"Existe negociação nesse sentido". Esta foi a frase usada pelo
presidente do Flamengo para classificar o atual planejamento do clube
para a construção de um estádio próprio. Eduardo Bandeira de Mello
revelou alguns detalhes das negociações durante a sabatina realizada na
manhã desta sexta-feira no estúdio do GloboEsporte.com, no Rio de
Janeiro. O mandatário rubro-negro afirmou que o Fla já negocia com
investidores do ramo imobiliário para construir um estádio junto com um
conjunto habitacional em uma região remota da cidade, uma vez que a
diretoria entende que o contrato firmado com o Maracanã não é tão
vantajoso para o clube. Uma reforma na Gávea também é um assunto
estudado pelo Flamengo.
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Não é um sonho distante. Para a maioria, o estádio dos sonhos sempre
foi o Maracanã. Estamos acompanhando as tratativas do governo e
concessionária. É um contrato longe de ser dos sonhos. A continuidade do
Flamengo no Maracanã vai depender das melhorias dessas condições.
Ninguém imagina o Maracanã sem o Flamengo, jamais será um bom negócio
sem o Fla. Existe também a possibilidade de partir para construção de
estádio próprio, em um lugar mais remoto, parceria com um grupo
empresarial, um complexo residencial, com o estádio acoplado. Estamos
trabalhando nisso, existe negociação nesse sentido. Paralelamente,
podemos ter a construção de um estádio pequeno na Gávea, para jogos de
menor apelo, base, usar para outros esportes e até mesmo para jogos de
menor expressão. Mas teria de ser pequeno, o mais bonito do mundo pela
localização, e isso teria de ser negociado com nossos vizinhos, governo -
revelou Bandeira.
O presidente rubro-negro também abordou o
racha na Chapa Azul - o antigo aliado Wallim Vasconcellos vai concorrer
contra Bandeira à presidência na eleição do fim do ano -, bateu forte
novamente no Campeonato Carioca, falou sobre Guerrero, CT, onde jogar em
2016 com o fechamento do Maracanã e Engenhão para os Jogos Olímpicos,
sócio-torcedor...
Veja abaixo os outros tópicos da entrevista do presidente do Flamengo:
Racha na Chapa Azul
Tentei ao máximo
adiar essa questão eleitoral, porque acredito que não é produtiva. A
eleição é somente em dezembro. Mas é inevitável falar sobre isso, até
porque houve mesmo essa dissidência no grupo. A partir de agora temos
que lidar com isso. Mas particularmente não tenho tempo para fazer
campanha política, estou focado em ser um bom presidente do Fla, que,
talvez, seja a melhor estratégia. Estou 99% focado na administração do
Flamengo. E não me senti traído, não. É direito de qualquer rubro-negro
disputar o pleito. Todos estão no seu direito.
Quem me conhece,
sabe que a ultima coisa que posso ser taxado é como personalista. Sempre
procurei trabalhar com decisões colegiadas, ainda mais com toda a
complexidade do Flamengo. Sempre procurei manter os melhores métodos. A
característica personalista passa longe de mim. Tem sempre que haver
conversa, jamais fui uma pessoa destrutiva. O processo eleitoral é um
processo democrático, e tem que ser respeitado. Não só ela, mas como
todas as chapas que forem inscritas.
Reforços para 2015
Possibilidade existe. Vai depender de oportunidade, de recursos. Mas
diria que nosso elenco se aproxima de um formato, que pode não ser o
ideal, mas é o que é possível no momento. Porém, pode ser considerado
superior ao que tivemos nos últimos anos. Para esse ano, não dá para
fazer nenhuma contratação de impacto mais. Não existe essa
possibilidade. Na medida que as nossas finanças vão melhorando, fica
mais fácil você sonhar com reforços de peso. A partir do ano que vem,
cada ano vai ser melhor.
Racha com a Ferj
Realmente é um assunto
que está nos mobilizando. Nossa posição com relação a Ferj é a mesma:
estamos rompidos desde aquela baixaria de janeiro. Estamos avaliando
alternativas para 2016. A Sul-Minas é uma das alternativas. O nosso
diretor de marketing vai participar da reunião nesta sexta-feira, onde
vamos recolher mais dados. Não podemos demorar muito para definirmos
isso para nos planejarmos. Eu acho que ainda estamos ainda longe de uma
decisão definitiva. Ainda não sabemos como ficará nossa relação com o
Carioca de 2016 e não podemos nos submeter a uma situação que é
completamente inviável. Não seria bom para ninguém que o Carioca
continuasse nessa situação.
Nós estamos avaliando todas as
alternativas. Disputar o Carioca, nos moldes que foi disputado em 2015,
com o time principal, está totalmente fora de questão. Vamos avaliar que
time vai disputar o Campeonato Carioca, e isso vai depender das
alternativas que vamos ter para 2016. Vai depender muito também da
negociação com a televisão, com a CBF. São duas instituições que não tem
nada com isso, e precisam ser respeitadas.
Sócio-Torcedor
Claro que o programa sócio-torcedor está muito aquém ao potencial da
nossa torcida. E acho que vai permanecer por algum tempo ainda. Se o
programa atingisse a taxa de conversão do Internacional, teríamos 860
mil sócios-torcedores do Fla e estaríamos com os problemas resolvidos.
