Os caminhos de George
Frederico Torres Homem Chaia, o Gegê, e Cristiano Silva Felício se
cruzaram
pela primeira vez em 2012, durante a preparação da seleção masculina
adulta de
basquete para o Sul-Americano da modalidade. Na ocasião, enquanto o pivô
de 2,08m
seguiu para a disputa da competição em Resistência, na Argentina, o
armador de
1,88m voltou para casa, na Tijuca, no Rio de Janeiro. O reencontro
aconteceu um
ano depois, novamente numa seleção brasileira. A de novos, dirigida por
José Neto, que participou da
Universíade em Kazan, na Rússia. Desta vez Gegê embarcou e, daí em
diante, eles
não se desgrudaram mais. Contratado pelo Flamengo, Felício se entrosou
tão bem com o novo companheiro que uma forte amizade nasceu e a dupla
teve papel decisivo nas conquistas do eneacampeonato
carioca e do bi da Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB).
Entrosados
dentro e fora de quadra, Gegê (à esq.) e Cristiano Felício enfrentam o
Basquete Cearense, nesta segunda-feira, com o objetivo de manter o
Flamengo na liderança do NBB (Foto: Marcello Pires)
-
Acho que nossa trajetória é bem parecida. Somos dois jogadores jovens
que optamos por estar num grande clube para aproveitar todas as chances
que aparecerem. Em cinco meses juntos no Rio de Janeiro já conquistamos
dois títulos: o Carioca e a LDB. É sinal de que a parceria está dando
certo -disse Gegê.
Mas isso foi só o começo. A
caminhada rubro-negra em 2013 é longa e terá outros desafios pela frente. O
primeiro será manter o Flamengo na liderança do NBB, nesta segunda-feira, contra o Basquete Cearense do técnico
Alberto Bial, às 21h15, no ginásio do Tijuca, pela 16ª rodada da competição. O SporTV
transmite a partida ao vivo e o GloboEsporte.com acompanha todos os lances em
tempo real.
Mesmo com personalidades completamente diferentes,
o entrosamento da dupla foi quase imediato. Dentro de quadra, então,
nem se fala. Basta um olhar, e eles já se entendem. Quando por alguma
razão isso não acontece, duas frases do "gigante" Felício resolvem o
problema, e
Gegê sabe que não está sozinho.
- Com certeza o Felício é o
jogador do time com quem mais tenho entrosamento. Quando ele fala "pode
jogar para o alto" e "estou atrás na ajuda" sei que vai enterrar
no ataque e que minha retaguarda está garantida na defesa, e que não vai ter
erro (risos) - brincou Gegê, arrancando gargalhadas do tímido pivô rubro-negro,
que retribuiu a gentileza.
- Nosso pick and roll
(jogada de bloqueio) está cada vez mais entrosado, e quando estou em quadra com
o Gegê me sinto muito mais confiante para jogar.
Felício tenta deixar a timidez de lado
Timidez que, aos poucos, tem ficado de lado. De tanto ouvir o técnico José Neto, o próprio Gegê e algumas pessoas cobrarem uma postura mais agressiva em quadra, Cristiano Felício nem parece aquele menino calado e até certo ponto assustado que quase não jogou na disputa da Copa América de basquete de Caracas, na Venezuela, quando a seleção brasileira perdeu todas as partidas e não conseguiu a sonhada classificação para o Mundial da Espanha.
- Estive com grandes
jogadores naquela ocasião e adquiri uma experiência internacional muito grande.
Acredito que evolui bastante de lá para cá, mas sei que ainda tenho um longo
caminho a percorrer. Muitas pessoas me cobravam uma postura mais participativa
nos jogos, e acho que com o tempo passei a falar mais. Até minha mãe estranhou
quando reclamei com a arbitragem nos jogos da LDB (risos). Com certeza essa
mudança me beneficiou muito dentro e fora de quadra - admitiu Felício.
Depois
de tentar roubar a bola do habilidoso "baixinho" Gegê, o "gigante"
Cristiano Felício, de 2,08m, se vinga e desafia o armador rubro-negro a
tentar tirar a bola de sua mão (Foto: Marcello Pires)
Provocador de carteirinha, Gegê
reconhece que está sempre pegando no pé dos companheiros. Em especial do amigo. Mas quando a assunto é sério,
o armador é o primeiro a destacar a mudança de postura do pivô rubro-negro
dentro de quadra.
- Na seleção de novos
dividimos o quarto e lembro que ele quase não abria a boca. Mas isso
mudou e
hoje ele não para de falar (risos). A gente procura conversar muito
durante os
jogos sempre com o intuito de ajudar e corrigir um ao outro. Ele
realmente está
muito mais solto, mas acho que está se impondo mesmo dando tocos,
pegando
rebotes e sendo mais efetivo no ataque. Mais do que um companheiro, o
Felício é um amigo. Temos os mesmo objetivos e os mesmos sonhos -
explicou Gegê.
O entrosamento fora de
quadra também tem rendido frutos. Principalmente para Felício. Só o discurso
entre eles que não anda afinado. Uma espécie de guia do pivô na Cidade
Maravilhosa, Gegê deixa o amigo envergonhado ao revelar que durante um dos
passeis pelo Rio, o camisa 21 do Flamengo acabou conhecendo muito mais do que
um simples ponto turístico. A gozação, porém, mudou de lado, quando o armador
descobriu outra habilidade do jogador da seleção.
- Você gosta de cozinhar e
estava escondendo o jogo? Ninguém sabia disso no time. Quando vai fazer um
almoço para mim? Eu fiz minha parte e procurei mostrar alguns lugares da cidade
para ele. Mas ele acabou conhecendo uma pessoa especial que assumiu
o meu lugar como guia (risos) - entregou Gegê, deixando Felício sem graça.
O "paizão" José Neto
O
pivô só perde a vergonha na hora de falar de José Neto. Apesar de ser
um dos jogadores mais cobrados pelo comandante rubro-negro, Felício
reconhece a importância do técnico na sua carreira.
- É um
privilégio enorme ter o Neto como nosso treinador e conselheiro. Ele
cobra bastante e às vezes dá umas duras mais fortes, mas sabemos que é
para o nosso bem. É um treinador que conversa muito e está sempre
passando informações importantes para nossas carreiras. Isso mostra o
carinho especial que têm pela gente.
O
primeiro contato do trio rubro-negro aconteceu durante a preparação
para a Universíade da Rússia. Antes, Neto só tinha trabalhando com
Felício numa seleção sub-19. A oportunidade de comandar o armador Gegê
só veio em 2012, quando o assistente de Rubén Magnano na seleção
principal assinou com o Flamengo. Apesar de rígido na hora do trabalho,
Neto é uma espécie de paizão da dupla nas horas vagas.
- São
dois jogadores talentosos e de muita projeção no futuro.
Qualquer boa relação fora de quadra facilita o trabalho do treinador e
ajuda no desempenho de qualquer equipe. Minha
função é orientar e exigir o máximo deles nos treinos e nos jogos, e
acho que
contribuo um pouco para essa boa relação. Mas o mérito maior é todo
deles. Apesar de jovens, são dois excelentes profissionais e estão
sempre procurando escutar e se dedicar ao máximo ao trabalho - elogiou
Neto.
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