sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Pai de jogador do Flamengo confirma versão de roubo de carro à polícia


 Luiz Carlos Francisco Soares, pai do jogador rubro-negro Luiz Antônio, que está sendo investigado sobre uma suposta ligação com uma das maiores milícias da Zona Oeste, negou o envolvimento do filho com o grupo. Após prestar depoimento na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), ele confirmou a versão de que o carro - que teria sido um presente do jogador para o chefe do grupo - foi roubado.

- O Alexandre (policial preso que se apresentava como irmão de criação do atleta) é meu conhecido e do meu filho, mas não temos envolvimento nenhum com milícia. Prestamos os esclareicmentos normais, nada do que já não tivesse sido dito antes - disse ao deixar a delegacia.

Questionado sobre como teria ocorrido o roubo do veículo, o pai do jogador apenas declarou que os assaltantes foram violentos, mas não quis entrar em detalhes. Luiz Carlos chegou às 12h40m na Draco acompanhado de um advogado e só saiu por volta das 16h30m.

De acordo com o delegado titular da Draco, Alexandre Capote, o pai do jogador registrou o roubo de uma caminhonete Ford Edge, avaliada em R$ 132 mil, que segundo investigações teria sido um presente do atleta ao ex-PM Marcos José de Lima Gomes, o Gão, preso na semana passada. Na quinta-feira, após ouvir o depoimento do jogador, o delegado disse que poderia até fazer uso da força policial, caso Luiz Carlos não se apresentasse nesta sexta-feira.

Na quinta, o meio-campo do Flamengo negou qualquer ligação com a quadrilha. Acompanhado por Michel Asseff Filho, advogado do clube, ele prestou depoimento durante uma hora e meia na Draco e afirmou que não entregou veículo algum ao miliciano. Policiais suspeitam que o jogador tentou aplicar o chamado golpe do seguro.

— Meu carro foi roubado com meu pai dentro. Não tenho relação com a milícia — disse Luiz Antônio ao sair da Draco.

'ELE ANDAVA COMIGO'

Luiz Carlos registrou o suposto roubo do veículo de seu filho no dia 11 de janeiro na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), apesar de ter informado que o caso ocorreu em Guaratiba, onde fica a 43ª DP. Quem elaborou o boletim de ocorrência foi o inspetor Alexandre da Rocha Antunes, também preso na semana passada: ele seria integrante de uma milícia que controlava seis condomínios do programa Minha Casa Minha Vida na Zona Oeste. De acordo com a Draco, Antunes se apresentava como irmão de criação e empresário do jogador.

— Ele andava comigo e se apresentava como meu irmão, mas nunca imaginei que um policial da ativa estaria no meio disso. Estamos, eu e meu pai, sendo acusados de uma coisa que não fizemos — afirmou Luiz Antônio.

O delegado titular da Draco, Alexandre Capote, disse que, se for comprovado um elo de Luiz Antônio com a milícia, ele será indiciado por formação de quadrilha. Por enquanto, o jogador é suspeito de cometer um estelionato, pois, com o registro do roubo da caminhonete, teria recebido de uma seguradora um valor pelo menos 20% maior que o estipulado para uma eventual venda do veículo.

— O carro era meu. Pagava o seguro e, se foi roubado, nada é mais justo do que eu receber o valor da apólice — argumentou Luiz Antônio, acrescentando que o caso está prejudicando seu trabalho no Flamengo.

O delegado espera concluir as investigações em 30 dias.


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