domingo, 23 de dezembro de 2012

De roupa nova, Fla tem dinheiro para investir em reforço de peso para 2013


ESPECIAL FLA-FLU zico flamengo 1982 (Foto: Domicio Pinheiro / Agência Estado)
Para o torcedor ligado ao simbolismo, a volta da Adidas ao Flamengo remete à década vitoriosa de 80, quando o fornecedor de material esportivo vestia o time campeão em grandes conquistas. Mais do que isso, porém, o retorno da empresa - que teve sua proposta aprovada pelo conselho em reunião realizada na noite da última quarta-feira - significa um reforço nos cofres e, provavelmente, no elenco, além da intenção de internacionalizar a marca Flamengo depois do desgaste nos últimos meses com a Olympikus. Por ora, o clube investe na negociação com Robinho, do Milan, e as conversas estão adiantadas. O novo vice de futebol, Wallim Vasconcellos, também sonha com Kaká, do Real Madrid, mas não há confirmação de que o clube esteja tentando de fato a contratação do craque, que é patrocinado pela Adidas.

O novo contrato, um dos mais valiosos do continente, foi assinado na quinta-feira. A pressa para colocar o acordo no papel aconteceu justamente porque o clube desejava ter dinheiro imediatamente para fazer contratações até o início do Campeonato Carioca, em 19 de janeiro. Para isso, as alterações no contrato com a Adidas foram analisadas em caráter de urgência pelas comissões jurídica e de finanças do Conselho Deliberativo.

Além da camisa oficial, a Adidas terá que produzir a linha para todo o futebol e demais esportes, e passa a vestir o time depois do Campeonato Carioca, a partir do dia 1º de maio, quando a Olympikus deixará o clube. A ideia é romper as fronteiras do Brasil. Pelo contrato, a fabricante se compromete a colocar os uniformes rubro-negros em 1,5 mil lojas próprias, sendo 600 nos dez principais mercados mundiais.

- É um caminhão de dinheiro; outro aspecto é a internacionalização da marca, passaremos a ser top five da Adidas, ao lado de Bayern de Munique, Chelsea, Milan e Real Madrid. Serão vendidas camisas do Flamengo em lojas de todo o mundo – afirmou o vice-presidente de marketing do Flamengo, Henrique Brandão, que deixará o cargo ao fim da gestão de Patricia Amorim.

Antes mesmo do acerto, o futuro vice de futebol Wallim Vasconcellos disse acreditar numa possível parceria para trazer um jogador de peso. No último fim de semana, o Flamengo enviou um empresário à Itália para tentar a contratação de Robinho, e o vice-presidente do Milan, Adriano Galliani, chegará ao Rio no dia 24 para ouvir propostas pelo atacante.

- Eventualmente, eles podem trazer alguém, quem sabe? Seria um sonho nosso a Adidas patrocinar e trazer também um craque.

Pelo contrato com a Adidas, o Flamengo vai receber no mínimo R$ 30,3 milhões (resultado da soma do mínimo de royalties, R$ 8 milhões, teto de material fornecido, R$ 9,8 milhões, e pagamento fixo anual em dinheiro de R$ 12,5 milhões) anuais até o quinto ano de contrato. Somadas a taxa de início de parceria (R$ 38 milhões) e a verba de ações de marketing da Adidas (R$ 1,5 milhão), chega-se a R$ 35,6 milhões por ano, número que passa a R$ 40,6 milhões do sexto ao décimo ano de contrato (não incluída a correção monetária) e pode crescer ainda mais dependendo do sucesso de vendas de produtos, uma das alterações obtidas pela nova diretoria do clube.

O maior temor em relação ao contrato com a Adidas era o tempo de 10 anos. Na Europa, porém, os vínculos da empresa com clubes são duradouros. Com o Real Madrid e Bayern de Munique, vão até 2020, e, com o Chelsea, até 2018, por exemplo. Em estudo divulgado pela "Sporting Intelligence" em outubro, nos últimos cinco anos a Adidas vendeu 1,4 milhão de camisas do Real.

Porém, recentemente, surgiu outra preocupação. Enquanto o aporte da Adidas enche os cofres do clube, as penhoras esvaziam. Os adiantamentos do contrato de transmissão de jogos foram bloqueados (houve penhora de R$ 27 milhões) e, de acordo com uma das pessoas envolvidas na tentativa de reaver a verba, os milhões da empresa alemã não estão fora de risco em relação às penhoras da Receita Federal. O atual vice jurídico do Flamengo, Rafael de Piro, nega que haja risco e diz que a única penhora que pode incidir sobre a receita da Adidas é o bloqueio de 15% em função de acordo com a Justiça do Trabalho para quitação de dívidas dessa natureza.

Desgaste e queda de venda da Olympikus

Vagner Love gol Flamengo (Foto: Alexandre Vidal / Fla imagem)
A Olympikus, que patrocina o clube desde 2008, sai antes do término do vínculo, que iria até 2014. A empresa, que entrou em substituição à Nike, injetou dinheiro, ajudou em salários de jogadores como Deivid e Vagner Love, pagou R$ 10,4 milhões para a construção do museu e melhorou o abastecimento de material em relação ao fornecedor anterior. Mas, desde o início da negociação com a Adidas, a relação sofreu desgaste.

Representantes da empresa ficaram contrariados com a forma como a gestão que deixa o poder nos próximos dias tratou do assunto. Desde setembro, suspendeu os pagamentos destinados ao clube, que abateu os vencimentos de royalties e luvas até abril de 2013 da dívida para encerrar a parceria. Na sexta sexta-feira, a Olympikus recebeu mais R$ 2,4 milhões do Flamengo.

Desde que o clube anunciou a proposta e o interesse em trocar de fornecedora, as vendas da Olympikus despencaram, e o prejuízo aumenta cada vez mais. No último mês, a empresa contabilizou a venda de apenas quatro mil camisas do Flamengo. Houve mês em que a empresa chegou a vender 120 mil peças.


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