segunda-feira, 2 de julho de 2012

Bruno faz bico como garçom na cadeia

 Preso desde 7 de julho de 2010, o goleiro Bruno Fernandes ocupa o seu tempo escrevendo cartas para as filhas e trabalhando numa dupla função: além de ser um dos faxineiros da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), ele agora faz bico como garçom, servindo o café da manhã dos outros detentos. O ex-capitão do Flamengo espera o julgamento pelo sumiço da sua ex-amante Eliza Samudio, desaparecida há dois anos, enquanto os seus advogados tentam habeas corpus para que ele aguarde em liberdade.

"Ele acorda cedo, abre a cela e recebe um carrinho com o galão do café. Ele vai passando de cela em cela servindo o café nos copos dos presos", revela Ângela Maria Rosa Sales, de 46 anos, a tia que criou Bruno junto com Dona Estela, avó do goleiro.

Pelo ‘bico' como garçom, Bruno não é remunerado. Mas, depois do café, o goleiro começa a faxina na penitenciária, serviço que lhe rende um pagamento mensal de R$ 466,50, o equivalente a 75% de um salário mínimo.

Quando não está trabalhando, Bruno vê televisão e ouve rádio, mas desliga quando chega a hora do noticiário de esporte. "Ele não gosta de ver e chora quando tem jogo do Flamengo", conta a tia.

Nas duas horas de sol a que tem direito diariamente, o goleiro se mantém em forma na esperança de um dia voltar ao futebol. Autorizado pela Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) de Minas, ele treina usando meião, caneleira e bola.

Ex-parceiro, Macarrão é chamado de ‘sanguessuga'

Além de Bruno, sete pessoas respondem pelo desaparecimento de Eliza. Um dos acusados é Luiz Henrique Romão, o Macarrão, secretário e amigo do goleiro. Mas a parceria entre eles, que foi eternizada por ‘Maka' com uma declaração de amor tatuada nas costas, acabou. Hoje, a defesa do jogador já admite a morte de Eliza e responsabiliza o ex-fiel escudeiro.

"Ele sempre me diz: ‘Tia, eu achava que tinha amigos, mas vi que não tinha. Confiei no Macarrão, mas ele não era. Eram todos sanguessugas'", afirma Ângela, acrescentando que o sobrinho quer ter contato com Bruninho, filho de Eliza que ele assumiu em junho. "Ele é doido com o menino. É o único filho homem do Bruno, que tem duas meninas".

Bruno é apontado como o mentor do sequestro e da morte de Eliza, que cobrava o reconhecimento do seu filho. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é acusado de matar a modelo, esquartejar o corpo e atirar os pedaços para cachorros comerem. Antes, ela teria sido mantida em cárcere privado, segundo a polícia, por Macarrão e um menor.

‘Ele prega nos cultos'

Segundo a família, Bruno busca forças na religião. Desde que virou evangélico, ele passou a ler a Bíblia diariamente, além de cantar hinos de louvor. "Hoje ele prega nos cultos entre os presos. O Bruno ia ser batizado, mas proibiram. Mas todo domingo, na hora do almoço, ele faz uma oração e canta hinos de louvor. Isso distrai a cabeça dele, porque se não tiver Deus no coração é que não tem jeito mesmo", diz Ângela.

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