quinta-feira, 21 de março de 2013

Boca limpa: na base do ‘caraca’, Jorginho comanda Flamengo sem palavrões


Os microfones à beira do gramado sempre foram um tormento para Vanderlei Luxemburgo. Várias foram as vezes em que o técnico contou nas entrevistas que recebia ligações das filhas e da esposa com pedidos para que maneirasse nos palavrões. Mesmo por trás de ternos importados e finos, Luxa jamais abandonou o estilo boleiro. O perfil explosivo e desbocado sempre foi traço marcante do treinador em treinos e jogos e até em coletivas. "Falo palavrão. Não estou no convento", defendia-se.

JORGINHO-palavroes_MATERIA (Foto: Infoesporte)

Hoje no Grêmio, pouco mais de um ano depois deixar a Gávea Vanderlei acompanha à distância a chegada de mais um sucessor no Flamengo. Depois de Joel Santana e Dorival Júnior, Jorginho é o treinador rubro-negro da vez. E o tetracampeão em nada lembra os outros três. Evangélico há 26 anos, o ex-lateral-direito não fala palavrões. Até pediu aos jogadores que xingassem uns aos outros no treino se achassem necessário, mas após três dias como treinador rubro-negro continua com a “boca limpa”. Foi assim também nas passagens mais recentes por Goiás, em 2010, e Figueirense, em 2011.

- Ainda não ouvi ele falar. É diferente, nunca tinha trabalhado com um técnico que não fala palavrão. Mas é da personalidade dele. Por educação, é bom. Mas quem fala vai continuar falando. É do futebol, é de praxe. Não inibe, não. Às vezes você faz uma cobrança mais ríspida mesmo, numa jogada em que precisa ter mais atenção. É bom não falar palavão também (risos) – comentou o lateral-esquerdo João Paulo.

Nas primeiras conversas com jogadores, membros da comissão técnica e outros funcionários que trabalham no departamento de futebol, Jorginho usou muito a gíria “caraca”, em substituição a um termo cabeludo. “Pô, poxa e caramba” também fazem parte do vocabulário do comandante rubro-negro, que adota a postura há tempos.

- Nunca vão me ver xingando. Sou firme, dou dura, mas não preciso xingar - disse Jorginho, em entrevista concedida ainda nos tempos de Figueirense, em 2011.

Para outro jogador do elenco rubro-negro, o volante Elias, a falta de palavrões nas falas do novo treinador não chegaram a ser supreendentes. Ele conta que já teve experiências parecidas na Europa e no Brasil.

- Trabalhei com um belga que não falava palavrão. E lá fora também trabalhei com outros que falavam. O importante é a mensagem e não como ela é passada. Não importa se ele não fala palavrão. O Tite (técnico do Corinthians) não falava, mas passava a mensagem. Já trabalhei com outros treinadores no Brasil que falavam muito e também conseguiam passar. Eu falo quando necessário, não vejo problema. O fato de o treinador não falar não inibe. É normal - afirmou.

Na sua terceira passagem pelo Flamengo, Luxemburgo ficou no clube de outubro de 2010 a fevereiro de 2012. As broncas sempre foram sua marca no comando da equipe. O treinador não se inibia diante da imprensa e com frequência recorria aos berros e palavrões.

Demitido, Luxa deu lugar a Joel Santana. Joel também é adepto das palavras “sujas”, mas chamava mais atenção pelo jeito fanfarrão de conduzir, exceto nos tempos de crise, quando também perdia a compostura e virava um “papai” zangado.

O estilo polido de Jorginho é mais parecido com o de Dorival. Da metade de 2012 até a semana passada, poucas foram as vezes que o ex-treinador disparou contra os jogadores na frente dos jornalistas, mas internamente também recorria aos palavrões para cobrar o grupo.

Jorginho estreia como técnico do Flamengo neste sábado, contra o Boavista, pela segunda rodada da Taça Rio. A partida será às 18h30m, no Engenhão.

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