A Chapa Azul confirmou, na noite desta terça-feira, o controle sobre o
último poder do clube que ainda estava sob comando de opositores da
atual diretoria. Mario Esteves substituirá Leonardo Ribeiro, ou Capitão
Léo, na presidência do Conselho Fiscal. Esteves é colega de trabalho do
presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, no BNDES. Ele venceu a
eleição, que ocorreu no Conselho Deliberativo, por 579 votos a 247. O
objetivo do grupo, que interrompe nove anos consecutivos de Capitão Léo,
aliado de Patrícia Amorim, no Conselho Fiscal - seis como presidente e
três como secretário-geral -, não foi integralmente alcançado. Gonçalo
Veronese teve mais de 20% dos votos e, conforme o estatuto, sua chapa
(branca) terá duas cadeiras no Conselho, que serão ocupadas pelo próprio
Veronese e seu vice na candidatura, José Pires.
- A gente pretende agora, como dissemos várias vezes durante a
campanha, trazer o Conselho Fiscal de volta para suas atribuições
estatutárias. Será um conselho técnico, sem nenhuma conotação política,
nem para um lado nem para outro - declarou Esteves, que fez questão de
agradecer a Zico pelo apoio, logo após ser eleito.
Questinado sobre a convivência com o candidato derrotado como
integrante do Conselho Fiscal, o novo presidente garantiu não haver
problema algum.
- A convivência vai ser normal, de alto nível, pois todos trabalhamos
pelo Flamengo. O Conselho Fiscal não pode ser oposição nem situação, tem
de ser isento, dentro de um padrão de rigor técnico - finalizou Mario
Esteves.
Veronese fez coro com o candidato vencedor e apostou num convívio harmonioso.
- Acho que a relação com o novo presidente do Conselho será otima. Já
tenho uma boa relação com o Mario e outros integrantes da chapa dele. A
troca de farpas que houve na campanha foi mais entre os partidários.
Não ataquei ninguém. Hoje a "máquina" voou e foram mais de 800 votos,
acho que nunca houve isso numa eleição de Conselho Fiscal, todos os
cardeais da diretoria vieram votar - disse Veronese.
O clube foi aberto para a imprensa depois do encerramento da votação,
às 21h. O clima na apuração de votos foi bastante tranquilo. Desafetos como Clement Izard e Cacau Cotta
conviveram no mesmo ambiente. Na parte final da votação, no começo da
apuração, boa parte da cúpula estava presente. O presidente do clube,
Eduardo Bandeira de Mello, o vice de futebol, Wallim Vasconcellos, e o
vice jurídico, Flavio Willeman, entre outros.
Quem também apareceu no fim da apuração foi o atual presidente do
Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro, que logo após o resultado ser
divulgado oficialmente subiu timidamente ao palanque para cantar o hino
do Flamengo. Capitão Léo, porém, ficou no canto, distante do presidente
do Conselho Deliberativo, Delair Dumbrosk, e demais representantes da
mesa. Após o anúncio, foi para a sala do Conselho Fiscal junto do
candidato derrotado Gonçalo Veronese.
Quem é Mario Esteves
Mario José Soares Esteves Filho tem 56 anos e ingressou como sócio
patrimonial mirim do Flamengo em 1964, sendo sócio-proprietário desde
2003 e membro nato do Conselho Deliberativo. Já foi presidente da
Comissão de Finanças do Conselho de Administração. Engenheiro de
produção formado pela UFRJ, tem pós-graduação em economia industrial e
da tecnologia (UFRJ) e mestrado em administração de empresas,
concentração em Finanças Corporativas (PUC-Rio). Engenheiro do Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde 1980, atuou
como profissional técnico e executivo nas áreas financeira, de
tecnologia da informação, de controles internos, de planejamento e de
operações de crédito. Desde 2009 é chefe do Departamento de Política
Financeira do BNDES, onde se aposentará em junho de 2013.
Votos da eleição do Conselho Fiscal são apurados na Gávea (Foto: Cahê Mota)
No BNDES, conheceu Eduardo Bandeira de Mello e a proximidade com o
atual presidente do Flamengo foi a principal contestação da chapa
adversária durante a corrida pela presidência, bastante turbulenta. A
candidatura de Gonçalo Veronese chegou a ser impugnada no Conselho de
Administração, mas acabou homologada em recurso no Deliberativo. Em
entrevista ao GLOBOESPORTE.COM na véspera da eleição, Esteves qualificou
as alegações como "balela", garantindo que desmontará o "palanque
político" que enxergava no Conselho Fiscal dirigido por Leonardo
Ribeiro.
Mario Esteves assume a presidência do poder no dia 1º de abril e sua
missão mais urgente se refere à última gestão. As contas de 2011 de
Patrícia Amorim foram reprovadas no Deliberativo. O balanço terá de ser
refeito pelo novo Conselho Fiscal. Correções chegaram a ser feitas na
gestão de Ribeiro, mas ele alega que o racha na diretoria de Amorim
impediu que fossem colhidas as assinaturas necessárias para que o
documento fosse apreciado e votado. O ex-vice de finanças de Amorim,
Michel Levy, e o contador Rogério Tosca da Encarnação, que denunciou em
reunião do Conselho Fiscal em 2012 a existência de R$ 7 milhões em
adiantamentos sem prestação de contas, não compareceram para assinar o
balanço corrigido pelo staff de Ribeiro. Ele, por sua vez, assegurou que
existem os comprovantes que apenas não foram lançados na contabilidade.
Problemas a resolver
Depois de resolvido o nó de 2011, o novo presidente do Conselho Fiscal
ainda terá pela frente a apreciação do exercício seguinte, já que é
função da casa emitir um parecer sobre o balanço anual. Só então as
contas de 2012 deverão ser votadas no Deliberativo. A partir daí é que
Esteves passará a analisar os números de Bandeira de Mello, como
explicou na véspera da sua vitória na eleição.
Além de Esteves, os demais membros da Chapa Azul que entraram no
Conselho Fiscal são: Olavo Amorim de Andrade, Edgard Augusto Duarte de
Moraes, Alcides Nunes da Costa Filho e Arian Bechara Ferreira. Também
foram nomeados cinco suplentes para cada uma das vagas, o que também
ocorre com os lugares de Veronese e Pires.
Gonçalo Veronese, candidato derrotado, fica com cadeira no Conselho Fiscal (Foto: Cahê Mota)
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