O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, sabe que
sofrerá oposição ferrenha em 2015, ano das eleições presidenciais do
clube. Para ele, os motivos podem ser relacionados ao último balanço
divulgado, referente ao terceiro trimestre de 2013: as contas do
rubro-negro, segundo o dirigente, estão sendo saneadas, e a projeção é
de que haja um bom fluxo de caixa para 2016/2017. Numa expectativa
otimista, pode chegar a R$ 100 milhões limpos para investimentos no
futebol ou em qualquer outro esporte.
Queda das dívidas
“No último balanço, referente até setembro de 2013, a dívida caiu de
R$ 750 milhões para R$ 577 milhões. Até o fim do ano deve chegar a R$
562 milhões. Antes, a dívida por torcedor, que é uma das nossas fontes
de renda, era de R$18,75. Agora, está em perto de R$ 13. Ao contrário da
maioria dos grandes clubes brasileiros, segundo o estudo do Itaú BBA, o
Flamengo é o único que teve redução nas dívidas. Nunca vai chegar a
zero, nenhuma empresa trabalha com isso. O que temos é o endividamento
bom e o ruim. Por exemplo, se pegar financiamento para gerar mais
receita, é bom.”
Potência em 2016/2017
“Em 2016, começamos a caminhar para sermos uma potência no futebol.
Esperamos contar com endividamento público reescalonado (dívida
tributária alongada em 20 anos dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal)
e trabalharmos com endividamento privado de acordo com a nossa
realidade. Podemos comprar um jogador e dividir o pagamento por ele.
Isso é uma dívida boa. E, continuando assim, temos a projeção do
departamento financeiro de R$ 80 a R$ 100 milhões no orçamento para
investimentos.”
Flamengo de 2015
“Vai ser melhor do que 2014, mas não podemos considerar confortável.
Teremos mais investimentos no futebol. Alguns penduricalhos da folha de
pagamento ficam menos expressivos. Não vai ser o dobro de investimentos
em valores, mas talvez em qualidade.”
Contratações
“Temos que usar a criatividade e sentimos que os jogadores estão
acreditando mais na credibilidade do Flamengo. Existem negociações em
andamento, só vamos divulgar mais tarde.”
Atrasos de pagamento
“Cada mês é difícil de fechar com tudo em dia. Estamos com os
direitos de imagem de alguns jogadores atrasados (alguns chegam a cinco
meses). Mas não é tão expressivo na renda total deles. Eles estão
tranquilos porque sabem que vão receber.”
Sócio torcedor
“Hoje já é a terceira maior receita do clube, atrás das cotas de TV e
muito perto da Adidas. Atualmente temos 57 mil sócios torcedores no
programa (chegou a ter 64 mil após a conquista da Copa do Brasil). O
Internacional, que lidera, tem 120 mil. Se tivermos o que eles têm,
estaremos no caminho certo. Porém, o processo é lento, tem de ser
construída fidelidade maior.”
Contrato com Maracanã
“O Flamengo fica, em média, com 23% da renda, abaixo dos outros
clubes, que fizeram contratos com novos estádios. Mas qual era a opção?
Para nós, não era vantajoso um acordo como o do Fluminense. O consórcio
age também em função do contrato de concessão. Temos de sentar com os
outros clubes e o governo do estado para revermos algumas questões.”
Denúncias da oposição
“É acusação gravíssima (um conselheiro da oposição formalizou pedido
para que o Conselho Deliberativo investigue denúncia de grampos de
telefones pessoais de funcionários e monitoramento de e-mails por uma
empresa contratada pelo clube). Nosso departamento jurídico já está
estudando processá-los. Imagino que a motivação deles em fazer isso é
porque estão de olho no poder do Flamengo. Devem estar vendo que o clube
está melhorando e que, de 2016 para frente, o clube estará saudável. A
minha preocupação é que o clube não caia em mãos não tão confiáveis. Se
não existe nada para descobrir, não vão descobrir nada.”