O confronto com o vasco vai ter sempre um saber especial para
Vagner Love. A dispensa do clube nas categorias de base foi um baque e
por pouco não fez o atacante pensar em desistir da carreira. A
desilusão, porém, contribuiu para ele ter se tornado o Artilheiro do
Amor, principal esperança de gols do Flamengo no clássico deste domingo,
contra o arquirrival. E a partida acontecerá no momento ao qual Love
retomou a confiança e voltou a fazer gols. Calado durante o período de
oito jogos sem marcar, ele conversou com a reportagem do LANCE!, às
vésperas do clássico, sobre a polêmica na qual se envolveu no último
clássico com o
Cruz-Maldito, garantiu que o Flamengo vai brigar por uma
vaga na Libertadores, que não vai desistir de conseguir uma vaga na
Seleção Brasileira e admite que Ronaldinho poderia estar até hoje no
clube.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Como você encarou a declaração do Felipe após a eliminação do Flamengo na Taça Rio deste ano?
Encarei a declaração dele com a maior naturalidade. Foi bem tranquila. Em nenhum momento eu fiquei chateado.
A resposta não te incomodou nem um pouco?
Nunca
procurei criar polêmica com relação a clássico. Um jogador diz aqui,
outro ali. Falei que é bom quando tem uma atração para o torcedor, com
os dois times completos, fica mais gostoso e emocionante. Nunca vou
gostar de pegar um time sem os principais jogadores. O torcedor um zoa o
outro. Eu tenho amigos vascaínos. Eu fico brincando "tem que estar
completo, porque se ganhar vocês vão ficar dando desculpas". Não
procurei criar nenhum tipo de polêmica. Só falei o que as pessoas
estavam falando na época. Tinha muitos jogadores que não poderiam jogar.
Você tem um passado no vasco. Como foi essa experiência?
Joguei
no mirim e no primeiro ano de infantil. Uns dois anos e alguns meses.
Eu torcia pelo Flamengo. Garoto não tem aquela coisa ainda. Tinham
vários outros jogadores que estavam próximo do profissional e torciam
pelo Flamengo também. Mas é a questão da primeira oportunidade que você
tem de jogar futebol. A minha primeira oportunidade foi no vasco e eu
aprendi me ensinou muita coisa. Aprendi muito. Não levava muito a sério
esse negócio de jogar pelo vasco e torcer pelo Flamengo.
Existe alguma mágoa por ter sido dispensado do vasco?
Na
época eu fui mandando embora porque era pequeno, não tinha porte
físico. Mágoa, mágoa eu não tenho, mas eu quase pensei em parar. Parei
de jogar por um tempo, não queria mais saber de bola. Queria estudar,
mas não guardo mágoa, foi até bom ter acontecido isso. Fez eu correr
atrás depois, me dedicar, para voltar a jogar voltar num time grande
novamente. Voltei para o Campo Grande, depois passei uns seis meses no
São Paulo e fui para o Palmeiras.
Hoje em dia tem vascaíno no elenco do Flamengo?
Hoje, aqui? Não. Se tiver é muito enrustido. (risos)
O que foi fundamental para você voltar a marcar gols?
Trabalho
e confiança. Acho que a partir do momento que você continua treinando,
se dedicando, as coisas vão acontecer naturalmente. Eu nunca deixei de
focar no meu trabalho. Nunca deixei de confiar em mim, os meus
companheiros me passaram muita confiança, o treinador também. Isso fez
com que a gente se ajudasse dentro de campo e, por isso, consegui ter
oportunidades e confiança para fazer os gols nos últimos jogos.
A chegada de Dorival foi importante para essa mudança?
Foi
importante a chegada do Dorival. É um treinador que cobra e está sempre
pedindo para os jogadores se dedicarem nos treinamentos. Acho que foi
importante o jogo com o Atlético-MG ter sido adiado. Porque ele teve um
período maior para conhecer os jogadores. E ver o que queria. Fez com
que nós entrássemos no espírito de Flamengo, dedicação, de tudo que a
gente precisava. Isso fez com que todos os jogadores ganhassem
confiança. Deu oportunidades para jogadores que não tinham tido. Isso
fez com que a gente pensasse num objetivo só e começasse a reagir no
Brasileiro.
Você vê o clássico com o vasco como um jogo especial?
É
especial em geral, pela tradição que tem um Flamengo e Vasco. Pelas
torcidas terem essa rivalidade. Pelo Flamengo já ter ganho títulos em
cima do Vasco, o Vasco ter ganho títulos em cima do Flamengo. É um jogo
especial, pela história dos dois clubes. Pela história que tem.
É um bom jogo para ultrapassar o Fred na artilharia?
Tomara
que sim. O objetivo é esse. Meus companheiros vão me ajudar e defender
bem lá atrás, vão fazer com que a bola chegue na frente em condições de
fazer gols e eu possa ajudar o Flamengo fazendo gols nesse clássico.
