa de sequência para ser avaliado, analisado... Estou desde dezembro sem jogar. Podem me colocar para eu jogar e eu não ir bem. Aí o que vão dizer? É preciso pegar ritmo, confiança… E isso só vem tendo sequência.
Muita gente diz que você não soube aproveitar as chances que teve, que também não teve tanta cabeça e cometeu alguns excessos… O que você pode dizer sobre isso? Como está o Paulo Sérgio com 21 anos?
Posso ter errado em algumas coisas. Mas hoje com certeza estou mais maduro, tanto no lado pessoal quanto no profissional. Minha cabeça é outra. Passei a dar valor a muitas coisas: o fato de morar na sua cidade, jogar por um clube de maior expressão… Defender o Flamengo é uma grande honra e passei a dar mais valor a isso depois que fui emprestado para disputar a Série B pelo Figueirense. Também morei sozinho, passei por algumas dificuldades… Hoje estou mais maduro e, retornando ao Flamengo, vejo tudo isso como um recomeço da minha carreira. Vou me dedicar para poder ter mais chances e ajudar o time.
E como você vê essa desconfiança da torcida com relação ao ataque do Flamengo para o Brasileiro? Tirando o Vagner Love, que ainda não sabemos se ficará no clube, o ataque só tem você, Vinícius Pacheco e Diego Maurício.
Para conquistar uma competição como essa é preciso ter elenco. Sabemos que a diretoria está trabalhando em sigilo e que vão chegar as contratações para o ataque. E precisa mesmo. Mas eu vejo como positiva essa mistura de jogadores mais experientes, vindos de fora, com os mais jovens, revelados pelo clube. Eu vou ser mais profissional do que eu fui, vou mostrar que sou um jogador de grupo e que posso ser aproveitado. Estou aqui para ajudar e para mostrar que posso fazer isso.