segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Crise: Clube de RO que homenageia Flamengo está a beira da extinção

 VAMOS AJUDAR O NOSSO MENGÃO DE RONDÔNIA

A história poderia ser de muito sucesso. O nome tem peso. Títulos importantes foram conquistados. Mas, apesar das glórias, dos títulos, dos bons atletas, o Flamengo de Rondônia, criado há 59 anos para homenagear o carioca, está a beira da extinção. O GloboEsporte.com tentou ouvir pessoas que estiveram envolvidas com o clube, mas poucos foram encontrados.

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A criação

Em 15 de novembro de 1955, o futebol rondoniense via nascer um time que pretendia mudar a história do esporte local. Tendo como fundadores, o torcedor do Bangu-RJ e criador Moto Clube-RO Eduardo Lima e Silva, o flamenguista Osvaldo Ferreira e o vascaíno João Tavares, o Flamengo teve seu auge de 1960 à 1968, quando venceu nove campeonatos amadores municipais e territoriais. 

O trio criador parecia improvável, mas o Flamengo de Rondônia se inspirava na história e na glória do rubro-negro carioca. E, com bons atletas, os títulos foram chegando.

Flamengo-RO (Foto: Daniele Lira)Flamengo-RO (Foto: Gervázio/ Arquivo Pessoal)


02
A sede

Com jogadores de renome local, como Parruda, Gervázio, Bacu, Pelé, Tuquinha e Deomar, o Flamengo-RO foi presidido três vezes pelo fundador Eduardo, que cedeu o quintal de casa para a construção da sede do clube, onde funciona até hoje. Atualmente, sem ações esportivas nem sociais, o local está parcialmente destruído e se mostra uma incógnita para a população.

- Não sei o que aconteceu com o Flamengo-RO, mas gostaria muito de descobrir, pois queria transformar o local na nossa sede. Por enquanto, somos só um grupo de amigos com sangue rubro-negro, mas no próximo ano vamos oficializar a embaixada - conta o presidente da embaixada flamenguista, Renato Cavalcante.

03
Problemas

Gervázio, ex-jogador do Flamengo-RO (Foto: Daniele Lira)Com um histórico de mais de 50 anos no futebol amazônico, o ex-jogador e rubro-negro roxo, Gervázio de Araújo conta que ajudou a construir a sede da versão rondoniense do time do coração. Genro do Eduardo Lima e Silva, um dos fundadores, se associou ao clube e defendeu as cores de sua paixão nos gramados por 17 anos. Já aposentado do futebol, acredita que a má administração possa ter levado o clube ao fracasso.

- Fui campeão pelo Flamengo mais vezes do que consigo contar. Joguei de 1960 à 1977 e vi a glória daquele clube. Eu era lateral direito ou zagueiro central. E nos meus 50 anos de futebol, ainda guardo carinho pelo time. Eu ajudei a construir o Flamengo e me dói ver o estado em que está. Com o passar do tempo, foi passando por gestões que não ajudaram e deu no que deu. Hoje, não passo nem na porta - diz o ex-jogador rubro-negro.

Segundo presidente do clube até o final de 2014, Hélio Silva, um flamenguista apaixonado pelo time carioca, mas desiludido com o rondoniense, a situação atual foi acarretada por uma série de fatores administrativos e principalmente financeiros. Um clube que fazia história disputando em quatro categorias, está sem perspectiva de futuro.

Presidente do Flamengo-RO (Foto: Daniele Lira)
- Ganhamos diversos títulos na época amadora, mas quando passamos para o profissional, o futebol acabou. Por questões financeiras, por não termos campo para treinar, mas principalmente pelas dívidas, o futebol acabou. Nós gastávamos cerca de R$ 1,5 mil para colocar o time em campo e só conseguíamos arrecadar R$ 300 com os ingressos. O Flamengo nunca teve uma política de arrecadação para fazer manutenção. Dos nossos mais de 700 sócios, a maioria já morreu e os que ainda estão vivos não pagam mensalidade. Tudo o que é gasto aqui sai do nosso bolso. Não temos quadro de sócios contribuintes. Não temos como manter um clube assim.

Como agravante da situação, além da falta de interesse de possíveis novos sócios, o incêndio na Boate Kiss, que matou mais de 200 pessoas em janeiro de 2013 na cidade de Santa Maria, RS, levou o Corpo de Bombeiros a tomar medidas preventivas em clubes da cidade, e o Flamengo foi interditado.

- Eu fiz um projeto em 2000 para arrecadar fundos para construir piscinas no clube e acabamos gastando mais com divulgação do que o que foi arrecadado. Quando o futebol acabou passamos a sobreviver do carnaval, mas as pessoas perderam a tradição de ir para festas em clubes. Depois, o espaço foi utilizado para treinos de outras modalidades, mas há algum tempo, quando teve o incêndio na Boate Kiss, foi o nosso fim. Os bombeiros alegaram que precisávamos fazer adequações no local e, para isso, eu ia gastar mais de R$ 70 mil só de material. Não tenho condições de fazer isso - afirma Hélio.

Flamengo-RO (Foto: Daniele Lira)Fachada do Flamengo-RO (Foto: Daniele Lira)

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Futuro

No final de 2014, foi realizada uma nova eleição para a nova presidência do clube. Para Hélio da Silva, esta pode ser uma chance do Flamengo-RO encontrar um novo olhar e uma nova administração e, quem sabe, voltar aos tempos de glória.

- Agora nós vamos ver o que vai ser do futuro do clube. Chega um ponto em que a gente cansa de não fazer nada, e eu me cansei. Quem sabe uma outra pessoa consiga inovar e fazer algo por esse lugar.
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