As
danças a bordo do trem bala, as caretas na comemoração dos gols, tudo
isso, se depender de Alecsandro, se tornará uma lembrança tão distante
quanto a da última vez que o Vasco derrotou o Flamengo em finais.
Campeão carioca em cima do ex-clube, o atacante superou o passado com a
mesma facilidade com que faz gols. Cada vez mais encantado pelo clube
rubro-negro, disse entender a tristeza e a revolta pelas bandas de São
Januário, mas fez questão de ressaltar: que o choro fique do lado de lá.
-
A derrota sempre dói. O clube trabalha sempre em prol do título e
quando há essa perda, a dor acontece, os sentimentos afloram. Deixei
muitos amigos no Vasco, sei da dor que sentem, mas no futebol é como na
vida, você tem de primeiro gostar de si mesmo. Tive um treinador que
dizia: “Se tiver de chorar, que chore a mãe deles”. Foi o que pensei no
jogo. Se tiver de chorar, que chore a mãe deles. Graças a Deus minha mãe
está muito feliz e vai continuar assim - vibrou.
Foram dois anos
de Vasco. Pelo Cruz-Maltino, foi campeão da Copa do Brasil e
vice-campeão brasileiro, com momentos de altos e baixos com a torcida.
Em quatro meses de Flamengo, os gols no Campeonato Estadual, o título
sobre o arquirrival e o carinho dos rubro-negros o ajudam a se sentir à
vontade pelo time da Gávea, cada vez menos conectado ao passado
vascaíno. Quando coloca na balança, já não consegue esconder por quem
seu coração bate mais forte:
- Cada clube tem meu respeito. Quando
passei pelo Vasco, fui campeão, recebi o carinho da torcida e pude dar
carinho para o torcedor. Mas para mim, foi muito boa a vinda para o
Flamengo. É de uma maneira que não consigo descrever, o carinho que
estou recebendo. A chegada foi com um pouco de receio das pessoas, por
eu ter passado pelo rival. Mas hoje sou abordado todos os dias. Hoje
faço parte da história do clube, do hino do Flamengo. Eu me sinto assim:
uma vez Flamengo, sempre Flamengo.
Aos
33 anos e com dez clubes diferentes no currículo, Alecsandro espera
deixar as andanças da bola para trás. O gosto pelo Rio é uma das razões.
Ao ser contratado pelo Vasco em 2011, o centroavante, filho do
ex-atacante Lela, se deixou levar pelos encantos da Cidade Maravilhosa.
Fixou residência na Barra da Tijuca e, ao lado da esposa Vanessa e dos
filhos Yan e Nicolas, decidiu que será com a vista para o mar que
acordará todos os dias após se aposentar dos gramados.
O outro
motivo de querer criar raízes num só lugar é o Flamengo. A decisão de
defender o clube foi corajosa, ele garante, diante do passado pelo vasco
e da concorrência de Hernane, o Brocador, então grande xodó do clube:
-
Eu fui corajoso. Não imaginava que começaria tão bem, mas tinha
acreditava que era possível, porque sei do meu potencial. Quando me
ligaram para falar do convite do Flamengo, minha primeira resposta, na
minha cabeça, foi sim. Mas depois consultei as pessoas que me cercam e
todos disseram para eu aceitar o convite. Meu pai me deu força, mesmo
com o fato de eu ter jogado pelo Vasco, com a concorrência do Hernane.
Quatro meses depois, ele festeja a escolha e projeta um futuro cada vez mais rubro-negro.
-
Não sei se consigo bater Leo Moura, que está há dez anos no clube, mas
quero chegar perto disso. Quanto mais tempo eu ficar no Flamengo, melhor
- afirmou.
Realizado na carreira, Alecgol, como também é
conhecido, enaltece as próprias conquistas. Desde 2009, quando foi
contratado pelo Internacional, o atacante levou seis taças para casa.
Foi bicampeão da Libertadores, venceu a Copa do Brasil e levantou três
estaduais.
- Costumo dizer que o difícil é se manter no topo. Nos
últimos anos da minha carreira, sempre tive boas temporadas, seja com
títulos, seja com gols, às vezes com títulos e artilharia. Tenho tido
uma média boa neste período e é difícil se manter assim, há mais de
cinco anos. Isso é fruto de muito trabalho. Quero continuar assim, agora
pelo Flamengo - concluiu.
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