A postura da recém empossada diretoria do Flamengo quanto às finanças do clube carioca promoveu uma mudança significativa nos últimos dias. No sábado, Dorival Jr. foi demitido por não aceitar a redução salarial proposta pelo Rubro-negro, e já nesta última segunda-feira o tetracampeão Jorginho foi apresentado na Gávea como novo técnico. No "Bem, Amigos", o apresentador Luis Roberto questionou os altos valores dos técnicos diante de um cenário que muitas vezes é deficitário.
- Vivemos um momento em que o futebol está gastando um dinheiro que ele
está se recusando a arrecadar. Como se pode ter um técnico de 3 milhões
de euros por ano e jogar para mil pagantes? - questiona o apresentador.
Para o jornalista Wagner Vilaron, o valor recebido pelos treinadores e
outros personagens do futebol não seria o problema, já que vê esse
patamar andar de acordo com a lei de mercado do esporte, mas sim a falta
de responsabilidade de quem contrata profissionais que não pode pagar.
- De fato é complicado quando se raciocina desse ponto de vista. Mas
tem o outro lado. Os clubes brasileiros nunca arrecadaram tanto
dinheiro. Dependendo do caso, certos profissionais justificam um
investimento maior, mesmo que seja acima da média. Em outros casos surge
o desespero do clube, que está numa situação complicada e fica refém da
pedida do treinador. Mas se tem quem pague, acho que não tem problema
nenhum o sujeito receber. O que tem que se cobrar é a responsabilidade
de quem faz a proposta. Acho que neste ponto é que o Flamengo está
mudando - ressalta o comentarista.
O jornalista Bob Faria também afirma que o principal problema é com a responsabilidade de quem dirige e planeja.
- Acho que o problema passa pela responsabilidade de quem assina o
cheque. No momento em que faz o planejamento e deixa de ter
responsabilidade pelo buraco que vai deixar, ele faz qualquer maluquice.
E isso está mudando. Não faltam exemplos hoje no futebol brasileiro de
times que passaram por saneamento em suas finanças e conseguem fazer
equipes muito competitivas de maneira muito responsável.
Vilaron vê a saída de Dorival Jr. como um fato natural diante da
circunstância que vive o Flamengo, agora sob a presidência de Bandeira
de Mello.
- Lamento essa saída de técnico, mas no caso específico do Dorival acho
natural, porque houve uma mudança de diretoria e filosofia no Flamengo.
E fazer essa mudança com um profissional que já vem do tempo da
mentalidade antiga talvez fique mais difícil. O novo técnico, o
Jorginho, já chega com essa nova mentalidade.
Dorival Junior não aceitou redução salarial proposta pelo Flamengo (Foto: Ivo Gonzalez/Agência O Globo)
Bob Faria também destaca que o clube carioca pode dar um passo importante para mudar sua própria imagem.
- Até muito recentemente, o que a gente via, especialmente no Flamengo,
era que isso estava no DNA do clube, de ser essa bagunça. Parece que
está no topo da pirâmide do Flamengo a frase do Vampeta que ninguém
esquece: "Eu finjo que jogo e eles fingem que pagam". Se isso mudar na concepção do clube, talvez ele consiga se reestruturar e ganhar credibilidade.
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