O
aquecimento antes do duelo já mostrava que Tyrone Curnell não teria
vida fácil diante da torcida do Flamengo. Xingamentos, pressão. O
americano do Mogi das Cruzes, pivô de confusão com Marcelinho há menos
de um mês, foi marcado de perto pelos rubro-negros. E pareceu sentir o
jogo psicológico na sua volta após suspensão da Liga Nacional de
Basquete. O gringo não foi nulo, mas só acordou no último período e
acabou eliminado com cinco faltas. Vestindo vermelho e preto, o outro
elo dessa história também retornou às quadras justamente para este
duelo. Marcelinho se recuperou da lesão no tornozelo sofrida naquele
jogo em São Paulo, em lance com Curnell, e se não foi decisivo, deu
ânimo novo ao Flamengo. Jogando em casa, no Ginásio do Tijuca, o clube
bateu os paulistas por 96 a 87 com destaque para o armador Ricardo
Fischer, que voltou após longo período inativo por lesão.
Marcelinho voltou ao Flamengo para duelo diante do Mogi (Foto: João Pires/LNB)
- Aqui é o nosso caldeirão. Estávamos com saudades de jogar aqui no
Tijuca. Nossa torcida é especial, fez a parte dela e de forma limpa.
Acredito que o time deles sentiu isso. Sentiu a pressão da nossa
torcida. E o que aconteceu com o Tyrone é normal quando se joga fora de
casa. A torcida pega no pé mesmo. Pega no meu, no do Marquinhos, não
seria diferente. O importante foi vencer e seguir evoluindo nessa reta
final de classificação - disse Marcelinho.
Com o triunfo, o
Flamengo chega 14 vitórias em 19 jogos, mesma campanha do líder
Brasília, que está à frente pelos critérios de desempate. O Mogi segue
com 13 vitórias em 19 jogos e caiu para a quinta colocação. Olivinha,
com 16 pontos, 10 rebotes e três assistências. Foi o 12º duplo-duplo
dele na atual edição do NBB. Marquinhos, com 20 pontos e seis
assistências, foi o cestinha do Flamengo. Marcelinho anotou seis pontos,
e Fischer fez nove em seu retorno. Ronald Ramón fez outros nove, e
Mineiro, em grande jogo, anotou 15. No Mogi, Shamell foi o cestinha com
29 pontos. Larry Taylor fez 13; Tyrone 11 e Filipin 12 pontos.
- Voltei bem. Fiquei feliz em poder contribuir, em ver que o time se
portou bem, principalmente nos dois últimos quartos. Agora espero ter
uma sequência de jogos e ajudar bastante a equipe nessa continuidade do
NBB. Fiquei muito tempo fora e quero aproveitar para ajudar máximo,
mesmo que sejam por cinco minutos - disse Fischer, que acertou
importantes bolas de três e deu assistências decisivas na parte crítica
do jogo.
A expectativa em cima do encontro era grande. Não
faltavam ingredientes para Flamengo e Mogi fazerem um grande jogo.
Estavam em quadra a briga pelas primeiras posições do Novo Basquete
Brasil, a rivalidade entre dois dos melhores times do torneio, com
Shamell, Larry Taylor, Ronald Ramón, Marquinhos, entre outros. E claro, o
reencontro entre Marcelinho e Tyrone. No dia 18 de janeiro, em São
Paulo, o Flamengo venceu o Mogi por 83 a 57 com direito a confusão. O
americano fez falta dura no capitão do Flamengo, que não se conformou.
Depois do jogo, o acusou de ser "sujo". O imbróglio foi parar no
Tribunal de Justiça Desportiva da Liga Nacional de Basquete e Tyrone
pegou dois jogos de suspensão pela jogada que lesionou os dois
tornozelos do ala do Rubro-Negro.
A
animosidade, contudo, ficou nas arquibancadas. Apesar de não se
cumprimentarem antes do começo do duelo, no tradicional encontro entre
os atletas no centro de quadra, Marcelinho e Tyrone não protagonizaram
nenhuma cena próxima do que aconteceu em Mogi das Cruzes. O foco nos
dois, inclusive, deixou em segundo plano a volta do armador Ricardo
Fischer ao time do Flamengo. Contratado em 2016 como principal reforço
Rubro-Negro, ele fez seu primeiro jogo pelo time em 2017 após seguidas
lesões musculares e por último um edema na musculatura da coxa direita.
