domingo, 25 de janeiro de 2009

Com nova gestão, João Henrique Areias espera salvar esporte olímpico do Fla

A viagem para Teresópolis (RJ) foi deixada de lado e a manga já está arregaçada. Desde sábado, João Henrique Areias trabalha em um terreno sombrio: as finanças combalidas do esporte olímpico do Flamengo. Sua tarefa, como ele mesmo diz, não é fácil, mas João mostra esperança agora como gestor da Unidade de Esportes Olímpicos.

Descartando o título de salvador da pátria (“Isso, só o Romário”), ele espera usar a sua experiência em outras missões complicadas, como a criação da Copa União (1987), para conseguir os investimentos necessários para esportes que hoje têm estrelas como Diego e Daniele Hypolito, Jade Barbosa, Marcelinho Machado e Baby. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o autor do livro “Uma bela jogada. 20 anos de Marketing Esportivo” e responsável por uma comunidade na internet sobre o assunto explica como será o novo projeto, fala do fim da ginástica artística do clube e traz uma boa notícia para o basquete rubro-negro.

GLOBOESPORTE.COM: Antes de começar a conversa, os amantes do basquete precisam saber. O Flamengo vai estrear no Novo Basquete do Brasil nesta quarta?

João Henrique Areias: O Flamengo vai conseguir resolver a situação nas próximas 72h. Já existe uma comitiva de vários dirigentes para resolver o problema. Até o Kleber Leite (vice-presidente de futebol) está tentando captar recursos. Eles vão pagar, não digo a totalidade, mas alguma coisa. Conversei com eles (jogadores) pedindo um crédito e senti uma certa receptividade, embora o ambiente não seja dos melhores.

A crise é grande e, conversando com os atletas, a sensação é de que você chega como um salvador da pátria...

Salvador da pátria só o Romário. Se eu não tiver uma equipe unida, ninguém consegue. Eu preciso inclusive que o grupo esteja empenhado no projeto.

(Mas a situação) Tá na UTI. Ou abre e opera, ou vai morrer. Não é que operando a gente possa salvar, mas é uma tentativa

Você chega para cuidar da Unidade de Esportes Olímpicos, mas o clube não tem dinheiro. Como será o projeto para a captação de recursos?

A gente sabe que o Flamengo enfrenta uma crise financeira, mas quero acreditar que não só o Flamengo, mas as entidades esportivas em geral enfrentam uma crise de gestão. Vou com a missão de fazer do esporte olímpico uma unidade de negócios. Teríamos um conselho gestor, com ex-atletas como Patrícia Amorim (atual vice de esportes olímpicos), Oscar e outros sete, no máximo, e abaixo os executivos. Neste grupo, teríamos eu como o vice-presidente profissional e abaixo de mim três pessoas: um coordenador da parte esportiva, um da parte de marketing, comunicação e tecnologia, e outro de retaguarda, que cuidaria das finanças e da administração.
E o que isso mudaria para agora?

Assim, vai ser mais fácil para buscar recursos, seja ele com o governo ou a iniciativa privada, porque vamos ter um corpo de funcionários trabalhando em todo o período. O dirigente voluntário tem o seu valor, às vezes são pessoas extremamente competentes nos seus negócios, mas que não têm tempo para trabalhar pelo clube. Ele vai ficar em um conselho gestor e será chamado para reuniões, com o poder de nos demitir caso a coisa não esteja boa.

Quando começa o trabalho?

Já começou a partir de hoje (sábado). Tivemos reunião com atletas da ginástica olímpica e do basquete. Ia para Teresópolis (RJ) e já não vou mais. Toda crise gera oportunidades e vamos aproveitar para mudar o modelo. Mas isso não é fácil. É mudar a cultura de um clube que tem mais de 100 anos. Nos próximos dias, vou apresentar o projeto para o Márcio (Braga, presidente do Flamengo), que vai dar a opinião dele.

Então o projeto ainda não está certo?

O Márcio precisa aprovar e levar para conselho. (Mas a situação) Tá na UTI. Ou abre e opera, ou vai morrer. Não é que operando a gente possa salvar, mas é uma tentativa. Não pode ficar do jeito que está. A implantação vou fazer agora nas primeiras semanas e espero estar com tudo pronto até a segunda semana de fevereiro. Tenho um prazo de 90 dias para estar com tudo formalizado e a partir do 91º dia viro um executivo profissional. Mas quero estar com tudo resolvido em 30 dias. No início, vou receber um cargo interino, sem remuneração, mas depois passo a receber salário.

Por falar em UTI, está realmente decretada a morte da ginástica artística rubro-negra?

Para mim não acabou e um dos meus trabalhos vai ser buscar a viabilização da ginástica olímpica. (O Diego e a Daniele Hypolito e a Jade Barbosa) São um bom produto. A imagem deles é muito positiva. O clima é de tristeza, mas (o Diego, a Jade e a Daniele) estavam lá treinando.


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