Léo Moura
é puro sorriso. E bom futebol também. Prestes a completar 35 anos - na
próxima quarta-feira, dia 23 -, o lateral-direito volta a viver dias de
protagonista no clube. O capitão tem sido destaque da equipe nas últimas
rodadas do Brasileirão com assistências, gols e fôlego. Um trabalho
físico especial com ênfase no descanso tem dado ao camisa 2 força e
resistência para a reta final do Brasileirão, e a partida decisiva
contra o Botafogo, pelas quartas da Copa do Brasil, será justamente no
dia do aniversário dele.
Léo, que recentemente completou 450 jogos pelo clube (está com 453),
tem contrato até 31 de dezembro e aguarda um contato da diretoria. O
vice de futebol Wallim Vasconcellos já disse publicamente que pretende
manter o jogador, e a evolução do lateral deixa a permanência mais
próxima. Ele espera.
- Eu nunca escondi a vontade de permanecer até o fim da carreira. O
Wallim deu entrevista, e fiquei feliz com isso. Isso mostra o interesse
dele e da minha parte também de ficar. Ainda não falamos, mas ele sabe
da minha vontade. Que no fim tudo se resolva, que eu continue jogando
com a camisa do Flamengo. Não quero parar nos 450, quero completar 500
jogos, o quanto eu puder.
Léo Moura já pensa em completar 500 jogos pelo Flamengo (Foto: Richard Souza)
Em uma conversa com o GLOBOESPORTE.COM no Ninho do Urubu, Léo disse que
acredita em um fim de temporada positivo para o Flamengo, apesar de
tantas dificuldades em 2013. O entrosamento com o artilheiro Hernane é,
segundo Léo Moura, um dos trunfos da equipe para buscar uma posição
melhor no Brasileiro e o título da Copa do Brasil.
Confira a íntegra do bate-papo:
Como conseguiu fôlego para chegar à linha de fundo aos 39
minutos do segundo tempo contra o Bahia e cruzar uma bola perfeita para o
gol do Hernane?
Isso é o fruto do trabalho. Tenho, junto com o Joelton (Urtiga,
preparador físico), com o Dani (Daniel Félix, preparador físico), o
Pavanelli (Cláudio, fisiologista), feito um trabalho diferenciado
justamente para isso. Para que, quando chegar no fim do jogo, mesmo com o
jogo corrido do jeito que foi contra o Bahia, eu consiga chegar inteiro
para fazer um cruzamento, para chegar numa bola. É daí que vem a força,
tirar força para poder ajudar o Flamengo também e fazer a jogada que
sempre gosto de fazer, que é ir ao fundo e dar passe para gols.
É um momento da temporada em que muitos jogadores, não só do
Flamengo, estão desgastados fisicamente. E parece que você está no
caminho oposto, está crescendo.
O projeto é para isso mesmo. Para que, quando chegar no fim da
temporada, eu esteja subindo. Quero que continue assim até o fim, eu sei
que se continuar dessa forma vou poder ajudar muito o Flamengo, ajudar
os companheiros dentro de campo. Estamos indo pelo caminho certo.
Houve um momento da temporada em que se falava em poupar você
de jogos. Agora, você tem sido poupado de treinos no campo, trabalha na
academia, e tem jogado todas as partidas. O que mudou?
Às vezes, os jogos nem deixam ficar fora. São jogos sempre decisivos,
dificilmente temos uma folga para respirar no campeonato, é um jogo
atrás do outro, jogos difíceis, mas a programação de estar fora dos
treinamentos no campo, já que a gente trabalha na musculação, tem
surtido efeito. No momento que der para ficar fora de uma partida, em
que o momento do time no campeonato for melhor, também temos pensado
nisso. Mas tudo com o Jayme e com a preparação física.
O quanto é importante para seu ganho de confiança estar
crescendo nesse momento? O Flamengo começa a respirar no Brasileiro e
tem a Copa do Brasil com chance de título. Promete ser uma reta final de
muita exigência. Como está se sentindo para isso?
São duas competições distintas. A gente não pode vacilar no Brasileiro,
mas também já tem aí um jogo dificílimo da Copa do Brasil (contra o
Botafogo, dia 23, no Maracanã). O que mais perguntam é o que o Flamengo
vai fazer nesses dois campeonatos. Vamos entrar para fazer o melhor
sempre. Descanso também é treino. A preparação física tem sido
inteligentíssima de poupar a gente de alguns treinos no campo. Até
porque o time começou a pegar uma forma. Os jogadores já sabem onde cada
um está, a maneira de jogar. E temos crescido nessa reta final. Quem
iniciou, ninguém vai lembrar. Mas vão lembrar de quem terminar. E isso é
importante.
O ano passado foi atípico porque você se machucou muito. Neste
ano você teve lesões, mas foram simples, e recuperou-se mais rápido. É o
resultado dessa programação especial?
A última vez que fiquei fora foi durante uma semana, uma semana e meia.
A prevenção de lesão é justamente nesse período de preparação, de
descanso. Esta temporada tem sido especial para mim, ainda mais por
estar num término de um contrato, quero muito ficar, e tenho que fazer
sempre o melhor. Estar sempre jogando, estar bem fisicamente e
mentalmente, isso tudo ajuda. As lesões têm sido mínimas e espero que
seja assim até o fim da temporada.
