sábado, 17 de novembro de 2012

Comerciante espera lucrar durante julgamento do ex-goleiro Bruno


O julgamento do ex-goleiro Bruno, e de outros quatro réus pelo sequestro e desaparecimento de Eliza Samúdio, que começa nesta segunda-feira já está mudando a rotina de Contagem, em Minas Gerais. O processo deve durar, pelo menos, duas semanas, segundo o Tribunal de Justiça de Minas. A quantidade de gente que vai entrar e sair do Fórum deixa dono de uma lanchonete próxima, Rivelino Ferreira, otimista.

- Vou trazer mais uns dois funcionários, espero uns 10% ou 20% de aumento, além de aumentar um pouquinho o estoque. Geralmente, a gente trabalha até as 19h aqui, mas eu acho que, "pelo andar da carruagem", deve ficar até as 20h, 22h - afirmou Rivelino.


A mãe de Eliza Samúdio, dona Sônia Moura, chegou neste sábado a cidade para acompanhar o julgamento do ex-jogador e dos outros quatro acusados de envolvimento no desaparecimento e morte de sua filha, em junho de 2010.

Veículos de comunicação de todo o país já estão posicionados em frente ao prédio e seguranças se revezam na função de vigiar os equipamentos e funcionários. Toda essa movimentação está atraindo muitos curiosos e para dona Neusa, estes serão os dias mais agitados desde que se mudou para um bairro vizinho ao Fórum, há 18 anos.

- Lá perto de casa está "assim" de curioso. De repente, um caso desse, com uma repercussão dessas no Brasil inteiro, no mundo inteiro. Então, Contagem vai ficar de cabeça para baixo - disse a moradora.

O julgamento
O júri popular do caso Eliza Samudio, marcado para começar às 9h desta segunda-feira (19), no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem (MG), será presidido pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. Além do goleiro Bruno, estão no banco dos réus outros quatro acusados de participação: Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; Marcos Aparecido dos Santos, o Bola; Dayanne Rodrigues, ex-mulher de Bruno; e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro.

Os réus serão julgados por um grupo de sete pessoas, formado por cidadãos maiores de 18 anos residentes em Contagem (MG), sem antecedente criminal ou parentesco com os acusados. Eles são sorteados um a um ao início da sessão entre 25 pessoas previamente escaladas. A juíza Marixa pediu também que suplentes estejam à disposição.

Ao todo, 30 testemunhas serão ouvidas – cinco de acusação, que são ouvidas primeiro, e 25 arroladas pela defesa (cinco para cada réu). Não há limite de tempo para as oitivas. Cada testemunha é questionada pelo juiz, pelo promotor e pelos advogados de todos os réus.

Encerrada essa fase, que promete ser a mais longa, começa o interrogatório dos cinco réus, que têm o direito de permanecer em silêncio. Depois, acusação e defesa apresentam seus argumentos para tentar convencer os jurados de que os réus são culpados ou inocentes.

Por último, o júri se reúne em uma sala secreta para responder a quesitos formulados pelo juiz com "sim" e "não". Eles decidirão se os réus cometeram o crime, se podem ser considerados culpados e se há agravantes ou atenuantes, como ser réu primário. De posse do veredicto, a decisão final dos jurados, a juíza dosa a pena com base no Código Penal, se houver condenação. Se houver absolvição, o réu deixa o tribunal livre.

O crime
Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial militar Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca encontrado. O bebê Bruninho foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG).

Do total de nove acusados, dois serão julgados separadamente – Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, teve o processo arquivado.

Investigações
A polícia encerrou o inquérito com base em laudos que atestam presença de sangue de Eliza em um carro de Bruno, nos depoimentos de dois primos que incriminam o goleiro, em sinais de antena de celular e multas de trânsito que mostram a viagem do grupo do Rio de Janeiro até Minas Gerais e em conversas de Eliza com amigos pela internet, nas quais relata o medo que sentia.

Eliza também havia prestado queixa contra o atleta quando ainda estava grávida, dizendo que ele a forçou, armado, a tomar abortivos. Ela ainda deixou um vídeo dizendo que poderia aparecer morta se não tivesse proteção.


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