sexta-feira, 26 de abril de 2013

'Não assinamos nada sobre Maracanã’, diz vice-presidente de finanças do Flamengo



Rodrigo Tostes é um vice-presidente de finanças bem diferente ao que o antecedeu no Flamengo, Michel Levy. Foi figura crucial para a obtenção das Certidões Negativas de Débito, que podem possibilitar ao clube contratos com empresas estatais e deram credibilidade no mercado. Mesmo assim, continuou reservado, como tem sido durante esses quase cinco meses como responsável pela parte mais crítica do clube hoje. Nesta entrevista, Tostes fala sobre como estão as negociações para o Flamengo ser parceiro do consórcio que vencer a licitação do Maracanã e como está sendo este trabalho inicial para diminuir a dívida gigantesca. Confira. 

Como está processo do Maracanã?
Vale a pena ressaltar que o Flamengo de forma alguma assinou qualquer termo de compromisso com um dos consórcios participantes. Só vai assinar se for um acordo bom para o clube. 


O que seria um acordo bom para o Flamengo?
Se eu antecipar qualquer coisa vai ser ruim para a minha negociação. Mas só vamos assinar se for um bom acordo. Não há compromisso com ninguém. 

E sozinhos?
Sim, tudo sozinho. As negociações nós estamos caminhando com os dois consórcios.

Em que pé isso está?
Estamos esperando o consórcio vencedor para evoluir só com ele. Por isso, o clube não assinou. 

Sobre as receitas de TV, o clube já adiantou uma parte?
Existe uma parcela mensal que o Flamengo recebe. Parte deste valor nós também já adiantamos. Não recebemos 100%. Quando chegamos, além de não recebermos 100%, a parcela que receberíamos estava penhorada. E o que estava penhorado agora foi liberado.

Está havendo um processo de corte de gastos rigoroso hoje. Vocês estão reduzindo onde exatamente?
Os exemplos estão aí. Futebol, esporte olímpico, dentro da Gávea. Estamos olhando todos os dias formas de reduzir custos. E estamos conseguindo. No meu departamento conseguimos reduzir 50% dos custos. Tínhamos 26 pessoas, agora são 17. Isso mostra que é muito mais uma questão de processo do que de pessoas ou salários altos que você paga. 

Como isso vai influenciar no futebol do clube?
Já está influenciando. Tivemos de tirar alguns jogadores, evitar negociações de compra de jogador. Só por empréstimo. Mas, por outro lado, os que ficaram eu acredito que estão muito satisfeitos. Estamos pagando em dia, antes o clube pagava dia 20 e agora, dia 5. Aquilo que pegamos atrasado nós renegociamos em 12 parcelas ou 24 parcelas, dependendo do valor da dívida. Acho que tem uma influência total no futebol. Não adianta trazer um atleta para pagar R$ 2 milhões por mês e os outros ficarem sem receber. Isso nós não vamos fazer. Essas loucuras não fazem mais parte do nosso dia a dia.

A expectativa é a de que esse primeiro momento dure quanto?
Eu acho que 2013 vai ser um ano difícil. E 2014 vai ser bem mais fácil do ponto de vista financeiro. Necessariamente, o clube precisa de reforços, não temos dúvida, e estamos buscando isso. Mas vai ser uma tarefa difícil de encontrar algo que caiba dentro do nosso custo operacional. 

Mas qual vai ser o modelo de negociação, então, para trazer reforços sem gastar?
O sócio-torcedor é a nossa tábua de salvação. Eu não me canso de dizer que cabe provar que essas 40 milhões de pessoas que torcem pelo Flamengo estão dispostas a contribuir para o clube. O momento da virada é esse. É o momento que o Flamengo mais precisa da torcida dele, a hora de levantar da cadeira e entrar em campo literalmente para ajudar a virar. Se não for agora, não vai ser nunca mais.


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