Nesse período de crescimento você completou 450 jogos pelo
clube, o Wallim Vasconcellos (vice de futebol) já disse que tem
interesse em renovar, e na semana que vem você completa 35 anos. Já
houve algum contato? Como está essa expectativa?
É um momento especial da minha vida dentro e fora do campo. Confiança,
gols, passes, eu estava sentindo muita falta disso, porque sempre foi
dessa forma que finquei meu nome no Flamengo. E que assim seja até o
fim. Nunca escondi a vontade de permanecer até o fim da carreira. O
Wallim deu entrevista, e fiquei feliz com isso. Isso mostra o interesse
dele e da minha parte também de ficar. Ainda não falamos, mas ele sabe
da minha vontade. Que no fim tudo se resolva, que eu continue jogando
com a camisa do Flamengo. Não quero parar nos 450, quero completar 500
jogos, o quanto eu puder.
O jogador completa 32, 33 anos, e o assunto fim de carreira
começa a fazer parte da rotina. Isso acontece com você, mas você
continua aí. Estabelece uma idade para parar?
Sempre falei que primeiramente tenho que estar feliz e dando conta do
recado. Não adianta estar com a idade e não conseguir acompanhar o ritmo
do futebol. Eu me espelho em Zé Roberto (do Grêmio), que tem 38 anos e
está jogando, em Seedorf. São jogadores que se preparam, que se cuidam. E
eu faço isso. Até quando puder, estiver em melhor forma, vou estar
pronto para jogar. Até para curtir a família também, que é o momento que
pede também. A ideia é de jogar dois anos, no máximo três, mas acho que
mais dois anos seria o momento de pensar em parar.
Como está sendo para você voltar a viver essa rotina de pós-jogo com repercussão positiva e momentos de protagonismo?
Não vou mentir que isso dá saudade quando não acontece. Ainda mais eu
que sou um cara que vivo em rede social, recebo apoio e críticas e sei
lidar com isso. Jogador tem que ser inteligente. Quando não estiver
passando por uma fase boa, procurar ver o que não está acontecendo para
melhorar. Procurei aceitar o momento em que não estava bem, que as
jogadas não saíam. Hoje, eu vivo o outro lado. Vivo um momento especial e
esse apoio do torcedor é muito importante. Através deles que vem a
força para fazer o melhor.
Você falou dos passes que tem dado. O Hernane já tinha
comentado que a dupla com você está muito entrosada. Vê assim também?
Sempre consegue achá-lo em condições de marcar?
Tem sido especial esse entrosamento com o Hernane. Até brinquei com ele
que no DVD dele só eu vou aparecer. Falei que vou querer uma
participação no dia que ele for embora (risos). Ele é um cara
inteligente, a gente já combina, tudo é combinado antes do jogo. Ele
sabe o momento que vou cruzar, o momento que chego à linha de fundo. E
tem surtido efeito. É um cara que merece, que nunca deixou se abater e é
merecedor de tudo isso.
Você é o capitão do time, está há oito anos no Flamengo, e não
está sendo um ano fácil. Foram trocas de técnico e muitas dificuldades.
Você disse que está muito bem de cabeça. O quanto seu conhecimento do
clube e seu bom momento podem ajudar nessa reta final?
Passar o que já passei nesses anos todos aqui, mostrar o que é jogar no
Flamengo, o que é vestir a camisa do Flamengo. Às vezes, as pessoas que
estão fora não entendem o que é isso. Jogadores que vieram, os
jogadores que subiram da base, estão tendo essa noção de que não é nada
fácil. Quando está ganhando, tem que ganhar mais. Quando está perdendo,
tem que sair dessa posição. O Flamengo é isso. É do céu ao inferno muito
rápido. Estão assimilando bem e isso tem ajudado. Cada um tem tentado
dar confiança ao outro. A qualidade do grupo é um acreditar no outro,
isso tem dado certo.
Ainda dá para ser um ano de sorrisos, Léo?
Dá. Eu acredito. Acredito que a gente ainda pode fazer melhor no
Brasileiro, acredito que vamos chegar em condições melhores. Na Copa do
Brasil, se passarmos pelo Botafogo, a gente fica muito perto,
respeitando as equipes, mas vai dar gás para o time, confiança maior e é
aquela coisa. Quando deixa o Flamengo chegar, é difícil segurar.
Você completa 35 anos no dia do jogo contra o Botafogo. A vaga para a semifinal pode ser um presentão...
Já falei para André (Santos) e Elias que joguei na conta deles esse
presente (risos). Se me derem esse presente, e eu também fizer por onde
ajudá-los, será uma quarta-feira especial e inesquecível.
O quanto vai ser importante a torcida nesse jogo?
Total. Nossa torcida tem sido fundamental, mostrou isso quando perdemos
para o Botafogo (e aplaudiu o time), viu que batalhamos para vencer. E
agora não pode ser diferente. Nossa torcida vai chegar com muita gente,
vai apoiar e vai ser merecedora de um Flamengo dentro de campo melhor
para dar a vitória para ela.