segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

"Envergonhado", Bandeira faz reunião com MP-RJ, que atribui responsabilidade ao Flamengo


Bandeira de Mello ao lado de Willeman, Eduardo Gussem e Glicia Crispim (Foto: Vicente Seda)
Bandeira de Mello ao lado de Willeman, Eduardo Gussem e Glicia Crispim 


 Terminou no fim da tarde desta segunda-feira a reunião solicitada pelo Flamengo com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Representado por seu presidente, Eduardo Bandeira de Mello, o Rubro-Negro teve um encontro com o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, a fim de encontrar solução para a violência no futebol, como a que marcou a final da Copa Sul-Americana contra o Independiente, da Argentina. As invasões, brigas, saques e tumultos antes, durante e depois do jogo, dentro e fora do Maracanã, ligaram o sinal de alerta. 

– O propósito da nossa visita parte do princípio de que estamos todos envergonhados com o que aconteceu, envergonhados como cidadãos. E ver que quase todos os vândalos, bandidos, usavam a camisa do Flamengo. Estamos profundamente consternados com isso. E os mais de 50 mil que compraram ingressos foram vítimas desses bandidos. Isso nos incomoda bastante – lamentou Bandeira, colocando-se à disposição para ajudar a buscar soluções e identificar os infratores pelas imagens: 
 
– Não estamos sugerindo soluções nesse documento. Relata e comprova todas as ações do Flamengo previamente ao jogo. Trouxemos elementos completos que provam tudo que o Flamengo fez para prevenir, alertar as autoridades, por tudo que vinha acontecendo: ameaças de invasão, milhares de argentinos no Rio sem ingresso... Então consta todas as ações no sentido de prevenir. Mas o objetivo de vir aqui foi nos colocar à disposição do MP e participar de qualquer ação para acabar com isso. 

Também participaram da reunião o vice-presidente jurídico do clube, Flávio Willeman, e a promotora de Justiça Glicia Pessanha Viana Crispim, integrante do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST/MPRJ), incumbido da prevenção e combate à violência nos estádios. Em entrevista coletiva, o procurador-geral lamentou o episódio e atribuiu a responsabilidade ao Flamengo, que era o clube mandante da partida.
– As imagens falam por si. São fatos lamentáveis. O presidente tem total consciência de que a responsabilidade antes, durante e depois dos jogos é do clube mandante, é importante que o clube assuma essa responsabilidade, e que os torcedores tenham consciência de que são partícipes desse espetáculo – disse Gusem, complementando:
– Vamos analisar cuidadosamente esse dossiê que estamos recebendo e vamos tomar todas as medidas cabíveis. Não somente o MP, mas todas as autoridades responsáveis por apurar esses fatos. O presidente já mostrou sua preocupação em elucidar e também com casos futuros. Temos de combater a violência em estádios com energia. O crime organizado tem se infiltrado, e nesse sentido que o MP atuará – disse, sem descartar perícia no Maracanã, mas isentando o estádio:
– O problema não foi o estádio, o Maracanã está acima da média.
Glicia, por sua vez, reforçou que foram oito mil invasões em média e não descartou suspensão de torcidas e prisão de quem for identificado. Depois de encontro com Ministério Público, o Fla vai até o Governo do Estado para procurar soluções também em conjunto com a Secretaria Estadual de Segurança (Seseg). O Rubro-Negro ainda vai contratar consultoria especializada em segurança.

Confira outros trechos da coletiva de Bandeira:

Eduardo Bandeira de Mello segue atrás de solução para combater a violência (Foto: Fred Gomes)

O QUE FALTOU?
Exatamente isso que temos de apurar. As autoridades policiais vão endereçar essa questão. Gostaria apenas para dizer que não estamos acusando simplesmente, gostaria de ressaltar o apreço que tenho pelo trabalho do Gepe, o major Silvio Luiz. Apesar de trabalhar com condições adversas, ele faz um trabalho para combater isso e eles vêm sendo verdadeiros heróis 

INGRESSO FÍSICO X CARTÃO
Comprar ingresso em cartão é uma prática que existe no mundo todo, evita cambismo, falsificação, não deve ser reprimido, deve ser estimulado. É uma discordância que temos com o Gepe em relação ao ingresso físico. Mas isso tudo inclui rediscutir essa questão, não só a questão das barreiras mas também reprimir cambismo e falsificação 

RECIBO COMO SOLUÇÃO?
Podemos estudar, de repente emitir um recibo que a pessoa pagou, principalmente nesses jogos em que há essa ameaça. O Flamengo está disposto a colaborar. A tragédia já aconteceu, os documentos demonstram que o Flamengo tentou tomar todas as medidas, mas não significa que a gente não possa discutir outras medidas 

ADEUS AO MARACANÃ?
Tudo o que for discutido, vamos avaliar. Espero que isso não seja necessário, o Maracanã sempre foi a casa do Flamengo, o clube inclusive sempre se candidatou a ser concessionário no estádio. Isso que o Fred (Luz) falou é uma medida extrema, que pode vir a ser adotada ou não, mas se for, claro que o Flamengo vai respeitar. 

DEFESA NA CONMEBOL
Tudo isso será encaminhado à Conmebol, talvez em outro formato, porque será uma peça jurídica. Mas tudo isso será parte da peça de defesa. 

RESPONSABILIDADE DO CASO
Isso é o que diz a legislação e temos de respeitar. Garanto a você que o Flamengo jamais imaginou que uma ação sua poderia gerar aquela tragédia, e o Flamengo jamais fugirá às suas responsabilidades. Entendo que o que trouxemos aqui é um atenuante importante. São vários atores, tem de avaliar a culpa de cada um. 

NEGLIGÊNCIA NO PLANEJAMENTO?
Com certeza está aí o documento que encaminhamos alertando para isso (pessoas sem ingresso do lado de fora e invasão). Mas não vou julgar se houve negligência, o Estado passa por uma situação complicada, as autoridades competentes é que precisam avaliar isso.

Reunião com a Conmebol

Nesta quarta, no sorteio da Libertadores, Bandeira predente se reuniar com Conmebol  (Foto: Reprodução / Twitter)

O Flamengo tem até esta quinta-feira, às 18h, para enviar sua defesa por escrito para a Conmebol por causa dos incidentes. A defesa do Flamengo precisa ser encaminhada ao Tribunal de Disciplina da entidade, que irá analisar as provas do caso para decidir se marca ou não uma sessão com o clube, que pode ser punido. A entidade, porém, entra em recesso no dia 22 de dezembro e volta a trabalhar no dia 7 de janeiro. A definição só deve sair em 2018. 

Alguma punição no comitê disciplinar da Conmebol - com restrições no mando de campo - é de certa forma esperada. O Rubro-Negro vai apresentar defesa por escrito até o dia 21 de dezembro e vai mostrar que pediu providências à Polícia e ao Governo do Estado. O presidente Eduardo Bandeira de Mello chega a Assunção nesta terça-feira, para o sorteio da Libertadores. 

De maneira informal, previamente, quer conversar com dirigentes da Conmebol. Vai expor as medidas prévias e o que está sendo feito a partir da final da Sul-Americana. O clube anunciou no último domingo o corte do plano de sócio que beneficiava as torcidas organizadas.


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