Hernane e Alecsandro brigam pela camisa 9 do Flamengo

No Flamengo, um duelo pela camisa 9 começa a ganhar contornos entre Hernane e Alecsandro, apresentado ontem. Hoje, ela é de Hernane. Apesar de ter recebido proposta do Al Jazira, dos Emirados Árabes, a negociação dificilmente irá adiante e a equipe árabe já procura por outro atacante. Mesmo com o aumento do valor da última proposta, que chegou a € 6 milhões (R$ 19,5 milhões), a diretoria rubro-negra não se mostrou interessada em vender o jogador: o clube receberia menos que o estipulado na multa rescisória de € 8 milhões, dos quais 50% são do Flamengo.

Agora, os representantes de Hernane veem a necessidade de uma valorização do atleta, maior artilheiro do Brasil em 2013, com 36 gols. Com contrato até 2016, o centroavante ganha cerca de R$150 mil por mês, menos do que Alecsandro receberá mensalmente por dois anos (R$ 250 mil mensais). O pedido de renegociação do acordo com Hernane não tem agradado à diretoria e gerou um mal-estar entre empresários e dirigentes.

Ontem, Hernane esteve em campo, mostrando estar parcialmente distante dos problemas. E viu, de longe, seu novo concorrente. Ele sabe que terá uma sombra. Hernane, no entanto, pode confiar na última temporada, quando deixou no banco Marcelo Moreno, uma das principais contratações da temporada passada.

A seu favor, Alecsandro tem números e títulos nos 13 anos de carreira — duas Libertadores — e algumas artilharias. O ex-jogador de Internacional, Vasco e Atlético-MG surpreendeu ao ficar com os olhos marejados ao comentar a importância de vestir a camisa do Flamengo. Em seu décimo clube na carreira, garantiu:

— Eu não vim para ser reserva.

O desafio atual do Flamengo, que disputará a Libertadores, teve peso na saída de Alecsandro do clube mineiro, atual campeão continental.

— Todo atacante sempre sonha que o torcedor grite o seu nome, espero que Alecgol (como é chamado) possa fazer muitos gols aqui. Estou muito feliz, esta é uma das vezes que estou mais feliz em vestir a camisa de um grande clube. Estava no Mundial, quando veio a proposta. A vontade de voltar para o Rio, de jogar a Libertadores, tudo contou. Cheguei a falar com meu filho, dei alguns nomes de times interessados e ele disse: Flamengo.

Currículo vitorioso

A concorrência forte de Hernane não tira o ânimo de Alecsandro.

— Fui contratado para ajudar, para ser útil à equipe, para fazer gols. Jogador faz história quando conquista títulos, espero conquistar muitos aqui. Nenhum jogador é contratado para ser reserva, não aceito isso. Aqui, o Hernane está num grande momento, goleador do Brasil. Pude dar os parabéns para ele — declarou.

Mesmo com utilidade comprovada, Alecsandro não conquistou unanimidade em todos os clubes. Principalmente no Vasco e no Internacional:

— Minha relação com o Vasco foi boa, mas encerrou quando saí de lá. Aqui é nova etapa, outro clube, de potência mundial. Só se consegue entender a grandeza quando se chega aqui.

Do início de carreira no Vitória, onde jogou com Bebeto e agora reencontra o filho dele, Matheus, até o momento, Alecsandro levantou troféus em praticamente todos os clubes. Dois deles, o sonho do Flamengo na temporada: a Libertadores.

— Quando saí do Inter (onde havia vencido a Libertadores) para o Vasco, me chamaram de maluco. E ganhamos a Copa do Brasil. Saí do Vasco, fui para o Atlético e ganhei a Libertadores. Agora, venho para mais um clube conquistar os maiores títulos da minha carreira — declarou o jogador.

Alecsandro afirmou que não vai demorar para estrear e garantiu estar em boa forma.

— Com mais alguns dias de treinamento já devo estar em condição de jogo, não de 90 minutos, mas algum tempo. Não me vejo tão longe do grupo. Lógico que churrasco, comida da mãe, dão uma engordadinha — admitiu o atacante.