Há três anos, Paulo Chupeta via seu trabalho como técnico do time profissional de basquete do Flamengo ruir
 de uma maneira que ele mesmo não entendia, aceitava. As derrotas para o
 Brasília tanto na final do NBB, quanto na da Liga Sul-Americana pesaram
 sobre os ombros do treinador, que ouvia da diretoria o argumento de 
desgaste interno como motivo para a troca no comando. Ao ser comunicado 
da mudança de percurso pela então presidente do clube, Patrícia Amorim, 
que lhe convidara para assumir toda a categoria de base do Rubro-Negro, 
Chupeta não escondeu sua frustração, mas acabou topando o novo rumo, sem
 muito saber até qual lugar aquilo iria chegar. 
Passado o 
tempo, a escolha pela permanência na Gávea demonstrou ter sido correta. 
Vencedor e sortudo, Chupeta viu, logo em seu primeiro ano à frente da 
equipe sub-22, a criação da Liga de Desenvolvimento de Basquete e nela a
 oportunidade de dar a volta por cima, se reerguer mesmo. E já na 
primeira disputa, o profissional, que já havia vencido  o Brasileiro de 
2008, a primeira edição do NBB em 2009, o Sul-Americano do mesmo ano, 
além de seis estaduais, colocou no peito mais um faixa. Em 2013, a 
segunda, após bater no aro em 2012.
- Aconteceu aquela 
mudança, que foi algo político. O Flamengo estava em primeiro no NBB 
(2011/2012), quando a Patrícia me chamou e disse que eu iria sair do 
time profissional. Eu senti nela um constrangimento em dar a notícia. Na
 mesma hora, ela me convidou para cuidar de toda a base. Na hora pensei e
 topei. Fiquei quieto, esperando. Daí, teve a criação desta Liga e 
acabamos ganhando. Hoje, somos referência nacional e isso me motiva. 
Nunca me preocupei em colocar a cara - declarou Chupeta, que tem 18 anos
 de serviços prestados ao clube.
 
Gegê, Chupeta e Douglas com o troféu de bicampeão da LDB (Foto: Fabio Leme)
Para
 o comandante da garotada rubro-negra, a grande diferença entre treinar 
jovens e adultos é a personalidade do jogador em questão.
- A 
maior dificuldade nos profissionais é administrar o ego. Você tem que 
ter um plantel e não seis jogadores. Já a garotada, você tem que ser 
mais paizão, bandido, herói, um pouco de tudo - disse.
Questionado
 se sente falta de comandar um time profissional, se é realizado com seu
 atual momento, Chupeta apenas declarou que uma nova mudança não é tão 
simples.
- Hoje, me sinto valorizado aqui e só uma proposta 
muito boa me faria trocar. Teve uma época que o Tijuca estava para ser 
rebaixado e me chamou para os jogos finais, mas não me deixaram ir, por 
causa deste no trabalho aqui no Flamengo, que é muito reconhecido - 
afirmou.
Neto elogia trabalho de 'papa-títulos'
O
 trabalho de Chupeta foi enaltecido pelo técnico dos profissionais, José
 Neto. Acompanhando a conquista da base rubro-negra da arquibancada do 
ginásio Hélio Maurício, ao lado do pivô Shilton, o comandante destacou 
que o que vem sendo feito na base do clube é importante diretamente para
 o que ele faz no seu dia a dia.
- É sempre bom enaltecer o 
trabalho que o Chupeta vem fazendo. Ele é um grande técnico. Vemos esses
 jogadores formando um time que sabe ganhar, eles sabem jogar o jogo. 
Isto é muito mérito do Chupeta. Muitos deles treinam comigo e estão 
amadurecendo.O trabalho da base e do profissional são duas coisas que 
se completam. Os títulos solidificam o trabalho. O pensamento é esse de o
 Flamengo ser forte na base e nos profissionais - explicou Neto, que 
admitiu a dificuldade de apenas observar alguns jogadores que está 
acostumado a dirigir.
- Nossa, é muito difícil até porque é 
meu ímpeto fazer isso, eu sou assim. Aí, você vê estes jogadores na 
quadra, você sempre tem a vontade de falar algo. Mas ali, eu não podia 
fazer, eu tinha que ficar só observando mesmo - completou.
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