Em um papo descontraído promovido pelo programa "É Gol!!!",
o ex-jogador e comentarista Júnior e o sambista Neguinho da Beija-Flor
uniram música e esporte, destacando as semelhanças que passam pelos
gramados e pela passarela do samba. Enquanto o intérprete de uma das
principais escolas de samba do Rio de Janeiro é responsável por obras
imortais, que embalaram títulos da Beija-Flor no carnaval, Júnior, além
dos títulos em campo, também foi compositor da música que virou tema da
Copa do Mundo de 1982, na Espanha. "Povo Feliz", que trazia o refrão
"voa canarinho, voa" e vendeu mais de 600 mil compactos.
- Essa história do futebol com o samba já vem desde lá de trás, com
jogadores como Brito (que se destacou por Vasco e Flamengo e foi campeão
da Copa de 70), Alcir (Portela, ex-jogador e técnico pelo Vasco),
Moisés (ex-Vasco, Flamengo, Corinthians e técnico vice brasileiro pelo
Bangu, em 85), todos apaixonados por carnaval. Essa relação fica sempre
junta, pela musicalidade que o futebol apresenta. Se pegar um samba e
colocar em algumas jogadas para fazer uma reportagem, ele se encaixa
perfeitamente - destaca o Maestro.
Neguinho da Beija-Flor é responsável por unir os quatro grandes clubes
do Rio de Janeiro através de uma música, entoada nas arquibancadas por
torcedores de Flamengo, Botafogo, Fluminense e Vasco. O sambista revelou
como surgiu a música, com os versos: "Domingo, eu vou ao Maracanã, vou
torcer pro time que sou fã, vou levar foguetes e bandeiras, não vai ser
de brincadeira, ele vai ser campeão…".
Neguinho da Beija-Flor, torcedor do Flamengo, e o rubro-negro Júnior no "É gol!!!" (Foto: Reprodução SporTV)
- Cantava no Cordão da Bola Preta. Saí de lá e peguei um ônibus na
Praça Mauá (Centro do Rio). Ia para casa em Nova Iguaçu (Baixada). Fui
pensando: 'Tenho que fazer uma música que fique para sempre. O que que
tenho que fazer? Religião nem todos são da mesma, mas futebol é unânime.
Vou fazer uma música sobre futebol, mas não vou botar clube nenhum'.
Apesar de flamenguista, vou ficar reduzido a 40 milhões (de torcedores).
'E o nome deles são vocês que vão dizer'. E fiz com que os outros
clubes adaptassem para "Nense", "Fogo", "Mengo".
Júnior ainda lembra que, diferentemente do passado, hoje em dia os jogadores tocam instrumentos mais variados.
- Antigamente só tinha instrumento de percussão. Você não tinha jogador
de futebol que tocasse corda. Hoje você tem o Élton, Robinho e Julio
Baptista, por exemplo.
- Ronaldinho Gaúcho é viciado em samba - lembra Neguinho.
O ex-jogador recorda ainda a participação de músicos no ônibus do Flamengo quando iam para o Maracanã em dias de jogos.
- Muitas vezes, o Jorge Ben ia para a concentração e depois ia tocando
até o Maracanã. Dali para frente não tinha mais, já que tínhamos que nos
concentrar. O João Nogueira também cansou de ir com a gente. Ajudava a
relaxar.
No Sambódromo, com o enredo "O mundo é uma bola", a Beija-Flor de
Nilópolis foi vice-campeã em 1986, sob o comando do carnavalesco
Joãozinho Trinta. Neguinho lembra do desfile, debaixo de muita chuva.
- Cantei tomando choques horríveis, com a água acima da canela. Tinha passista que sambava e dava mergulho.
Júnior, apaixonado pelo samba, é torcedor da Mangueira, mas diz que,
diferente do que acontece no futebol, no Sambódromo carioca todos podem
vestir diversas camisas.
- Essa rivalidade que existe dentro do futebol, no samba é
completamente diferente. Desfilei em praticamente todas as escolas,
gosto do espetáculo, das escolas.
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