quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Luxa diz que postura do time deixou torcedores felizes: "Inclusive a mim"

luxemburgo flamengo x atletico-mg (Foto: Getty Images)
O saco de cimento segue ali, nas costas de cada jogador do Flamengo, mas uma coisa não dá para negar: está a cada rodada mais leve. Depois da vitória por 2 a 1 de virada sobre o Atlético-MG, nesta quarta-feira, no Maracanã, pela 16ª rodada do Brasileirão, Vanderlei Luxemburgo voltou a fazer uso da expressão que virou marca para definir sua equipe como lutadora na ausência da qualidade técnica. O discurso de manter as atuações no limite, sem se iludir com os bons resultados, no entanto, dessa vez foi mais suave, mais sorridente. Com quatro vitórias em cinco jogos desde que assumiu o Rubro-Negro, o treinador se disse feliz. Não somente como profissional, mas, principalmente, como torcedor.  

- Quando acabou o jogo, falei como rubro-negro e como técnico. Falei que eles tinham deixado todos os rubro-negros, inclusive a mim, felizes com muita garra e determinação. A torcida entrou em campo e foi fantástica, como conhecemos. Estão entendendo a nossa equipe, que não é tecnicamente como queríamos, mas é aguerrida, determinada, coloca o rabo no chão e foi o centroavante da equipe com certeza. Mas isso em função do que os jogadores produziram contra uma equipe arrumada e com um jogador flutuando em campo, que foi o Tardelli. Vamos seguir com humildade e dentro das nossas limitações, que conhecemos.   

Apesar de já estar em situação bem menos desesperadora e com a certeza de ficar fora da zona de rebaixamento mesmo que perca para o Criciúma, domingo, em Santa Catarina, Luxa não se permite sonhar muito alto. Repetindo várias vezes que a missão do Flamengo neste Brasileirão é evitar a queda para Segunda Divisão, o técnico segue olhando para baixo. Cada vez mais distante de quem precisa de afastar, mas segue olhando para baixo.  

- Não dá para olhar para cima. Vocês (jornalistas) falam que temos que mostrar sempre alguma coisa a mais. Temos que seguir trabalhando com um saco de cimento nas costas. A pergunta procede, mas o futebol é dessa forma, do céu ao inferno em 90 minutos. Nossa obrigação agora é ganhar fora de casa. As perguntas vão sempre acontecer. O futebol no Brasil é dessa forma.

Com 19 pontos, o Flamengo é o 13º colocado no Brasileirão e encara o Criciúma, domingo, às 16h (de Brasília), no Heriberto Hulse, pela 17ª rodada. De Santa Catarina, o elenco rubro-negro segue direto para Curitiba, onde pega o Coxa, na próxima quarta, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Confira a íntegra da entrevista de Luxemburgo:

EDUARDO DA SILVA
- É um jogador que está se adaptando ao Brasil. Coloquei de cara contra o Coritiba e sentiu. Quando coloquei com o adversário cansado, a técnica aflora. Preferi guardar e botar depois. Sabia que ia ser um jogo muito intenso, e ele entrou muito bem. É muito técnico, mas falta ritmo. Aqui, a preparação é diferente, o ritmo é diferente, mas ele já está ajudando muito.  

Não dá para olhar para cima. Vocês (jornalistas) falam que temos que mostrar sempre alguma coisa a mais. Temos que seguir trabalhando com um saco de cimento nas costas. A pergunta procede, mas o futebol é dessa forma, do céu ao inferno em 90 minutos. Nossa obrigação agora é ganhar fora de casa
Vanderlei Luxemburgo

MARCELO
- O Marcelo é um zagueiro que eu gosto. Eles fazem uma boa dupla. O Wallace tem mais técnica, o Marcelo chega tirando, pega bem a bola em cima. Falei com eles depois para não disputarem a bola alta com o Jô. Ele raspava para outro. Depois, começaram a dar tempo e o Jô tinha que dominar, onde tinha dificuldade. Acho que eles se completam. O Marcelo vem crescendo, gosto do jeito que ele joga. É simples. Pelé foi um gênio por ser simples.  