Pode garantir que vai brigar pela artilharia até o fim?
Eu
quero muito (risos). É um objetivo pessoal que tenho. Quero que o
Flamengo chegue nas primeiras colocações, brigue por título. Se o
Flamengo estiver brigando por título, Libertadores, com certeza vou
brigar pela artilharia. Quero primeiro que o Flamengo esteja bem
Você tem falado com o Ronaldinho, agora que ele está um pouco mais distante?
Tem
algum tempo que não falo com ele, mas a amizade é a mesma. Antes de a
gente jogar junto aqui, antes mesmo de vir para o Flamengo, sempre
tivemos uma amizade, sempre tivemos contato e vai continuar sendo assim.
Essa é a opinião de todo o grupo do Flamengo?
Com
certeza. todo mundo aqui é amigo dele. Independentemente do problema
que ele teve com o Flamengo. Ele não teve problema com os jogadores, mas
com o Flamengo. todo mundo aqui é amigo. De vez em quando ele fala com
alguns jogadores, sente falta de nós, e sentimos falta dele, pois é um
amigo nosso. Mas eu quero ganhar o jogo dele, não quero dar mole para
ele não.
Dá para dizer que ele está fazendo falta em campo também?
Nós
sentimos falta dele dentro de campo, claro. É um jogador importante
para a gente. Para mim, particularmente, porque era o jogador que metia
as bolas, que fazia a bola chegar ao ataque. Depois, com a saída dele,
demorou para o time se adaptar aos novos jogadores, em relação ao
esquema tático. Sentimos um pouco, sentimos em geral. Acho que não foi
só pela saída do Ronaldo que o time caiu de produção, o time em geral
caiu. As coisas não vinham acontecendo do jeito que a queríamos. Foi um
momento ruim pelo qual passamos. Espero que esse momento não chegue
mais.
De vez em quando vocês pensam que ele poderia estar aqui?
Poderia.
Sabemos que poderia estar aqui. Mas não mandamos na vida de ninguém.
Não sabemos o que se passa na cabeça das pessoas e das pessoas que
trabalham com ele. Desejo toda a sorte do mundo para ele, é o nosso
amigo.
E com o Adriano, você tem falado, está torcendo para que a dupla possa ser reeditada?
Espero
que ele possa voltar a jogar futebol. Se jogar pelo Flamengo vou ficar
muito feliz. Se ele voltar e reeditar uma dupla comigo vou ficar muito
feliz porque deu certo da outra vez.
Como seria esse ataque com Vagner Love, Adriano e Liedson? Dá para imaginar um nome para o trio?
Não sei como se chamaria, mas acho que daria bastante trabalho (risos) para as zagas adversárias.
Algumas pessoas chegaram a dizer que acabou a bagunça no Flamengo quando o Ronaldinho saiu. Você concorda?
Faltava
organização geral. O Zinho chegou e não mudou só porque o Ronaldinho
saiu, mas quando o Ronaldinho estava aqui também já estava organizando.
Quando ele (Zinho) chegou a casa estava desarrumada, mas nada a ver com o
Ronaldo. Ele veio para organizar o clube e o que estava bagunçado por
aqui. Ele estava procurando fazer isso quando o Ronaldinho ainda estava
conosco. .
Você tem alguma coisa para falar para o Joel? Houve realmente um problema entre vocês?
Tudo
que eu tinha para falar com o Joel ou do Joel, eu falei quando ele
estava aqui, Hoje eu não tenho nada para falar dele, da pessoa dele, do
trabalho dele.... Nunca tive problema com o Joel. Tudo que eu achava, a
minha opinião, eu falava diretamente para ele, sem rodeios.
Você vai apoiar a candidatura da Patricia Amorim nas eleições do Flamengo, este ano?
Se
eu puder apoiar ela de alguma forma, sim. Temos uma amizade fora do
clube. Acho que ela está fazendo um bom trabalho. Está procurando
melhorar o Flamengo. Ela não se preocupa em colocar dinheiro no bolso,
se preocupa com o Flamengo, em fazer melhorias no Ninho do Urubu. Em
2010 não tinha nada disso aqui. Quando nos treinamos de manhã a gente já
fica aqui, descansa, as coisas estão melhorando aqui, na Gávea, tudo
isso na gestão dela. Os salário estão em dia. Há muito tempo que o
Flamengo não tinha isso. Uma pessoa que procura fazer o bem do Flamengo
tem que continuar.
Não te preocupa os problemas com as dívidas?
Hoje
ela é a presidente do clube, ela assumiu e vem pagando as dívidas dos
outros presidentes. Não é culpa dela. As pessoas fazem uma coisa, uma
tempestade em copo d'água em cima dela porque hoje ela é a presidente do
clube, esse ano tem eleição. Tem aquela briga de oposição, que está lá
para tirar ela e colocar outro no lugar. A culpa não é dela. Quem tem
que assumir essas dívidas são essas pessoas que estavam na época.