Na
quinta-feira, 16, às 20h, novamente no Ginásio do Tijuca, o Flamengo
volta à quadra diante do Campo Mourão, pela 20ª rodada do Novo Basquete
Brasil. Já o Mogi das Cruzes segue no estado do Rio de Janeiro e no
mesmo dia vai até Macaé pegar a equipe da casa, às 19h30, no Ginásio
Tênis Clube Macaense.
Tyrone não teve vida fácil diante da torcida do Flamengo, que o xingou muito (Foto: João Pires/LNB)
Como
era esperado, Flamengo e Mogi começaram o duelo de forma muito
equilibrada. O Fla meteu bola de três com Olivinha e Ramón, e recebeu a
resposta com Jimmy e Larry Taylor. Marcado de perto pela torcida, o pivô
Tyrone Curnell não conseguiu para a infiltração de Marquinhos e o
Rubro-Negro colocou 12 a 7 com quatro minutos jogados. Na metade do
período inicial, porém, o placar marcava 12 a 12. Nos quatro minutos
finais deste quarto, Marcelinho voltou à quadra após quatro partidas
fora, e Fischer jogou pela primeira vez pelo Flamengo em 2017. Ao
arriscar duas bolas de três com Marquinhos e Fischer, o Fla viu a
vantagem ir embora em bela cesta de Vitinho. No último lance, Fabrício
ainda deu lindo toco em Hakeem Rollins e os paulistas fecharam à frente
por 19 a 18.
Torcida do Flamengo xinga Tyrone na partida entre Fla e Mogi (Foto: Thierry Gozzer)
Cestinha
histórico do NBB, Shamell conduzia ao lado de Larry Taylor o Mogi, mas o
Flamengo mostrava certo entrosamento com o quinteto que contava com
Marcelinho e Fischer em quadra. Foi assim em ótima assistência de costas
do armador, que acabou não caindo em bola de três do ala Rubro-Negro.
Na metade do período, o próprio Marcelinho cometeu falta em Tyrone e a
torcida, ironicamente, o parabenizou. No placar, 25 a 24 para o time da
casa. Apostando em bolas de três pontos, as equipes falhavam e ninguém
conseguia tomar a dianteira de vez. O Mogi empatou em 28 a 28 com Larry
Taylor. Os três minutos finais do período repetiram o panorama e
faltando um minuto o marcador era de 36 a 36 com lance livre de JP
Batista. Iguais nos acertos e erros, os times foram para o intervalo com
o jogo em 39 a 39.
O
Flamengo voltou bem melhor para o terceiro quarto. E logo colocou 47 a
40 com Olivinha e JP Batista. Do outro lado, Mogi errava, principalmente
com Tyrone, até então com apenas três pontos e dois rebotes. Em dois
lances livres de JP Batista, o Rubro-Negro manteve à frente por sete
pontos, com 55 a 48 na metade do quarto. Com o time da casa vencendo por
64 a 54, Filipin meteu bola de três e ainda sofreu falta de Marquinhos.
Em jogada de quatro pontos, trouxe para 64 a 58 a diferença. Só que se
Curnell não funcionava, Shamell, Fabrício e Vitinho davam conta. E os
paulistas ainda conseguiram trazer a diferença para apenas um ponto ao
fim do período: 69 a 68.
Chamando a responsabilidade, Shamell
chegou aos 21 pontos na metade do último quarto. Era o suficiente para
manter o Mogi no jogo, perdendo por 79 a 77. No Flamengo, Olivinha
chegava ao 12º duplo-duplo em 19 jogos pela atual temporada do NBB.
Fischer, em bola de três importante, incendiou a torcida abrindo 82 a
77. Marcedo de perto pela torcida, Tyrone ainda chegou aos 11 pontos,
mas fez falta de ataque decisiva em Fischer. No ataque seguinte,
faltando 2min40s, o Flamengo colocou 87 a 79 em bandeja de Olivinha. E
Fischer, em bola de três pontos, abriu 90 a 80 nos dois minutos finais.
Mineiro, em linda jogada, fintou e cravou para o Flamengo, praticamente
decretando a vitória Rubro-Negra, que mais tarde veio por 96 a 87.
O Flamengo teve o retorno de Fischer após lesão (Foto: João Pires/LNB)