As punições esportivas previstas pela Lei de Responsabilidade Fiscal
do Esporte a clubes que não honrarem os pagamentos de salários, direitos
de imagem e ainda as dívidas com o Governo não serão aplicadas ao
campeonato vigente. É o que explica o diretor-executivo do Bom Senso FC,
Ricardo Borges Martins.
- O principal é que a gente não prejudique o campeonato que está em
jogo. Tiramos perda de ponto para não correr o risco para ele ir para o
tapetão. Punições desportivas são futuras. Se um clube não cumpriu um
critério, ele é rebaixado no ano seguinte. E rebaixamento é sempre a
última punição, tem de errar por muito tempo para ser rebaixado. Há
punições diferentes em cada caso - disse ao "Arena SporTV".
Apesar de ainda divergirem em alguns pontos em relação à LRFE, que tem
votação prevista para depois das eleições de outubro, tanto CBF como Bom
Senso FC apoiam a criação do fair play financeiro e também punições
esportivas a clubes e a dirigentes em caso de falha no pagamento das
dívidas.
O presidente Vilson Ribeiro, do Coritiba, que representa os clubes nas
discussões, afirmou que a dívida dos clubes esportivos do país chega a
R$ 4 bilhões e que a negociação com o Governo é pela forma de pagamento.
Os clubes propõem em 240 meses e correção pela taxa Selic, com 100% de
desconto nas multas e 50% nos juros.
- A grande questão desse programa é a contrapartida dos clubes, a
responsabilização dirigente é importante. Ele tem que ter
responsabilidade na sua gestão. O clube punido e o dirigente também. Que
fique cinco ou seis anos sem exercer atividade esportiva. Se você tem
um orçamento de R$ 100 milhões, viva com R$ 100 milhões, e não com R$
200 milhões - pediu.
O Bom Senso sugere que os clubes usem apenas 66% do seu orçamento nos
gastos com futebol. Vilson Ribeiro, porém, acha que a porcentagem é
pequena em clubes que são focados apenas em futebol, sem outras
modalidades.
- Ajuda o time a investir em outras coisas - diz Ricardo.
A proposta conjunta é que um órgão autônomo assuma o papel de fiscal e
acompanhe se os clubes estão cumprindo os acordos para o pagamento de
dívidas fiscais e trabalhistas - se não estão gastando mais do que
arrecadando e outros pontos previstos na LRFE (Lei de Responsabilidade
Fiscal do Esporte), assim como aplicar punições.
- Temos que olhar para a causa, não adianta apenas punir depois. Tem de
ter esse acompanhamento. O fair play financeiro é algo preventivo.
Haverá um acompanhamento bimestral – explicou Ricardo.
- É o início de uma mudança conceitual dentro do que chamamos de gestão
profissional dos clubes, que tem um déficit orçamentário com receita
grande para o futebol. Se não houver uma lei, não vamos implementar essa
disciplina orçamentária. Não se pode buscar nada no futebol se não
tiver responsabilidade de gestão. O clube tem de ser do tamanho que é,
senão vive de ilusão – destacou Vilson Ribeiro.
- Muitos clubes não têm como manter os planteis que mantém com o
objetivo de buscarem o título e sacrificam suas receitas, seu lado
financeiros por culpa do apelo da arquibancada. O dirigente é um
apaixonado que fica um período e sai e esse modelo não tem seguimento. O
apelo da arquibancada é muito maior do que o modelo de gestão –
completou o dirigente.
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