Para o torcedor ligado ao simbolismo, a volta da Adidas ao Flamengo
remete à década vitoriosa de 80, quando o fornecedor de material
esportivo vestia o time campeão em grandes conquistas. Mais do que isso,
porém, o retorno da empresa - que teve sua proposta aprovada pelo
conselho em reunião realizada na noite da última quarta-feira -
significa um reforço nos cofres e, provavelmente, no elenco, além da
intenção de internacionalizar a marca Flamengo depois do desgaste nos
últimos meses com a Olympikus. Por ora, o clube investe na negociação
com Robinho, do Milan, e as conversas estão adiantadas. O novo vice de
futebol, Wallim Vasconcellos, também sonha com Kaká, do Real Madrid, mas
não há confirmação de que o clube esteja tentando de fato a contratação
do craque, que é patrocinado pela Adidas.
O novo contrato, um dos mais valiosos do continente, foi assinado na quinta-feira.
A pressa para colocar o acordo no papel aconteceu justamente porque o
clube desejava ter dinheiro imediatamente para fazer contratações até o
início do Campeonato Carioca, em 19 de janeiro. Para isso, as alterações
no contrato com a Adidas foram analisadas em caráter de urgência pelas
comissões jurídica e de finanças do Conselho Deliberativo.
Além da camisa oficial, a Adidas terá que produzir a linha para todo o
futebol e demais esportes, e passa a vestir o time depois do Campeonato
Carioca, a partir do dia 1º de maio, quando a Olympikus deixará o clube.
A ideia é romper as fronteiras do Brasil. Pelo contrato, a fabricante
se compromete a colocar os uniformes rubro-negros em 1,5 mil lojas
próprias, sendo 600 nos dez principais mercados mundiais.
- É um caminhão de dinheiro; outro aspecto é a internacionalização da
marca, passaremos a ser top five da Adidas, ao lado de Bayern de
Munique, Chelsea, Milan e Real Madrid. Serão vendidas camisas do
Flamengo em lojas de todo o mundo – afirmou o vice-presidente de
marketing do Flamengo, Henrique Brandão, que deixará o cargo ao fim da
gestão de Patricia Amorim.
Antes mesmo do acerto, o futuro vice de futebol Wallim Vasconcellos
disse acreditar numa possível parceria para trazer um jogador de peso.
No último fim de semana, o Flamengo enviou um empresário à Itália para tentar a contratação de Robinho, e o vice-presidente do Milan, Adriano Galliani, chegará ao Rio no dia 24 para ouvir propostas pelo atacante.
- Eventualmente, eles podem trazer alguém, quem sabe? Seria um sonho nosso a Adidas patrocinar e trazer também um craque.
Pelo contrato com a Adidas, o Flamengo vai receber no mínimo R$ 30,3
milhões (resultado da soma do mínimo de royalties, R$ 8 milhões, teto de
material fornecido, R$ 9,8 milhões, e pagamento fixo anual em dinheiro
de R$ 12,5 milhões) anuais até o quinto ano de contrato. Somadas a taxa
de início de parceria (R$ 38 milhões) e a verba de ações de marketing da
Adidas (R$ 1,5 milhão), chega-se a R$ 35,6 milhões por ano, número que
passa a R$ 40,6 milhões do sexto ao décimo ano de contrato (não incluída
a correção monetária) e pode crescer ainda mais dependendo do sucesso
de vendas de produtos, uma das alterações obtidas pela nova diretoria do
clube.
O maior temor em relação ao contrato com a Adidas era o tempo de 10
anos. Na Europa, porém, os vínculos da empresa com clubes são
duradouros. Com o Real Madrid e Bayern de Munique, vão até 2020, e, com o
Chelsea, até 2018, por exemplo. Em estudo divulgado pela "Sporting
Intelligence" em outubro, nos últimos cinco anos a Adidas vendeu 1,4 milhão de camisas do Real.
Porém, recentemente, surgiu outra preocupação. Enquanto o aporte da Adidas enche os cofres do clube, as penhoras esvaziam. Os adiantamentos do contrato de transmissão de jogos foram bloqueados (houve penhora de R$ 27 milhões) e, de acordo com uma das pessoas envolvidas na tentativa de reaver a verba, os milhões da empresa alemã não estão fora de risco em relação às penhoras da Receita Federal. O atual vice jurídico do Flamengo, Rafael de Piro, nega que haja risco e diz que a única penhora que pode incidir sobre a receita da Adidas é o bloqueio de 15% em função de acordo com a Justiça do Trabalho para quitação de dívidas dessa natureza.
Porém, recentemente, surgiu outra preocupação. Enquanto o aporte da Adidas enche os cofres do clube, as penhoras esvaziam. Os adiantamentos do contrato de transmissão de jogos foram bloqueados (houve penhora de R$ 27 milhões) e, de acordo com uma das pessoas envolvidas na tentativa de reaver a verba, os milhões da empresa alemã não estão fora de risco em relação às penhoras da Receita Federal. O atual vice jurídico do Flamengo, Rafael de Piro, nega que haja risco e diz que a única penhora que pode incidir sobre a receita da Adidas é o bloqueio de 15% em função de acordo com a Justiça do Trabalho para quitação de dívidas dessa natureza.
Desgaste e queda de venda da Olympikus
A Olympikus, que patrocina o clube desde 2008, sai antes do término do
vínculo, que iria até 2014. A empresa, que entrou em substituição à
Nike, injetou dinheiro, ajudou em salários de jogadores como Deivid e
Vagner Love, pagou R$ 10,4 milhões para a construção do museu e melhorou
o abastecimento de material em relação ao fornecedor anterior. Mas,
desde o início da negociação com a Adidas, a relação sofreu desgaste.
Representantes da empresa ficaram contrariados com a forma como a
gestão que deixa o poder nos próximos dias tratou do assunto. Desde
setembro, suspendeu os pagamentos destinados ao clube, que abateu os
vencimentos de royalties e luvas até abril de 2013 da dívida para
encerrar a parceria. Na sexta sexta-feira, a Olympikus recebeu mais R$
2,4 milhões do Flamengo.
Desde que o clube anunciou a proposta e o interesse em trocar de
fornecedora, as vendas da Olympikus despencaram, e o prejuízo aumenta
cada vez mais. No último mês, a empresa contabilizou a venda de apenas
quatro mil camisas do Flamengo. Houve mês em que a empresa chegou a
vender 120 mil peças.
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