Desde
que foi assinada em março pela presidente Dilma Rousseff, a MP do
Futebol vem gerando uma série de controvérsia. Descontentes com boa
parte do texto, clubes e CBF clamam por mudanças. Por outro lado, o
movimento Bom Senso F.C. e setores do governo federal tentam manter
exigências que provoquem um choque de gestão em clubes e federações.
Relator da comissão mista que discute o tema no Congresso Nacional, o
deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), busca um meio termo: admite
fazer mudanças na MP, porém, garante que manterá as contrapartidas.
-
É preciso observar com muita calma. Não posso incorrer no erro de
provocar a judicialização da Lei. Fazer com que assim que seja aprovada,
ela sofra medidas judiciais que impeçam sua aplicação. Então, temos que
seguir rigores constitucionais muito grandes. Não tem como não haver
mudanças. Mas o que eu coloco é que não abro mão da exigência das CNDs
(Certidões Negativas de Débitos), das boas praticas de gestão e da
punição esportiva - afirmou o parlamentar.
Deputado Otávio Leite, relator da MP do Futebol (Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados)
Conhecida
como MP do Futebol ou Profut - a Medida Provisória 671 renegocia as
dívidas estimadas em R$ 4 bilhões dos clubes com a União em troca de
contrapartidas que incluem, entre outras coisas, o rebaixamento de
inadimplentes, limitação de mandatos e prestações de contas na internet.
Além dos times, o texto, como foi assinado, estabelece as mesmas regras
para as entidades de administração esportiva - federações e
confederações.
Baseados
em análises de juristas, CBF e clubes defendem que as exigências da MP
são inconstitucionais. O argumento é de que as exigências ferem a
autonomia das instituições. Os dirigentes reclamam ainda de outros
trechos do texto como limitação de gastos de 70% com futebol
profissional e obrigação de investimento em futebol feminino.
Já
o Bom Senso defende a constitucionalidade da medida, que diz ter sido
bastante estudada pelo setor jurídico da casa civil. O movimento
acredita que, por ser opcional, as exigências não afetariam a autonomia
dos clubes. Os representantes do Bom Senso ainda dizem que as
contrapartidas são fundamentais para transformar a gestão dos times.
Relatório será apresentado em 2 de junho
O
texto da MP vem sendo debatido na comissão mista no Congresso Nacional
desde o início de maio, com participação de diversas partes interessadas
no tema. Na próxima semana, serão realizadas as últimas audiências
públicas e a previsão do relator é apresentar o novo texto no dia 2 de
junho.
- Tenho conversado bastante, ouvido bastante todas as
partes, avaliado todas as emendas apresentadas. A ideia é apresentar o
relatório no dia 2, para que ele seja votado na semana seguinte na
comissão (dias 9 e 10 de junho).
Após passar pela comissão
mista, o texto ainda terá que passar pelos plenários da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal. A votação precisa ser concluída até o dia
17 de julho, quando expira o prazo da MP.
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