O discurso foi um pouco mais ameno do que o de dois nmeses atrás. Mas, nesta quinta-feira, na Gávea, Diego Hypolito voltou a desabafar sobre sua situação no Flamengo. Sem contrato com o clube desde o fim do ano passado, o ginasta, que voltou aos treinamentos após cirurgia no ombro esquerdo, reclamou sobre a falta de investimentos da diretoria rubro-negra na ginástica olímpica.
- É engraçado dizer que não tem dinheiro e contratar jogador de R$ 200 mil por mês. Eu não quero ficar reclamando. Não vislumbro gerar polêmica com o Flamengo. Não desmereço o clube, mas não temos como negar que há um desmerecimento com os atletas da ginástica. Não só aqui. O Rio de Janeiro é muito carente de atletas. Ainda bem que tem gente que investe no esporte. Se não, a ginástica no Rio já teria morrido.
Embora afirme que o Flamengo se responsabiliza pelos custos de suas viagens e pelo pagamento da comissão técnica, Diego lembra que ainda tem quatro meses de salário a receber referentes ao contrato de 2008. Eram seis, mas, durante a gestão de Marcos Braz, atual vice de futebol, o Flamengo pagou parte da dívida. O ginasta voltou a falar da possibilidade de sair da Gávea em busca de uma nova equipe, apesar de dizer que sua cabeça, no momento, está focada na recuperação.
- Pode existir a possibilidade, mas nunca declarei isso. O que acontece é que antes era inexistente. Hoje, já não é. Mas minha preocupação agora é me recuperar da lesão. Deixo isso com o meu empresário. Parei de me preocupar com isso. Eu me desgastei demais no início do ano.
Apesar do desabafo, Diego afirma estar bem. Após um início de ano complicado, ainda pelo mau desempenho nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, o ginasta diz estar vivendo o melhor momento da carreira e da vida pessoal. Recentemente comprou, ao lado da irmã, Daniele, um apartamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. No entanto, não deixa de criticar a falta de valorização do esporte brasileiro.
Diego treina na Gávea após 50 dias afastado
- Apesar de tudo, eu estou bem. Foi o primeiro ano que eu cheguei a pensar em sair da ginástica por desgosto. Desgosto por não ser valorizado dentro do meu país. Melhorou, mas é feio para o país. O esporte é o principal meio de dar uma vida melhor ao jovem. O esporte mudou minha vida. Já cheguei a passar fome, com minha mãe sem dinheiro para comprar leite. Temos tantos exemplos nobres, como Cesar Cielo, Maurren Maggi, entre outros. Tínhamos que viver mais isso.
Diego lembra que o apoio aos esportes olímpicos é fundamental para que o Brasil tenha ainda mais sucesso em competições internacionais. Para ele, um país que tem o sonho de sediar os Jogos Olímpicos de 2016 não pode deixar os atletas de lado.
- Eu sonho muito com os Jogos no Rio em 2016. Vai gerar muito emprego para o país. É preciso muito dinheiro, mas também depende muito dos atletas. Se em Pequim eu disputei uma medalha, no Rio, vou querer ter chances de ganhar duas. Mas tem que ter apoio. Não é só ao Diego Hypolito, é a todos os atletas.
Diego pede que Flamengo fique à frente de instituto de ginástica
Diego falou também da criação do instituto de ginástica em parceria com a prefeitura de Niterói. A idéia inicial era que a fundação levasse o nome do atleta. Ele, porém, não aceita muito bem a idéia. Para o ginasta, o ideal é que o Flamengo entrasse de frente no projeto.
- Preciso marcar uma ida com meu empresário para conversar com o prefeito de Niterói (Jorge Roberto Silveira). A idéia do instituto é maravilhosa, mas é difícil ser atleta e administrador. Não teria controle. Quando envolve dinheiro, as pessoas crescem o olho. Nada mais justo que entrasse o clube. O clube que tem que gerir. Seria muito pretensioso eu ser chefe do meu treinador. Não posso. Já se passou muito tempo. Temos que encontrar uma forma adequada.