quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Queda de Felipe Ximenes evidencia poder de Luxa no futebol do Flamengo

Luxemburgo, Antônio Mello, Ninho do Urubu, treino, Flamengo (Foto: Gilvan de Souza/ Fla Imagem)Os últimos dias de Felipe Ximenes deram a certeza ao então diretor de futebol que sua saída era questão de tempo. Desde o anúncio feito por Rodrigo Caetano sobre o seu desligamento do Vasco, a situação mudou da segurança para a dúvida. O respaldo da diretoria já não aparecia com frequência diante da pressão externa, e o técnico Vanderlei Luxemburgo começava a demonstrar sua força ao confirmar a contratação de Thalllyson, ex-Asa, mesmo sem o jogador ter assinado contrato e encaminhar o empréstimo de Artur Maia, ex-América-RN.

Diante desse cenário, a ligação do CEO Fred Luz e do vice-presidente de futebol, Alexandre Wrobel, na manhã de quarta-feira, apenas encerraram as dúvidas de Ximenes. Luxemburgo havia se tornado o homem forte do futebol do Flamengo para planejar a próxima temporada, mesmo com a provável contratação de Rodrigo Caetano.

Ximenes foi contratado em maio e seu primeiro ato acabou vindo a público diante da falta de estrutura do Parque do Sabiá, em Uberlândia. Depois de uma derrota por 3 a 0 para o Cruzeiro, ele deu uma bronca no vestiário que vazou na internet. Colocou os jogadores contra a parede e garantiu ter carta branca da diretoria para tomar decisões.

Aquele foi o último jogo antes da paralisação para a Copa do Mundo. O Flamengo teve um longo período para se preparar, e a demora em tomar decisões nesse período pesou contra Ximenes. Apenas com a volta do Campeonato Brasileiro e dois jogos depois, ele tomou a decisão de demitir Ney Franco e afastar jogadores, como André Santos e Elano.

A contratação de Luxemburgo aconteceu com a presença de Ximenes na casa de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, vice de marketing, em São Paulo. Na época, ele fazia parte da cúpula do futebol e defendia o trabalho do então diretor, que havia contratado pessoalmente, ainda que Rodrigo Caetano tenha sido o primeiro alvo.

Desde então, apesar de serem vistos em conversas frequentes na concentração, havia o relato de um relacionamento frio entre Luxemburgo e Ximenes. Além disso, alguns jogadores jamais engoliram a bronca no vestiário, que acabou sendo ouvida pelos jornalistas presentes no estádio.

Nesse período, o episódio da venda de Hernane ainda pesou. O jogador foi negociado com o Al Nassr, da Arábia Saudita. O Flamengo não recebeu os R$ 7 milhões a que teria direito e o caso acabou parando na Fifa. Acusado de liberar o jogador sem garantias, Ximenes viu o caso cair sobre os seus ombros, apesar do respaldo jurídico e executivo do clube na negociação.

No fim de agosto, a mudança no departamento de futebol pesou contra Ximenes. Wrobel assumiu a pasta, e Bap deixou o comitê, formado por seis membros. O vice de marketing tinha outras preocupações internas, principalmente políticas, com votações  em curso nos poderes do clube.

Wrobel iniciou o planejamento ao lado de Ximenes para 2015. Chegou a viajar com o então diretor para a Argentina, onde estreitou as relações com Emmanuel Más, do San Lorenzo, Diego González, do Lanús, e Lucas Pratto, do Velez. Sempre afirmou que ele fazia parte do trabalho para a próxima temporada.

Os resultados deram força a Luxemburgo, que usou sua relação com a torcida para ganhar espaço. Repetiu exaustivamente que a diretoria precisava se posicionar sobre a situação de seu contrato logo depois de conseguir se livrar do rebaixamento. Mais uma batalha vencida quando foi anunciada a sua permanência para 2015 de forma oficial.

Agora, com a saída de Ximenes, Luxemburgo se transformou no homem forte do futebol do Flamengo. Desde a determinação da pré-temporada até os nomes para reforçar o elenco, o treinador é a bola da vez.


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