A disputa para assumir a administração e gestão do Maracanã ganhou
novo capítulo nesta quarta-feira com a oferta do grupo inglês CSM,
parceiro de Flamengo e Fluminense, para comprar a concessão da
Odebrecht. A informação foi divulgada pelo colunista Lauro Jardim, do
Jornal ''O Globo''. A oferta será levada ao governo do estado do Rio de
Janeiro.
O executivo da CSM, Cadu Ferreira, mostrou otimismo
que a oferta da empresa seja vencedora. Lembrou que a filosofia da
empresa é similar à dos parceiros e citou o edital que previa a
utilização do estádio por dois clubes.
- Vou me surpreender se
a nossa proposta não for aceita. Somos a única empresa que tem contrato
com Flamengo e Fluminense, independentemente do sócio torcedor que
fazemos com eles. Porque nossa filosofia é a mesma dos clubes: a gente
entende que os clubes devem ser os protagonistas, não uma empresa
qualquer de marketing esportivo. Os clubes são o carro-chefe do estádio,
e os colocamos à frente da organização dos jogos. Vai ser outro
Maracanã. O clube vai se sentir em casa, diferentemente do modelo em que
ele era um mero cliente. Qualquer outra proposta não está alinhada com o
edital de licitação vencido pela Odebrecht em 2013. Havia uma cláusula
que obrigava o uso do estádio por dois clubes cariocas.
Antes de fazer a
proposta, a gente sentou com governo, Casa Civil e Odebrecht. Não
tiramos a proposta da cartola. Ela está feita dentro do reequilíbrio
financeiro - afirmou Cadu Ferreira.
Após assumir a gestão do
estádio em 2013, o consórcio da Oderbrecht pediu rescisão do contrato. A
partir daí, o Flamengo adotou uma postura mais dura e passou a dizer
que não abriria mão de uma administração que colocasse o clube como
protagonista no Maracanã. O Fluminense, por sua vez, manteve a postura
de aguardar definição da questão, afinal, tinha contrato em vigor com o
concessionário.
No último mês, o governo do estado do Rio de Janeiro se reuniu com a francesa Lagardère - associada à brasileira BWA - para transferir de forma direta a concessão do Maracanã
da Odebrecht. O Rubro-Negro divulgou nota oficial e reforçou que não
aceitaria jogar no estádio com outro consórcio. Nesta semana, o Flamengo
acertou acordo com a Portuguesa da Ilha para usar o Luso-Brasileiro a
partir de janeiro. O contrato é de exclusividade por três anos.
Estudo prevê investimento 80% menor
A
Fundação Getúlio Vargas concluiu estudo no meio do ano passado que
previa reequilíbrio do contrato de concessão. A onda de manifestações em
2013 impediu demolições de estrutura e a construção de estacionamento e
shopping center, entre outros empreendimentos que permitiriam
exploração comercial dentro do complexo esportivo.
Inicialmente,
o edital de licitação citava R$ 594 milhões de investimentos a serem
feitos. Este valor seria bem reduzido, para cerca de R$ 120 milhões,
segundo o estudo da FGV. Para o executivo da CSM, "nada que o Governo
não tenha sinalizado que não possa fazer".
Acordo por 32 anos também com o Fla
O
diretor geral do Flamengo, Fred Luz, reforçou que o clube continua
querendo a licitação, para assumir diretamente a administração e gestão
do estádio - nos moldes atuais, eles só podem participar em contratos de
utilização do Maracanã. Mas lembrou que, com a CSM, o clube se sentiria
protegido. Recentemente, o presidente Eduardo Bandeira de Mello disse
que o Flamengo não cederia a "chantagens" para fechar contrato com a
Lagardère e a BWA.
- Todo mundo sabe que o Flamengo deseja
mesmo é que tenha uma nova licitação, onde possa participar e ser
protagonista. Na hipótese de isso não ocorrer, não aceitaria que a
empresa intermediária viesse prejudicar os interesses do Flamengo.
Fizemos um acordo com a CSM e, se esse modelo prevalecer, o Flamengo
considera satisfatório - afirmou o dirigente do Flamengo.
Caso
a CSM assuma o estádio, o acordo com o Flamengo será de 32 anos.
Mesmo período que ainda resta de contrato do Fluminense com a Odebrecht.
Procurada, a atual concessionária informou que não iria se manifestar
sobre propostas comerciais recebidas para vender a concessão do
Maracanã.
Flu poderá romper acordo por estádio próprio
Peter
Siemsen, presidente do Flu, confirmou o acordo com a CSM. Nele, a base
do contrato com a Odebrecht é mantida, ou seja, não há custo para atuar
no estádio. Há mudanças, porém: o Tricolor não tem mais a
obrigatoriedade de mandar jogos contra times pequenos no Carioca e os
das duas rodadas iniciais da Copa do Brasil no Maraca - o Giulete
Coutinho, casa do America-RJ, é a alternativa. Nas demais partidas, o
preço dos ingressos parte de R$ 40.
Além disso, o clube tem o
direito de rescindir o contrato ou deixa de ter a obrigação de levar
suas partidas ao Maracanã a partir do momento em que construa um estádio
próprio. Peter considerou a negociação vantajosa:
-
Antes, o Fluminense tinha obrigatoriedade de jogar no Maracanã. Agora,
há a opção de
rescindir e a opção de não ter a obrigação de atuar lá, no caso do novo
estádio. Isso se o futuro presidente realmente quiser construir, não sou
eu que vou decidir. Mesmo assim, os confrontos de grandes públicos
podem ser levados ao Maracanã. Então, temos um contrato em vigor
interessante, que passará por ajustes que em nada prejudicam o
Fluminense. A empresa que é nossa parceria. É vantajoso ao clube.