terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Teto salarial, fôlego na base e técnico francês: Flamengo inova modelo no remo



Depois de um ano de vacas magras no remo do Flamengo, com a polêmica dispensa de praticamente toda a equipe sênior, a diretoria rubro-negra promete reformulação profunda no esporte que deu origem ao clube. O primeiro passo foi a contratação do francês Stèphane Durand, ex-técnico da confederação da França, para ser consultor da modalidade em todos as categorias. A ideia é implementar o modelo francês, nos qual os atletas não são cem por cento profissionais do esporte.

— Este ano, tivemos um grande problema por causa dos Jogos, com as garagens fechadas por quatro meses. Então, pensamos em usar o ano para a quebra do modelo atual, que era de pouca formação e busca por atletas prontos. Foi um ano de estruturação do planejamento. Fomos pouco competitivos. Participamos apenas de 1/3 das provas do Estadual e metade das provas do Brasileiro, pois não tínhamos atletas — explicou o vice-presidente de Remo Bruno Cotecchia. 

Agora, o Flamengo pretende trazer atletas que aceitem o modelo de parceria. Ou seja, o clube não pagará altos salários aos remadores, mas oferecerá todos os serviços que dispõe, como a nova flotilha comprada e a academia especializada. Atualmente, a diretoria já limitou um teto, que não chega à metade dos salários mais altos do esporte no Brasil. 

— Muitos foram embora, pois não aceitaram esse modelo. O clube não é mais o patrão, mas um parceiro no projeto esportivo. Queremos oferecer bons barcos, treinamento de ponta e dividir os ganhos futuros com os atletas, em caso de patrocínios, por exemplo — disse Cotecchia, explicando que os benefícios podem ser de bolsas de estudos a ofertas de empregos em empresas parceiras do Flamengo. 

Se, à primeira vista, o modelo pode ter afastado alguns remadores do clube, Cotecchia conta que alguns já entenderam o projeto: 

— A Fernanda Nunes, atleta olímpica, chegou a sair e voltou. Ela comprou a proposta e recusou outros clubes onde teria ganho financeiro maior — lembra o vice, que pretende fechar a equipe com 60 atletas, ainda em fase de prospecção.

Resultados, porém, são esperados apenas em 2018. No ano que vem, a meta é voltar a ser competitivo e estar presente em todas as categorias. Disputar e ganhar títulos somente em 2018. Para isso, conta com a experiência de Durand, que também ministrará períodos de treinamento no clube e fora do país. Ele chegará no mês que vem e levará dois atletas rubro-negros para participar de um camp em Porto Rico, com remadores americanos, mexicanos e porto-riquenhos.

— Lá fora, os técnicos atendem da base à equipe principal. Eles ensinam a remar e depois preparam o atleta. Ele fez isso com a Argentina. Pegou quatro remadores, e, em quatro anos, os levou à final olímpica em Londres-2012 — conta o vice-presidente.

O intercâmbio feito durante os Jogos - os ingleses usaram as dependências do clube e doaram equipamentos — continuará em vigor:

— Ele vai escolher dois atletas de fora do país que tenhamos condições de pagar. Mas a ideia é que eles permaneçam aqui após os campeonatos.

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