segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Unidos por trajetórias semelhantes, Gegê e Felício viram o futuro do Flamengo



Os caminhos de George Frederico Torres Homem Chaia, o Gegê, e Cristiano Silva Felício se cruzaram pela primeira vez em 2012, durante a preparação da seleção masculina adulta de basquete para o Sul-Americano da modalidade. Na ocasião, enquanto o pivô de 2,08m seguiu para a disputa da competição em Resistência, na Argentina, o armador de 1,88m voltou para casa, na Tijuca, no Rio de Janeiro. O reencontro aconteceu um ano depois, novamente numa seleção brasileira. A de novos, dirigida por José Neto, que participou da Universíade em Kazan, na Rússia. Desta vez Gegê embarcou e, daí em diante, eles não se desgrudaram mais. Contratado pelo Flamengo, Felício se entrosou tão bem com o novo companheiro que uma forte amizade nasceu e a dupla teve papel decisivo nas conquistas do eneacampeonato carioca e do bi da Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB). 

Entrosados dentro e fora de quadra, Gegê (à esq.) e Cristiano Felício querem manter o Flamengo na liderança diante do Basquete Cearense (Foto: Marcello Pires) 
Entrosados dentro e fora de quadra, Gegê (à esq.) e Cristiano Felício enfrentam o Basquete Cearense, nesta segunda-feira, com o objetivo de manter o Flamengo na liderança do NBB (Foto: Marcello Pires)

- Acho que nossa trajetória é bem parecida. Somos dois jogadores jovens que optamos por estar num grande clube para aproveitar todas as chances que aparecerem. Em cinco meses juntos no Rio de Janeiro já conquistamos dois títulos: o Carioca e a LDB. É sinal de que a parceria está dando certo -disse Gegê. 

Mas isso foi só o começo. A caminhada rubro-negra em 2013 é longa e terá outros desafios pela frente. O primeiro será manter o Flamengo na liderança do NBB, nesta segunda-feira, contra o Basquete Cearense do técnico Alberto Bial, às 21h15, no ginásio do Tijuca, pela 16ª rodada da competição. O SporTV transmite a partida ao vivo e o GloboEsporte.com acompanha todos os lances em tempo real.

Mesmo com personalidades completamente diferentes, o entrosamento da dupla foi quase imediato. Dentro de quadra, então, nem se fala. Basta um olhar, e eles já se entendem. Quando por alguma razão isso não acontece, duas frases do "gigante" Felício resolvem o problema, e Gegê sabe que não está sozinho.

- Com certeza o Felício é o jogador do time com quem mais tenho entrosamento. Quando ele fala "pode jogar para o alto" e "estou atrás na ajuda" sei que vai enterrar no ataque e que minha retaguarda está garantida na defesa, e que não vai ter erro (risos) - brincou Gegê, arrancando gargalhadas do tímido pivô rubro-negro, que retribuiu a gentileza.

- Nosso pick and roll (jogada de bloqueio) está cada vez mais entrosado, e quando estou em quadra com o Gegê me sinto muito mais confiante para jogar.

Felício tenta deixar a timidez de lado

Timidez que, aos poucos, tem ficado de lado. De tanto ouvir o técnico José Neto, o próprio Gegê e algumas pessoas cobrarem uma postura mais agressiva em quadra, Cristiano Felício nem parece aquele menino calado e até certo ponto assustado que quase não jogou na disputa da Copa América de basquete de Caracas, na Venezuela, quando a seleção brasileira perdeu todas as partidas e não conseguiu a sonhada classificação para o Mundial da Espanha.

- Estive com grandes jogadores naquela ocasião e adquiri uma experiência internacional muito grande. Acredito que evolui bastante de lá para cá, mas sei que ainda tenho um longo caminho a percorrer. Muitas pessoas me cobravam uma postura mais participativa nos jogos, e acho que com o tempo passei a falar mais. Até minha mãe estranhou quando reclamei com a arbitragem nos jogos da LDB (risos). Com certeza essa mudança me beneficiou muito dentro e fora de quadra - admitiu Felício.

montagem basquete Flamengo (Foto: Marcello Pires) 
Depois de tentar roubar a bola do habilidoso "baixinho" Gegê, o "gigante" Cristiano Felício, de 2,08m, se vinga e desafia o armador rubro-negro a tentar tirar a bola de sua mão (Foto: Marcello Pires)
 
Provocador de carteirinha, Gegê reconhece que está sempre pegando no pé dos companheiros. Em especial do amigo. Mas quando a assunto é sério, o armador é o primeiro a destacar a mudança de postura do pivô rubro-negro dentro de quadra.

- Na seleção de novos dividimos o quarto e lembro que ele quase não abria a boca. Mas isso mudou e hoje ele não para de falar (risos). A gente procura conversar muito durante os jogos sempre com o intuito de ajudar e corrigir um ao outro. Ele realmente está muito mais solto, mas acho que está se impondo mesmo dando tocos, pegando rebotes e sendo mais efetivo no ataque. Mais do que um companheiro, o Felício é um amigo. Temos os mesmo objetivos e os mesmos sonhos - explicou Gegê.

O entrosamento fora de quadra também tem rendido frutos. Principalmente para Felício. Só o discurso entre eles que não anda afinado. Uma espécie de guia do pivô na Cidade Maravilhosa, Gegê deixa o amigo envergonhado ao revelar que durante um dos passeis pelo Rio, o camisa 21 do Flamengo acabou conhecendo muito mais do que um simples ponto turístico. A gozação, porém, mudou de lado, quando o armador descobriu outra habilidade do jogador da seleção.

- Você gosta de cozinhar e estava escondendo o jogo? Ninguém sabia disso no time. Quando vai fazer um almoço para mim? Eu fiz minha parte e procurei mostrar alguns lugares da cidade para ele. Mas ele acabou conhecendo uma pessoa especial que assumiu o meu lugar como guia (risos) - entregou Gegê, deixando Felício sem graça.

O "paizão" José Neto

Neto orienta Gegê durante a vitória contra o Mogi das Cruzes (Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem)O pivô só perde a vergonha na hora de falar de José Neto. Apesar de ser um dos jogadores mais cobrados pelo comandante rubro-negro, Felício reconhece a importância do técnico na sua carreira.

- É um privilégio enorme ter o Neto como nosso treinador e conselheiro. Ele cobra bastante e às vezes dá umas duras mais fortes, mas sabemos que é para o nosso bem. É um treinador que conversa muito e está sempre passando informações importantes para nossas carreiras. Isso mostra o carinho especial que têm pela gente.

O primeiro contato do trio rubro-negro aconteceu durante a preparação para a Universíade da Rússia. Antes, Neto só tinha trabalhando com Felício numa seleção sub-19. A oportunidade de comandar o armador Gegê só veio em 2012, quando o assistente de Rubén Magnano na seleção principal assinou com o Flamengo. Apesar de rígido na hora do trabalho, Neto é uma espécie de paizão da dupla nas horas vagas. 

- São dois jogadores talentosos e de muita projeção no futuro. Qualquer boa relação fora de quadra facilita o trabalho do treinador e ajuda no desempenho de qualquer equipe. Minha função é orientar e exigir o máximo deles nos treinos e nos jogos, e acho que contribuo um pouco para essa boa relação. Mas o mérito maior é todo deles. Apesar de jovens, são dois excelentes profissionais e estão sempre procurando escutar e se dedicar ao máximo ao trabalho - elogiou Neto.
 

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