OBJETIVO DO FLA NO BRASILEIRÃO
- Não dá para olhar para cima. Vocês (jornalistas) falam que temos que mostrar sempre alguma coisa a mais. Temos que seguir trabalhando com um saco de cimento nas costas. A pergunta procede, mas o futebol é dessa forma, do céu ao inferno em 90 minutos. Nossa obrigação agora é ganhar fora de casa. As perguntas vão sempre acontecer. O futebol no Brasil é dessa forma.

EVOLUÇÃO DA EQUIPE
- A maior dificuldade do ser humano é ter a humildade de reconhecer o que pode fazer, suas virtudes. Estou sendo transparente, e isso no Brasil é complicado. Temos que reconhecer que somos um time que carrega o saco de cimento, e isso é uma virtude, uma humildade. Essa equipe precisa entender que a grande virtude dela é trabalhar. Não temos os jogadores que as outras equipes têm, e isso não é defeito. É uma virtude reconhecer que não somos um time técnico, mas de trabalhadores. Não podemos mudar. Temos que sair dessa confusão. Se o Flamengo não cair, este é o campeonato do Flamengo. O torcedor entendeu essa proposta e vai continuar conosco.  

O QUE FEZ NO PERÍODO SEM TRABALHAR
- Sou do futebol e vejo futebol o tempo todo. Observo as equipes todinhas. Não é de agora, é desde os anos 90, foi assim quando assumi o Palmeiras. Vi o Flamengo com algumas dificuldades, um time sem vida. Como rubro-negro, não venho trabalhar, sou convocado. Disse que vinha por achar que tinha como contribuir. O torcedor entender muito mais o cara que é do Flamengo. Foi assim com o Jayme, Carlinhos, Andrade... Consegui passar para os jogadores a situação verdadeira da equipe. O Flamengo não tem um grande jogador, um grande ídolo. Como vamos construir isso? A equipe é o grande ídolo. Sabíamos que se juntássemos, trabalhássemos, e o torcedor percebesse nossa luta, íamos conseguir.  

SAÍDA DE LUIZ ANTONIO NO PRIMEIRO TEMPO
- (Mudei) porque sou o técnico e escolho o que achar que devo. No Brasil, uma série de coisas não são permitidas. Por que tenho que esperar o intervalo se tinha uma proposta de jogo e tomei um gol no início? O Luiz estava fora, não estava se encaixando, e enfiei o Nixon para cansar a zaga deles. O Márcio Araújo podia fazer melhor a linha de quatro, e o Canteros tem uma saída de bola importante. Não tinha nada de errado, apenas tive que mudar por sofrer o gol.  

EMPATE É BEM-VINDO CONTRA O CRICIÚMA?
- Como eu encaro o Brasileiro: cinco empates, cinco pontos. Duas vitórias em cinco jogos, seis pontos. A coisa é jogar para vencer. Se não der, o empate é bom negócio, mas faço minha matemática.

COPA DO BRASIL
- Vamos entrar na Copa do Brasil a partir de quarta. A partir de segunda-feira posso responder sobre isso. Por enquanto, vamos ficar no Brasileiro, que tem um jogo domingo fora de casa.   

JOÃO PAULO
- A torcida não cobrou do João Paulo e não vem cobrando. Por isso, ele está mais confiante. Se o rendimento melhorou, é porque a torcida abraçou o João Paulo. Ele está crescendo de produção. Se entendermos que um passe errado é uma vaia, não tem nada a ver. Vaia é pegar o Maracanã todinho e não deixar o cara jogar. Pode render mais. Às vezes, fica inibido, mas tem potencial, bate bem na bola, chuta forte, tem bom físico. Tem que aproveitar a oportunidade que está quicando e talvez seja única na história do Flamengo. Não depende de mim.  

MATEMÁTICA PARA SALVAR
- Se fizéssemos 50% dos pontos lá atrás, o Flamengo não cairia. Essa foi a matemática que eu fiz. Tínhamos que cumprir isso e já avançamos, o que nos permite pensar para cima e para baixo. Em quatro pontos (de vantagem para zona), já são dois jogos de diferença para quem está abaixo. São duas rodadas para queimar, mas temos que avançar para ter ainda mais vantagem.



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