Se fosse comparada com a do Benfica, teríamos 1,4 milhão de sócios.
Esses números ainda são irreais. O Flamengo ainda não tem um estádio
próprio ainda, o que seria um fator de alavancagem. Nosso programa está
num processo de crescimento sustentável. Não somos o maior. Porém, o Fla
não tem um programa que dá ingressos. Com isso, posso dizer que
somos o programa com a maior rentabilidade. Ele garante uma receita de
R$ 30 milhões/ano. É a nossa terceira maior receita, perdendo só para a
televisão e a Adidas. No futuro, esperamos que seja a maior receita do
Flamengo. Estamos perto de apresentar uma série de melhorias no
programa.
Saída de Cáceres
Existe uma sondagem que chegou a nós pelo próprio jogador. Quando houver algo de concreto, vamos tomar uma decisão.
Precisa de R$ 10 milhões em vendas?
Não tem ninguém saindo.
Essa informação conta em nossa receita quando elaboramos o orçamento do ano.
Isso segue previsto, mas não existe nada em relação a jogador em
processo de saída.
Guerrero
Expectativa muito grande que seja
um marco da recuperação do time do Flamengo. A partir daí mudamos de
patamar e disputaremos na parte de cima da tabela. É começar a ter um time
que a gente sonha e mereça. Passamos momentos difíceis para recuperar a
credibilidade do clube. Agora começamos a poder investir em uma equipe
que a nossa torcida sonhe.
Time forte em 2016?
O que posso prometer é
que o objetivo é esse. Estamos trabalhando para isso, mas nunca vamos
nos afastar da nossa política de responsabilidade. Se entender de
futebol é agir irresponsavelmente, não entendo de futebol. Torcida tem
nos apoiado. Os frutos vamos colher mais na frente. Não vou afirmar que
seremos campeões do mundo em 2016, mas vamos brigar muito para isso.
Temos muito a fazer, investir na base. Fomos referência, isso se
deteriorou e vamos recuperar nossa competência. Não se investe na base hoje
para colher amanhã.
Atraso nas obras do CT
Temos transparência
absoluta nessa questão. O ritmo não é aquele que nós imaginamos, é
verdade. Esperamos que até o fim de 2016, o módulo profissional esteja
pronto para uso. A ideia é essa. Esperamos que, em 2016, possamos dar um
salto significativo nesse quesito.
Temos várias
prioridades. Até essas medidas paliativas (no Ninho do Urubu), já
melhoraram consideravelmente as condições de treinamento. O CT do
Flamengo hoje está em condições de uso. Se compararmos com outros clubes
do Rio, é certamente o melhor em condições para treinamento.
Paulo Vitor saindo em carrinho de obra do CT
A
maneira como foi colocada foi desagradável. Poderia supor que não
estávamos tratando nosso goleiro da melhor maneira. Foi até o médico que
sugeriu levá-lo no carrinho. Foi uma solução improvisada. Talvez a
imagem deva ter sido pior que o fato. Mas isso não o prejudicou, nem
agravou ainda mais a lesão dele.
Conselho Gestor
É um comitê do futebol. Temos o Rodrigo Caetano e um
conselho de administração. Trabalha em decisão de longo alcance.
A contratação do Guerrero não é só dizer que ele é bom. Não é uma decisão
do dia a dia do futebol. Decisões estratégicas passam por esse comitê.
Ele é formado por cinco pessoas.
Maracanã e Engenhão fechados
Ano que vem
preocupa a todos nós. Boa parte do ano sem Maracanã e Engenhão. Não
temos onde jogar partida de grande apelo. Fora do Rio ou então uma
solução provisória se ela for viável. Cada dia que passa fica mais
tarde. Mas solução provisória não é de todo impossível e está sendo
avaliado.
Cristóvão Borges
Não acho que a torcida tenha perdido a paciência com
ele. É um técnico aberto a métodos científicos, é adorado
pelos jogadores. O treinador só precisar ser substituído quando perde o
controle do elenco, e isso não acontece. Tenho confiança. Os jogadores têm
a melhor avaliação possível. A gente entende a impaciência da torcida,
ela busca um culpado. Empate com o Santos não foi culpa do treinador, nem da
escalação e nem das substituições. Gostaria que prestigiassem nosso treinador.
Vai nos dar grandes alegrias.
Caso Hernane
Isso está na Fifa. O Flamengo
conhece bem esse caminho, mas pela primeira vez está como credor, sempre era
devedor. Vamos receber com juros, multas. Já ganhamos na Fifa, os
árabes recorreram. Uma hora o dinheiro vai entrar.
Amor e ódio
Ouço todo dia (que a diretoria não entende de futebol). O Flamengo tem
40 milhões de treinadores em sua torcida. Essa coisa de que a gente não
entende e futebol me assusta. Já ouvi que assim: "temos que contatar um
reforço tal". Respondemos que não temos orçamento. Daí falam: "contrata
assim mesmo". Se for assim, eu não entendo nada de futebol mesmo. O
futebol não é uma ciência exata. Precisamos colocar cada vez mais
métodos científicos.
A torcida é muito carinhosa
comigo. Mas essa importância é do Flamengo, qualquer pessoa que esteja
sentado na cadeira do Flamengo acaba sendo o objeto desse carinho da
torcida. Mas tenho certeza que não é comigo, pessoa física é com o
cargo. Muita selfie!