O jogador recebeu a reportagem do GLOBOESPORTE.COM num hotel na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Em quase meia hora de bate-papo, repetiu a palavra tranquilidade um bocado de vezes. Quem deixou a Grécia para ser solução de um ataque que viveu dias de inoperância, hoje sonha com o fim de um jejum: “É o maior da minha carreira”, conta. Foram 12 jogos e não adianta procurar. O nome de Diogo não consta na lista de artilheiros do Flamengo no Brasileirão 2010.
Abaixo, os principais trechos da entrevista com o jogador.
Como tem sido a adaptação ao Rio? Gosta da cidade?
É um pouco diferente de São Paulo. São Paulo é mais corrido. Aqui, é um ritmo diferente. É um pouco parecido com a Grécia, clima quente, as pessoas são mais abertas para conversar, mais carinhosas.
Nem bem chegou e já viu o Flamengo viver uma crise. Se assustou com o tamanho do clube?
É maior do que eu esperava. Como todo mundo fala, é o maior clube do mundo. Em todo lugar tem flamenguista, em qualquer parte do Brasil o estádio está cheio. Apesar de eu ter pegado uma fase ruim, deu para sentir a grandeza da torcida nessa hora também. Graças a Deus a fase está melhorando, e a torcida está apoiando mais.
Como define o seu momento e o momento do Flamengo?
Eu e o Flamengo estamos crescendo. Eu tive uma estreia muito boa contra o Atlético-MG e tive aquela torção contra o Guarani. Aquilo me derrubou um pouco. Já estava num ritmo bom, o primeiro jogo me deu confiança. Joguei dois ou três jogos com um pouco de dor ainda, sem confiança no tornozelo. Depois, voltei bem e me machuquei de novo. Futebol é assim mesmo, tem de ter tranquilidade. O Flamengo, com a chegada do Vanderlei, cresceu bastante.
A estreia foi precoce?
Foi um pouco. Eu fiquei dois anos lá fora, e o ritmo é diferente. O Renato sofreu bastante, o Val, a turma que chegou de fora. Quando cheguei aqui, o time estava na 15ª rodada. Todo mundo estava no ritmo ideal, no melhor condicionamento físico. O meu estava apenas começando a temporada. Isso atrapalha. Apesar de ter um bom preparo físico, ainda assim não estava igual. Estou em busca da minha melhor forma.
A torcida estava acostumada com o Diogo da Portuguesa. Qual a diferença daquele Diogo para o de hoje?
Ganhei um pouco mais de força, era mais magrinho. Ganhei três ou quatro quilos de massa lá fora, o que foi bom para mim. Lá, me destaquei com esta força. O estilo de jogo é o mesmo, de ir para cima, de não parar, de não desistir. Isso continua. Só falta fazer gols. No Olympiacos e na Portuguesa, eles estavam saindo. Mas isso é questão de tempo.
Incomoda muito?
Incomoda por estar acostumado a sempre fazer gols. Mas não adianta ficar tão preocupado assim porque bate o desespero e aí é que não sai mesmo. Fiquei uma época na Grécia uns oito jogos sem fazer gol. Era muito ruim, cobrança muito grande. O treinador pediu calma e começou a sair um atrás do outro.
É o seu maior jejum?
É o meu maior jejum, mas meus companheiros falam para ter tranquilidade até porque eu venho jogando bem. Ela vai entrar na hora certa.
Criou-se muita expectativa sobre o ataque D2, mas ele ainda não aconteceu. Como você e Deivid lidam com isso?
O Deivid é um jogador experiente e eu, apesar da idade, já passei por fases horríveis também. A pressão é grande sobre nós até porque quando chegamos o time não estava bem, estava numa crise dentro e fora de campo. A parte física não ajudou também. Vai acontecer naturalmente, trabalhando todos os dias, jogando.
Ainda existe a sombra do Império do Amor?
Sabemos que fomos contratados para resolver. Claro que o Vagner (Love) e o Adriano viveram um momento muito bom aqui, mas vamos melhorar.
Como viu a saída de Zico do clube (deixou o cargo de diretor-executivo)?
O Zico é o maior ídolo do Flamengo. Não temos de nos envolver em questões políticas. Sentimos pela pessoa do Zico, mas o grupo não se abalou.
O convívio com Vanderlei Luxemburgo tem sido bom? É um recomeço para você também?
Vanderlei é um grande treinador, é apenas o começo e houve uma mudança muito grande. Não que o Silas não fosse. Vanderlei estava mal no Atlético-MG, veio para cá e todo mundo viu a melhora (duas vitórias e dois empates). Não houve tempo para o Silas trabalhar, pegou aquela maratona de jogos. O Vanderlei está com um pouquinho mais de tempo, mas conhece todos os jogadores. Motivou também o time, isso é importante. Tem toda essa diferença. É um treinador com títulos importantes, chegou com motivação extra, sabe o que é o Flamengo, se criou aqui. Sabe conduzir esta situação como nenhum outro.
Nós chegamos no hotel para a entrevista e uma torcedora veio falar com você, pediu para tirar fotos. A relação com os rubro-negros é boa?
Ficam brincando comigo: “você joga bem, mas está faltando aquele gol. Vai sair!”. No geral, as pessoas estão satisfeitas com a minha determinação dentro de campo. Estou recebendo muito carinho.
Já pensou como vai ser esse gol? Está sonhando com isso?
Ah, pode ser até de canela, de barriga. O importante é a bola entrar (risos).
Com você encara a disputa por um lugar no ataque com Diego Maurício, Deivid e Val Baiano?
É melhor entrar no time bem do que numa fogueira. O Vanderlei está conhecendo melhor cada jogador, vai escolher e cada um quer buscar seu espaço.
O que o torcedor pode esperar do time nesta reta final de Campeonato Brasileiro?
Pensamos em cada jogo. Cada jogo é uma final. Não pensamos em rebaixamento em hipótese nenhuma. Pensamos na Sul-Americana, pois a Libertadores é algo complicado, temos de ter os pés no chão. São sete jogos, precisamos nos concentrar, dar o máximo. Ano que vem vamos ter a pré-temporada com o time, vai ser diferente.
Não é pouco para o clube?
Pelo que aconteceu na última temporada, com o time campeão brasileiro, é pouco. Mas pela situação deste ano, os muitos problemas, acredito que o time está indo bem e dá para melhorar. Faltam sete jogos e muita coisa vai acontecer ainda.
Seu contrato é curto, termina no meio do ano que vem. Quais são seus planos na Gávea?
Tenho contrato até junho com o Flamengo e meu pensamento é ficar. Desde que cheguei, fui muito bem tratado por todos, muito à vontade, fiz amigos no clube. Quero ficar. Muitos jogadores passam por clubes por passar. Jogador tem de pensar em não ser mais um. Eu não quero isso. Quero fazer história, ser lembrado. Isso está dentro de mim, quero fazer bons jogos, bons campeonatos.
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