Não que tenha sido uma surpresa. Com a derrota da chapa de Patrícia
Amorim nas eleições rubro-negras, a equipe de natação do Flamengo já se
preparava para uma possível mudança de rumo. Mas, com a confirmação
de que o clube não irá renovar os contratos para a próxima temporada, o
discurso é cercado de lamentos. Fora do país para as festas de fim de
ano, Cesar Cielo
soube da decisão da nova diretoria através da imprensa e preferiu não
se manifestar por ora. Os outros nadadores, ainda que tenham evitado
críticas mais duras, demonstraram pesar com o fim do projeto
rubro-negro.
Nicholas Santos deu ao clube a última medalha do grupo profissional. No
início do mês, conquistou o ouro nos 50m borboleta no Mundial de
piscina curta de Istambul. Em sua segunda passagem pelo Flamengo (já
havia representado o clube da Gávea entre 2001 e 2002), o nadador
ressaltou a boa relação com Patrícia Amorim e lamentou a decisão.
Cesar Cielo, Patrícia Amorim e Nicholas Santos: projeto rendeu medalhas ao Fla (Foto: Satiro Sodré / Agif)
- Com a Patrícia no comando, já tínhamos uma relação mais longa com
ela. O Edson (Terra Cunha Jr., antigo supervisor de esportes olímpicos)
me mandou um e-mail parabenizando pelo Mundial, mas também não tinha
posicionamento (sobre a renovação). A chapa azul, que ganhou a eleição, é
que teria esse poder. Mas não falaram nada, estava aguardando um
contato. Com a Patrícia, a confiança era enorme. Não conheço ninguém da
chapa azul, mas espero que melhore a situação do clube. Era um projeto
que dava supercerto, com grandes nadadores retomando a natação do
Flamengo. Como eles não querem dar continuidade, querem priorizar o
futebol, boa sorte – disse o nadador, que vai esperar o início do ano
para decidir seu futuro.
A promessa do novo vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo,
Alexandre Póvoa, de que os salários atrasados serão acertados soou como
um alívio.
- Ótimo (que vão pagar os salários). É uma notícia boa (risos) – disse Nicholas.
Joanna Maranhão
também preferiu evitar as críticas mais duras. Referência da equipe
feminina do clube, a nadadora diz que “uma das melhores experiências” de
sua vida de atleta chega ao fim.
- Foi sendo atleta do clube que conquistei três medalhas no Pan, fiz o
índice olímpico, vencemos um campeonato Brasileiro depois de 10 anos.
Foi tudo muito bom, me relaciono muito bem com todos e vi com meus
próprios olhos os esforços de toda equipe técnica para fazer a natação
do clube acontecer. E de fato fizemos – disse a nadadora, em entrevista
por e-mail.
No pronunciamento que confirmou o fim dos contratos da equipe, Póvoa
afirmou que a estrutura do clube não é a ideal para os nadadores.
Joanna, no entanto, afirma que o fato não impossibilitaria a
continuidade do projeto.
- A piscina do clube é de fato antiga, mas, no período que passei no
Rio, eu consegui realizar meus treinamentos sem maiores problemas. Essa
questão de estrutura física não é um problema exclusivo do Flamengo e,
sim, do Brasil todo. Basta procurar as piscinas ideais para campeonatos
no país. Tínhamos o (Parque) Maria Lenk, mas pelo visto vai ser fechado
para reformas. Fico feliz que o clube tenha essa iniciativa de melhorar
no aspecto físico e de infraestrutura, mas nada disso seria possível se a
Patrícia não tivesse ressuscitado o esporte olímpico do Flamengo. Do
que adiantaria reformar tudo sem gente pra treinar? Porque, antes dela, a
piscina do Flamengo estava vazia. Hoje, tanto as escolinhas quanto as
equipes estão lotadas. Um trabalho complementa o outro - afirmou.
Outro nome importante da equipe rubro-negra, Tales Cerdeira disse
respeitar a decisão da nova diretoria. O nadador, no entanto, lamenta o
desmanche do grupo.
- Não estava sabendo dessa decisão de acabar com a natação, embora
tivesse uma ideia de que isso pudesse acontecer. Sabíamos que a nova
diretoria tinha a intenção de concentrar todos os esforços no futebol,
que é o carro-chefe do clube, e temos que respeitar a decisão deles. Só
acho uma pena, porque o Flamengo estava fazendo um projeto muito bacana,
e o esporte olímpico brasileiro perde muito com esse desmanche. Minha
intenção era continuar no Flamengo, agora vou ter que procurar outro
clube para me manter em alto nível – afirmou.
Nos últimos três anos, a natação do Flamengo cresceu no cenário nacional. Em maio de 2012, o clube colocou fim a um jejum de 10 anos sem conquistar o título do Troféu Maria Lenk, principal competição brasileira da modalidade. O clube travou uma disputa acirrada com Pinheiros e Corinthians, e igualou o primeiro em número de títulos: 13 para cada um.
Nos últimos três anos, a natação do Flamengo cresceu no cenário nacional. Em maio de 2012, o clube colocou fim a um jejum de 10 anos sem conquistar o título do Troféu Maria Lenk, principal competição brasileira da modalidade. O clube travou uma disputa acirrada com Pinheiros e Corinthians, e igualou o primeiro em número de títulos: 13 para cada um.
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