terça-feira, 16 de abril de 2013

Maracanã: proposta de consórcio com Eike supera rival em R$ 26,4 milhões


Maracanã obras cobertura Copa 2014 (Foto: Genílson Araújo / Agência O Globo)
A Comissão Especial de Licitação apresentou nesta terça-feira os valores das propostas dos dois consórcios que disputam a administração do Complexo do Maracanã. A oferta que conta com a empresa IMX, de Eike Batista, é R$ 26,4 milhões superior à do outro concorrente. A concessão será de 35 anos, e o nome do vencedor ainda não tem data para ser revelado.

Durante a sessão no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, o primeiro envelope aberto foi do consórcio "Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro", que conta com as empresas OAS SA, Amsterdam NV (de origem holandesa) e Lagardère Unlimited (francesa): R$ 4,7 milhões por ano, em 33 parcelas (R$ 155,1 milhões no total).

Em seguida, o "Consórcio Maracanã SA", formado pelas empresas Odebrecht Participações e Investimentos,  IMX Venues e AEG Administração de Estádios do Brasil (de origem americana), apresentou a sua: R$ 5,5 milhões anuais, também em 33 parcelas (R$ 181,5 milhões).

De acordo com o governo, não há obrigação de a maior proposta ser a vencedora. Segundo a Comissão Especial de Licitação, a proposta técnica tem um peso 60, enquanto a oferta econômica tem um valor de 40 no processo. O vencedor passará a pagar o valor acordado a partir do terceiro ano do contrato.

Pelo edital de licitação, o "Valor de Outorga da Concessão a ser proposto por determinada Licitante não poderá ser inferior a R$ 4,5 milhões por ano". No edital está ainda a previsão de quanto o consórcio vencedor terá que gastar com investimento total no Complexo do Maracanã: R$ 594.162.148,71. "Caso o valor total efetivo das obras incidentais seja inferior ao valor estimado neste item, a diferença apurada reverterá em favor do Poder Concedente, mediante aumento do Valor da Outorga e pagamento proporcional nas parcelas vincendas, nos termos da Cláusula Décima Quarta do Contrato", diz o texto.

licitação estádio maracanã (Foto: André Durão / Globoesporte.com) 
Comissão de Licitação apresenta as propostas dos concorrentes (Foto: André Durão / Globoesporte.com)

A Comissão Especial de Licitação instituída para cuidar do processo é formada por Luiz Roberto Silveira Leite (presidente) e Angela Crespo (primeira-secretária), ambos da Casa Civil, e Sandra Vigné Lo Fiego, representante da unidade de PPP (parceria público-privada) da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).

Consulta pública e protesto pacífico

Um pequeno grupo de representantes do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas realizou um ato simbólico em frente ao Palácio Guanabara. Com faixas e um computador, eles lançaram um site para consulta pública sobre o processo de licitação do Complexo do Maracanã.

O ato acontecia no mesmo momento em que a Comissão Especial de Licitação abria os envelopes que as propostas técnicas e econômicas das propostas pela concessão do estádio.

Licitação Maracanã (Foto: Alexandre Durão) 
Faixa 'O Maraca é  nosso' volta a ser exibida por manifestantes na sede do governo (Foto: Alexandre Durão)
 
Na última quinta-feira, dois consórcios apresentaram propostas pelo Complexo do Maracanã. O "Consórcio Maracanã SA", formado pelas empresas Odebrecht Participações e Investimentos,  IMX Venues (de propriedade de Eike Batista) e AEG Administração de Estádios do Brasil (de origem americana), e o Consórcio "Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro", com as empresas OAS SA, Amsterdam NV (holandesa) e Lagardère Unlimited (francesa).

Uma confusão marcou a abertura dos envelopes lado de fora do Palácio Guanabara, quinta. Alguns manifestantes contra a licitação do Maracanã enfrentaram a polícia, que reagiu usando gás de pimenta e até armas de choque. Por causa do problema, o início do evento atrasou em quase uma hora e meia.

Vencedor terá que fazer investimento inicial de R$ 469 milhões

Há uma semana, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP/RJ) ingressou com ação civil pública para suspender a licitação. O órgão alega que diversas obras previstas no edital - como a demolição do parque aquático Júlio Delamare e do estádio de atletismo Célio de Barros - não são necessárias para a realização da Copa do Mundo, assim como os Jogos Olímpicos de 2016.

O MP/RJ também questiona a legalidade da participação da empresa IMX, de Eike Baptista, no processo de licitação, uma vez que foi ela a responsável pelo estudo de viabilidade da concessão. Segundo o órgão, todo o processo favorece a IMX, já que a empresa teve acesso a informações privilegiadas e exclusivas. A baixa rentabilidade do negócio para o governo do Rio de Janeiro é outro ponto abordado.

Como os clubes de futebol foram proibidos de participar diretamente do processo de licitação, a vencedora terá de negociar com pelo menos dois deles, como manda o edital. Caso a empresa não cumpra as exigências, o governo do Rio de Janeiro pode abrir nova licitação.

Protesto licitação maracanã (Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo)
De acordo com o edital de licitação, a vencedora também terá como compromisso a demolição do estádio de Atletismo Célio de Barros e do parque aquático Julio Delamare e a remodelação do Museu do Índio, que será o Museu Olímpico, localizados no complexo do Maracanã. No local, o concessionário terá que construir áreas de entretenimento, museus do futebol e olímpico e um amplo estacionamento. Além disso, terá de erguer centros esportivos de atletismo e natação nas proximidades do estádio.

Vale ressaltar que os valores da concessão não irão quitar os gastos com as obras de reforma do estádio, que ficaram em torno de R$ 850 milhões. Durante a Copa das Confederações deste ano, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o estádio será exclusivo dos organizadores dos eventos (Fifa e COI).

No ano passado, durante o lançamento do edital, as receitas e despesas do Maracanã foram estimadas pelo governo. Pelo estudo, o estádio vai gerar R$ 154 milhões por ano e terá um gasto de R$ 50 milhões. A previsão é de que os recursos investidos pelo concessionário sejam quitados em 12 anos. Com isso, o novo gestor teria lucro durante 23 anos do contrato, gerando R$ 2,5 bilhões.

Desde o lançamento do edital, em outubro do ano passado, todo o processo de licitação foi marcado por protestos e polêmicas. Na audiência pública para a aprovação do edital, em novembro, estudantes, índios e atletas revoltados com a demolição do Célio de Barros e do Júlio Delamare protestaram no Galpão da Cidadania, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, e impediram a realização do evento. Após quase três horas, o governo do Rio deu como encerrada a audiência, e o edital foi aprovado. Em março, após muito tumulto, foi necessário que o Batalhão de Choque da Polícia Militar entrasse em ação para desocupar o Museu do Índio.

Segundo os últimos dados divulgados pela Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), o Maracanã está com 95% da obra concluída. Recentemente, a cobertura foi totalmente instalada, assim como as duas traves no gramado. O primeiro evento-teste está marcado para 27 de abril, com a presença apenas de operários e familiares nas arquibancadas durante partida entre amigos dos ex-jogadores Ronaldo e Bebeto.




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