quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Paulo Chupeta avisa: ‘Queremos criar uma excelência na base do Flamengo’

Quando voltou de Franca e desembarcou no Rio de Janeiro, Paulo Chupeta apurou o olhar na esteira de bagagens do Galeão. Nem tinha mala para pegar, mas viu de longe um garoto chinês, alto, com pinta de jogador de basquete. Sem pensar duas vezes, abordou a família, bateu um papo rápido e, em menos de um minuto, estava tudo combinado: o menino faria um teste na base do Flamengo. É este o novo trabalho de Chupeta – um deles, aliás. Afastado do comando da equipe principal, o técnico vem se dedicando a percorrer um longo caminho: o que leva à revolução nas categorias menores. Disposto a fazer do Fla um centro de excelência para jovens talentos, o treinador sabe que a missão é árdua, mas nem por isso desanima: “Hoje estou trabalhando muito mais”, admite, em conversa com o GLOBOESPORTE.COM na van que o levou de Franca a Ribeirão Preto, onde pegou o voo rumo ao Rio.


GLOBOESPORTE.COM: Após deixar o time principal, como está sua rotina na Gávea? O que exatamente você tem feito com as categorias de base?
PAULO CHUPETA: Hoje estou trabalhando muito mais. Tenho que organizar tudo, escolher treinador, dar condições para eles, ver jogador para o clube. Queremos criar uma excelência na base do Flamengo, com sala de vídeo, estrutura, ajuda de custo para os garotos, e principalmente a parte da educação, que é uma preocupação minha. Queremos fazer do clube uma referência nacional. Hoje eu diria que estamos em 40%, mas até o meio do ano vamos melhorar muito. Vamos lapidando e mostrando para o clube que precisamos ter essas condições. Vamos buscar até atletas fora do Brasil, até porque não é interesse do Flamengo tirar jogadores das outras equipes do Rio. Senão você só muda o jogador de lugar, sem novidade nenhuma. E motivaremos os clubes a fazer o mesmo.

Você parece animado com o trabalho. Pensa em continuar nesse projeto? Ou aguarda alguma proposta para voltar a treinar um time adulto?
A motivação é muito grande, porque eu vim da base, então sei o que os técnicos passam. Se eu tiver condição de ajudá-los, vou dar o máximo. Agora, o tempo? Só o tempo vai dizer. É um trabalho gratificante revelar jogadores que podem até ser aproveitados em 2016.

O que aconteceu para você ser afastado do time principal? O que de fato aconteceu?
Olha, eu tive uma conversa muito franca com a Cristina Callou (vice de Esportes Olímpicos) e com a Patrícia Amorim (presidente), são pessoas de quem eu gosto muito. Acharam que, depois de seis anos com o mesmo grupo, estava desgastado. É como acontece num casamento. E elas acharam melhor dar uma mexida, para motivar o grupo, que é muito forte. Foi uma conversa amistosa e fraterna.

Esse desgaste foi mais de relacionamento pessoal ou um desgaste tático? O time já não respondia mais a você dentro da quadra?
Foi um desgaste de tempo mesmo, de convivência. As mensagens estavam se esgotando. É normal. Quando cheguei a Franca, encontrei o capitão (Marcelinho) e ele veio me dar um abraço. É um grande jogador, que eu vi crescer, gosto muito dele. Então foi isso que aconteceu. Estou muito feliz com a nova função, e não dei um adeus à torcida, só dei um até breve.

Você vinha sendo muito criticado ultimamente pela maneira de comandar o time e por apostar muito em determinados jogadores. Como você lida com as críticas?
Normalmente tento não dar muita atenção a essas críticas, e nem entro muito nos sites para saber. Tive muitos bons momentos no Flamengo, momentos vitoriosos. Muitos amantes do basquete me ligaram. Recebi apoio por e-mail, pelo Orkut, o Rio de Janeiro todo ficou em torno de mim. Temos que valorizar as coisas boas, as coisas ruins eu deixo de lado, porque só magoam a gente.



Nenhum comentário:

Postar um comentário